Pool da Copa: ‘A arma ultrasecreta do Uruguai’
Pablo Benítez, do El Observador, mostra o talento desconhecido do goleiro Muslera
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Forte nas bolas tranquilas e dono de um estilo vertical em que as ofensivas são canalizadas o mais rápido possível, o Uruguai sempre consegue encontrar o gol. ENão tem uma ampla gama de recursos ofensivos e geralmente enfrenta equipes que lidam mais com a bola. Mas sabe-se que sem a bola também há quem saiba jogar. E também vencer.
Esta Copa do Mundo tem exemplos de sobra: Espanha, Alemanha, Argentina, Portugal e México foram eliminados na fase de grupos ou nas oitavas-de-final, apesar do respeito pela bola. Mas o futebol sabe de muitas receitas e formas. E o Uruguai tem o seu próprio, com características marcantes de identidade.
Defesa extrema, ataque vertical, posses curtas, transições rápidas. Ferocidade nas bolas paradas. Adaptabilidade para o jogo aberto. Não há qualquer atacante capaz de jogar e gerar o que Luis Suárez gera quando é abastecido por longos lançamentos. Nem mesmo Edinson Cavani tem essa habilidade.
Isso nasce nos goleiros. Nos campos pavimentados do futebol de base, onde bater é uma necessidade vital antes que o risco de um mal-humorado traia a intenção do jogo. Outro jogador muito capaz de segurar com o corpo, baixar ou virar é Maximiliano Gómez. No Defensor Sporting ele se cansou de fazer gols e gerar um jogo de pivô e depois voltar para a área.
Com qualquer bola longa, o Uruguai pode marcar. E lá no fundo, bem no fundo, há um especialista em colocar bombas calibradas com precisão de GPS: Fernando Muslera.
O segundo gol de Edinson Cavani contra Portugal no sábado parece casual, mas não é. O zagueiro Pepe vai em frente para cortar e falha no cálculo. Em vez de avançar sozinho contra uma defesa desarticulada, Rodrigo Bentancur vê o espaço aberto e filtra um passe com um selo de crack. Cavani se consagra.
O gol levou todos os uruguaios de volta ao Brasil em 2014. Nos minutos finais do Uruguai x Inglaterra em São Paulo. Lá, Muslera colocou a bola para correr até Suarez e quem falhou foi Steven Gerrard, errando a cabeçada. Suarez, sonhando com coisas malucas, já imaginara tudo. Balançou as redes de Joe Hart. Muslera confessou então que esta jogada era fruto de tentativa e erro constante no treinamento.
Entre todas as defesas e a segurança que oferece, talvez passe despercebido que o goleiro do Galatasaray seja um excelente lançador, principalmente por baixo, e também tenha uma ótima técnica com os pés.
Não em vão, fruto do seu passe, o Uruguai acrescentou a Portugal o seu sexto gol após um longo remate de Muslera. A essa figura é adicionado outro gol alcançado em um amistoso contra o Japão, em que Juan Castillo marcou. Contra Portugal e Inglaterra, numa Copa do Mundo, houve a ajuda involuntária de dois defensores rivais.
* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.
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