Inglaterra ‘peita’ a Fifa e abraça causa LGBTQIA+ durante a Copa do Mundo
Sede do Mundial, o Qatar considera a pretica homossexual como crime
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A seleção da Inglaterra abraçou a causa LGBTQIA+ e pretende tomar diversas atitudes em apoio à comunidade durante a Copa do Mundo. No Qatar, país sede do Mundial, a prática homossexual é considerada infração à lei e as penas variam entre prisão e até morte, em algumas regiões.
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A primeira ação de repúdio por parte dos ingleses foi ter chegado ao local da Copa em uma aeronave da companhia ‘Virgin Atlantic’ chamado ‘Rainbow’, que significa arco-íris na língua inglesa. O avião levava o símbolo em sua pintura.
O English Team promete, inclusive, peitar a Fifa, organizadora do torneio. A ideia é que o ídolo e capitão da seleção inglesa, Harry Keane, utilize a braçadeira com a marca da campanha ‘OneLove’, criada neste ano, durante a Liga das Nações, para promover a inclusão, alertando e combatendo a discriminação de práticas homoafetivas.
- Nós, capitães, competimos em campo, mas juntos lutamos contra todas as formas de discriminação. Isso faz ainda mais sentido em nossas sociedades divididas. A braçadeira enviará uma mensagem clara enquanto o mundo nos assiste - escreveu o atacante e capitão da seleção inglesa Harry Keane nas redes sociais durante o último mês de setembro.
A entidade máxima do futebol não permite que os uniformes levem mensagens comerciais, políticas ou ideológicas, o que seria passível de multa. Ainda assim, a Inglaterra e o próprio Keane estão engajados na campanha em defesa da causa LGBTQIA+ e prometem não recuar sobre a isso. A FA, que é a Federação Inglesa de Futebol, tem dado apoio para que as ações sejam colocadas em prática. Já o centroavante dos Três Leões tem se posicionado como grande voz em defesa da pauta.
E não é só a Fifa que a seleção inglesa vai ‘peitar’, mas as ações de combate a discriminação homossexual vão de encontro à declaração dada pelo ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, que pediu para que os torcedores ingleses que vão ao Qatar tenham ‘flexibilidade e compromisso por uma Copa apaixonante’. Para ele, terá que haver respeito com as leis do país anfitrião.
THREE LION PRIDE
A Copa do Mundo do Qatar é a segunda consecutiva a ser realizada em um país que possui certas restrições às práticas homossexuais. Em 2018, a Rússia também tinha, principalmente na região da Chechênia. Pouco antes, os amigos Joe White e Di Cunningham criaram o movimento ‘Three Lions Pride’, que significa Orgulho Três Leões (uma das alcunhas da seleção inglesa). O grupo foi um braço do Pride in Football, aliança entre torcedores LGBTQIA+ de diversos clubes do Reino Unido.
Joe e Di foram até a Rússia e lá começaram, de vez, o movimento voltado à seleção. A dupla foi bem recebida, tanto pelos ingleses que estavam no país, como pelo público russo em geral. Tiveram alguns incidentes de discriminação, mas pouco pelo que esperavam. Elas também contaram com o apoio de diversas pessoas que ajudaram na estrutura para manifestações, instalações de bandeiras em locais mais visíveis para aparecer nas transmissões etc. Passado o Mundial de quatro anos atrás, o movimento ganhou centenas de adeptos.
No entanto, o grupo não deve ir ao Qatar, pois não vê sinais de ‘relaxamento’ das medidas discriminatórias, como havia no território russo. Ainda assim, Cunningham agradeceu aos capitães das seleções que abraçaram a causa LGBTQIA+.
Por outro lado, a co-fundadora dos Three Lions Pride criticou o ex-capitão da seleção inglesa David Beckham, considerado um grande aliado do movimento, mas que se tornou embaixador da Copa no Qatar.
- Uma das dificuldades é ter pessoas pegando dinheiro para promover o Qatar e a Copa do Mundo. Estou tão desapontado porque nós do futebol colocamos David Beckham em um pedestal, como um grande aliado. Então, acontece que ele está ganhando muito dinheiro para ser embaixador desta Copa do Mundo , e isso é incrivelmente decepcionante - destacou Cunningham durante entrevista coletiva realizada na 'Sport & Rights Alliance', coalizão global em defesa das ONGs e sindicatos, na semana passada.
Além da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, País de Gales e Suíça vão aderir ao movimento 'One Love'. Inicialmente, a França também iiria, mas o goleiro Hugo Lloris, que é capitão dos 'Bleus', disse que não utilizaria a braçadeira por ‘respeito à cultura local’.
Os Estados Unidos, que está no grupo B da Copa, junto com Inglaterra e País de Gales, também abraçará a causa, instalando as bandeiras do movimento na porta do alojamento e nos centros de imprensa, mas não levarão a marca no uniforme.
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