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O herói de poucas palavras: Akinfeev não vê futebol e quer ‘nova história’

Goleiro da Rússia diz não ter estudado batedores da Espanha, não viu pênaltis da rival Croácia e 'enterra' festa de domingo após ter unido até torcedores rivais em Moscou

Akinfeev, o herói da Rússia contra a Espanha
imagem camera(Foto: JUAN MABROMATA / AFP)
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Lance!
Enviado especial a Moscou (RUS)
Dia 03/07/2018
07:57
Atualizado em 03/07/2018
11:08

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Dois dias após tornar-se o herói que proporcionou um carnaval na Rússia, Igor Akinfeev apareceu na sala de imprensa do CT da seleção, em Moscou. Um herói de poucos sorrisos e poucas palavras, já concentrado na nova decisão que o time da casa tem pela frente na Copa do Mundo, no sábado, contra a Croácia. Foram poucos minutos de declarações. Frieza que contrasta com a quente festa dos torcedores russos que vararam a madrugada de domingo para segunda-feira gritando "Rússia! Rússia" e "Igor, Igor Akinfeev!" pelas ruas do país.

- Eu quero falar da seleção russa. Fizemos a festa a noite toda, mas já é história. Temos de escrever nova história. Agora é treino e treino - afirmou o goleiro.

De fato, a Rússia já fez história. Desde que deixou de jogar a Copa do Mundo como União Soviética, em 1994, o país faz sua melhor campanha ao chegar às quartas de final. A URSS jogou a semifinal pela última vez na Copa de 1966, na Inglaterra, onde perdeu da Alemanha e ficou em quarto lugar. Mas Akinfeev não vai falar nem um pouco dos dois pênaltis que pegou contra a Espanha?

- Vamos nos concentrar no próximo jogo, por favor - pediu o goleiro, que defendeu as cobranças de Koke e Aspas na disputa de penais após o empate em 1 a 1 nos 120 minutos no Lukniki, palco da final da Copa de 2018.

A cada rua que se entrava na região central de Moscou no domingo, a cada estação de metrô, a cada bar, o grito de "Igor Akinfeev" ecoava. Jogador do CSKA (RUS) desde que profissionalizou-se, em 2003, o goleiro de 32 anos conseguiu unir torcedores até do maior rival, Spartak, a apoiá-lo, algo inusitado para um atleta odiado pelos adversários. "O dia em que até os torcedores do Spartak amam Akinfeev" foi a publicação de um site russo no domingo, listando inúmeras postagens de fãs russos nas redes sociais.

- Bom, bom que gritam. Todos queríamos que o país estivesse em festa - afirmou, mais uma vez curto e grosso, o herói da classificação da Rússia.

Akinfeev diz não ter feito treinos especiais ou análises dos batedores da Espanha antes da decisão nas oitavas de final. Sorte, diz o goleiro, que dividiu os méritos com os jogadores que converteram as penalidades. A Rússia acertou as quatro penalidades que bateu e venceu por 4 a 3.

- Por sorte eu peguei, mas também temos de falar de Cheryshev, Golovin e os outros que bateram. Mas muitas vezes é uma loteria, peguei um com uma perna e um com braço. Não trenei. Nosso time esperava ganhar no tempo normal - contou o goleiro, que pode observar os batedores da Croácia, seleção classificada também nas penalidades contra a Dinamarca. Se ele quiser...

- Pessoalmente falando, realmente não vejo futebol. Vi um pouco (do jogo), mas não vi de maneira concreta e nem os pênaltis - disse Akinfeev.

O goleiro de poucas palavras, ao menos no campo, tem na ponta da língua o que a Rússia precisa fazer para ir além. Com bola rolando, nada frieza...

- O mais importante é que temos mostrado alma e coração neste torneio, o torneio mostra que estamos fazendo isso - disse o herói russo.

Akinfeev é conhecido na imprensa russa por dar poucas entrevistas. Não falou nem à mídia local no domingo. Entre os companheiros, no entanto, o que importa é o desempenho em pênaltis, algo já notável em jogos do CSKA.

- Não gosto de fazer prognósticos, mas no último jogo, quando foi para os pênaltis, comentei com os colegas que o Akinfeev é uma máquina - destacou o meio-campista da seleção, Yuri Gazinsky.

A Rússia trabalha em sua base, na região metropolitana de Moscou, até quinta-feira, quando viaja para Sochi, local da partida de sábado contra os croatas. Será a primeira vez que seleção irá jogar na cidade turística do país.

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