Kyle Walker mantém sina de quebrar paradigmas e está apto para estrear pela Inglaterra na Copa
Lateral passou por cirurgia há menos de dois meses, mas está apto para estrear na Copa do Mundo contra os Estados Unidos
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O corpo do lateral-direito Kyle Walker já dava sinais que algo não estava muito bem quando no início de setembro começaram as primeiras dores na região da virilha durante uma partida da sua equipe, o Manchester City, contra o Aston Villa, pela Premier League. Ainda assim, o jogador se manteve ativo, como sempre foi, inclusive sendo convocado e participando dos dois últimos jogos pela seleção da Inglaterra antes da Copa do Mundo, contra Itália e Alemanha, pela Liga das Nações.
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Quando retornou ao clube que atua, o estopim do problema físico: no fim do primeiro tempo do clássico contra o Manchester United, também pelo Campeonato Inglês, o atleta rompeu a virilha. Dois dias depois, em 4 de outubro, passou por cirurgia.
Do momento em que entrou no centro cirúrgico até a data marcada para a estreia da seleção inglesa na Copa do Mundo a diferença era de 48 dias. Para a maioria das pessoas, tempo insuficiente para que o lateral dos citizens se recuperasse a tempo da disputa do Mundial. Mas Walker nunca deixou de acreditar.
Para o jogador, disputar a Copa pela segunda vez seria a realização de um sonho, principalmente porque há quatro anos ele viu a chance de conquistar o planeta pelo seu país escapar entre os dedos, ao ser derrotado na semifinal pela Croácia já na prorrogação, no Mundial disputado na Rússia. Então, o atleta se dedicou a fazer algo que estava acostumado não só desde o início não só da carreira, mas também na vida: contrariar prognósticos.
Filho de um pai jamaicano e de uma mãe inglesa, Kyle Walker passou a infancia e início da juventude em uma comunidade na cidade de Sheffield, ao sul de Yorkshire, onde ainda criança presenciou um incêndio criminoso e um suicídio que ficarma marcados em sua memória.
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- O fogo estava forte e também alguém se pendurou na escada que eu estava subindo. Eles foram os que ficaram na minha mente. Alguém se enforcou, eu não o conhecia, tinha 12 ou 12 anos. Não o vi se enforcar porque a polícia bloqueou. Era bem ao lado da minha casa. Alguém jogou gasolina pela porta e um fósforo, e pronto. As crianças saíram, os zeladores pegaram alguns cobertores, a mãe jogou-os fora, mas ela era uma senhora grande e não poderia sair - relembrou o lateral-direito.
- Eu não diria que é parte integrante do crescimento, porque ninguém deveria passar por isso. Isso me moldou em que eu sou. Acho que o seu caminho está escrito para você experimentar certas coisas na vida, e eu tive que passar por alguns contratempos, certas dúvidas e altos também, que consegui no Manchester City. Seu caminho está escrito para você e o que for, será - acrescentou.
LESÃO E RECUPERAÇÃO
Com a lesão na virilha, a tendência era que Walker fosse cortado da disputa da Copa do Mundo, assim como outros companheiros de laterais, como Reece James e Ben Chilwell. Porém, ele via chances de recuperação a tempo e se apegou nisso.
Além de pagar o preço na parte física, também foram dias difíceis no aspecto mental. Kyle Walker fazia recuperação até tarde no complexo esportivo do Manchester City e constantemente fazia perguntas aos fisioterapeutas e profissionais que o ajudaram a realizar o sonho de jogar o segundo Mundial pela Inglaterra.
- Eu constantemente perguntava aos fisioterapeutas o que eles sentiriam se outra pessoa tivesse aquela lesão? Se estariam bem, se seriam capazes de fazer isso? Foram dias longos, posso garantir. Saía do City às 19h, 20h. Queria ter certeza de que tinha condicionamento e força na virilha para, com sorte, participar desta Copa do Mundo. E aqui estou eu - ressaltou o jogador inglês.
Em 11 de novembro, no momento que a lista de convocados da Inglaterra para o Mundial foi divulgada com Walker entre os presentes, bastante gente não acreditou. Porém, muitos também não criam que o garoto de uma comunidade de Sheffield pudesse se tornar o lateral mais caro do mundo, quando em julho de 2017 o Manchester City pagou 45 milhões de libras (R$ 187,6 mi, na cotação da época) para tirá-lo do Tottenham.
- Quando assinei com o Manchester City disseram: ‘Não acredito que pagaram tanto por um lateral’. Isso me dá essa motivação, e eu gosto de mostrar às pessoas. Talvez seja a minha educação. Onde eu cresci, você tinha que sobreviver - externou Kyle.
Como não entra em campo desde o dia 2 de outubro, Kyle Walker foi ausência no primeiro jogo da Inglaterra na Copa do Mundo, na última segunda-feira (21), quando o English Team goleou o Irã por 6 a 2. O lateral do City até fez o aquecimento com o elenco no gramado e ficou no banco de reservas, mas já sabia que não entraria em campo .
A liberação plena do jogador pelo departamento médico se deu em 17 de novembro, dia seguinte à chegada da delegação inglesa ao Qatar. Ele foi avaliado pelos profissionais de medicina da equipe nacional e recebeu aval para treinar com o grupo. Ainda assim, o início dos trabalhos foram para recondicionar a parte física.
Ainda não se sabe se o lateral do Manchester City iniciará o duelo desta sexta-feira (25), contra os Estados Unidos, entre os titulares ou Kieran Trippier, do Newcastle, sairá jogando, como foi contra a seleção iraniana. Essa decisão, Walker deixa totalmente nas mãos do técnico Gareth Southgate, mas o atleta garante: ‘se sente bem’.
- Estou em forma, treinando há duas semanas e me sinto apto. Você pode replicar o que faz em dia de jogo? Claro que não posso. Eu e o fisioterapeuta, eu e o preparador físico, não podemos fazer um 11 contra 11. Podemos fazer o máximo que pudermos antes de treinar e chutar uma bola. Então, eu me sinto bem. Obviamente, o técnico tem uma decisão difícil de tomar ao ter que escolher 11 entre 26 jogadores - destacou o lateral-direito.
Aos 32 anos, Kyle Walker tem em seu currículo quatro títulos da Premier League pelo Manchester City, mas sonha em levantar uma taça com a seleção inglesa. Além de ter chegado até a semifinal da Copa do Mundo em 2018, o atleta também esteve presente no vice-campeonato europeu dos Três Leões, no ano passado, quando perderam a decisão nos pênaltis para a Itália. Walker foi considerado o melhor lateral-direito da competição.
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