Scaloni e Deschamps reconstroem seleções de Argentina e França no caminho da final da Copa do Mundo

Por lesões ou opção, os técnicos de Argentina e França realizam ajustes nas equipes antes e durante a Copa do Mundo do Qatar e são destaques nas campanhas

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Argentina e França confirmaram as expectativas e decidirão a Copa do Mundo do Qatar. Se em campo as seleções são comandadas por Messi e Mbappé, fora das quatro linhas são Lionel Scaloni e Didier Deschamps que lideram as equipes. Na campanha até a decisão, os técnicos tiveram papéis fundamentais, encontrando soluções e fazendo os ajustes necessários para os países chegarem à decisão deste domingo, no Estádio Lusail, sonhando com o tricampeonato mundial.

Em diferentes contextos, tanto Scaloni quanto Deschamps fizeram alterações, e as seleções de Argentina e França chegam à decisão com equipes diferentes das que eram consideradas titulares no início do Mundial. Méritos dos treinadores que trabalham com talentosas e jovens gerações.

SEM SE PRENDER EM CONVICÇÕES, SCALONI FAZ A DIFERENÇA

​Antes da Copa do Mundo começar, Lionel Scaloni soube que não poderia contar com Lo Celso, um dos principais articuladores da Argentina, por causa de uma lesão. Após a convocação para a disputa da Copa do Mundo, o treinador precisou cortar os atacantes Joaquín Correa e Nico González, uma vez que não estavam 100% fisicamente.

Na estreia na competição, a principal dúvida era sobre o substituto de Lo Celso. Procurando mexer pouco na formação da equipe, Scaloni optou pela entrada de Papu Gómez. No entanto, o veterano não teve o efeito esperado no time, e a derrota diante da Arábia Saudita ligou o sinal de alerta na Albiceleste.

Scaloni e Messi vem fazendo a diferença para a Argentina (Foto: Juan Mabromata/AFP)

Após a decepção na estreia, Lionel Scaloni promoveu cinco mudanças para o confronto contra o México. E desde então, o treinador da Argentina alterou esquemas, peças e fez questão de não repetir escalações até a semifinal. A equipe que entrava em campo era a melhor para jogar contra o rival da vez.

Sem se prender em convicções, o comandante colocou no banco de reservas Lautaro Martínez, artilheiro no ciclo da Copa do Mundo, e optou pela entrada de Julián Álvarez, jovem atacante do Manchester City que já soma quatro gols na competição. Dessa forma, o treinador moldou a melhor Argentina em busca do tricampeonato.

Deschamps apostou em Rabiot no meio de campo (Foto: Franck Fife/AFP)

DESCHAMPS SOBREVIVE AOS DESFALQUES E RECONSTRÓI A FRANÇA

Kimpembe, Nkunku, Maignan, Pogba, Kanté, Benzema...Os vários desfalques dificultaram a missão de Didier Deschamps desde a convocação final. Com 10 remanescentes do título de 2018, o técnico fez apostas e teve decisões contestadas, como levar nove zagueiros e apenas um lateral-direito na lista de 26. As escolhas, até agora, foram fundamentais para a França voltar à decisão do Mundial.

No aspecto tático, Deschamps deixou o sistema com três zagueiros para trás e voltou à linha defensiva com quatro homens. Logo na primeira rodada, contudo, perdeu os laterais: Lucas Hernandez, lesionado, e Pavard, em "má fase", segundo o técnico. Então, apostou em Theo na esquerda, com características mais ofensivas do que o irmão, e Koundé na direita. O zagueiro improvisado reequilibrou a defesa, enquanto Theo faz ótima Copa como dupla de Mbappé.

O meio de campo e o ataque também foram reconstruídos para e durante o Mundial. Com Dembélé e Mbappé abertos e Giroud como referência, Tchouaméni, Rabiot e Griezmann dão sustentação ao setor. Diferente de 2018, quando atuou no 4-4-2, a formação deu maior responsabilidade a Griezmann, destaque da França pela segunda Copa consecutiva, mas em função distinta. Já os dois volantes, com as responsabilidades de substituírem Pogba e Kanté, também fazem grande Mundial.

Apesar dos ajustes e soluções encontradas por Deschamps para o Mundial do Qatar, os vários cortes tiveram seu peso. O elenco francês não tem a profundidade desejada, e os sinais foram dados pelo treinador. As quartas de final e a semifinal foram os maiores desafios na Copa, e o técnico fez apenas uma substituição contra a Inglaterra e duas contra Marrocos, respectivamente.

Theo Hernández é um dos destaques da França (Foto: Adrian Dennis/AFP)

TRAJETÓRIAS DISTINTAS ATÉ O QATAR

A diferença de idade entre Deschamps, de 54, e Scaloni, de 44, é apenas um detalhe se olharmos os currículos dos dois no futebol. O argentino fez carreira no futebol europeu, atuando nas principais ligas por duas décadas. Contudo, com bem menos destaque do que o francês supercampeão na Juventus (ITA) e com passagens importantes por Nantes, Olympique de Marselha e Chelsea (ING).

Em termos de seleção, a comparação é ainda mais distante entre os jogadores. O ex-volante Deschamps foi campeão do mundo em 1998 e é um dos nove atletas com mais de 100 jogos pelos Bleus. Já o ex-lateral-direito Scaloni tem apenas sete atuações pela Argentina. Além do histórico como atleta, Deschamps chegou ao comando da França após trabalhos vitoriosos por Mônaco, Marselha e Juventus, assumindo a seleção em 2012. Hoje, é o técnico mais longevo após chegar ao ápice em 2018, entrando para a seleta lista de campeões mundiais como jogador e treinador.

A ascensão de Scaloni é, por outro lado, meteórica. Com experiências apenas como auxiliar técnico no Sevilla, na Espanha, e das seleções Sub-20 e principal da Argentina, foi alçado ao comando do time em 2018. Inicialmente, de forma provisória. Os resultados e o desempenho da equipe deram tempo para que chegasse à Copa do Mundo do Qatar como o técnico mais jovem da competição.

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