Pool da Copa: ‘Cavani e as lágrimas do sacrifício’
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O mundo parecia espantado. O homem chorou emocionado. Não segurou as lágrimas quando imaginou as pessoas em seu país. E enquanto as lágrimas secavam, longe de onde Cavani expressava seu maior sentimento, os habitantes do pequeno Uruguai conquistaram as ruas.
Desafiando o nevoeiro, eles saíram para expressar sua felicidade. Mais uma vez a incrível camisa do Uruguai deu-lhes um instante de felicidade.
Cavani, um dos melhores jogadores do mundo, não caiu no que ele gerou. O imaginava. Depois de tantos anos na seleção, há imagens que não são apagadas da sua mente.
Entrar no ônibus da equipe nacional e ir em direção ao Centenário não é para todos. Você tem que ter um temperamento especial para não se deixar ser governado por tantas demonstrações de fidelidade. Pessoas em cadeiras de rodas, avós com uma bengala levantando as mãos, crianças chorando nos braços de seus pais, pessoas com uma bandeirinha humilde que não tem dinheiro para ir à festa e sua festa é ver o ônibus passar e dizer olá. É comovente. Como se comoveu assistindo a repescagem na televisão.
Sua esposa naquela época havia perdido um filho. Tabárez não o havia convocado para a repescagem. Ele chorou sozinho, na escuridão de sua casa. Mas como Edi é o filho do sacrifício, ele não se entregou.
Sua carreira foi construída com base em sacrifícios puros, à sombra de outras figuras da época que, sem tentar ofuscar seu caminho, o fizeram. Ele era contemporâneo de seu compatriota Luis Suarez (na seleção), do sueco Zlatan Ibrahimovic e do brasileiro Neymar (estes dois últimos no PSG), com tudo o que implica para o atacante dividir o campo e o ego com figuras que não mais brilham sua qualidade de futebol, mas por causa do marketing e popularidade que eles desenvolveram.
Sua história na seleção é conhecida. Ele chegou como apenas mais um no time que foi para a África do Sul. Era um substituto. Embora tenha sido o goleador do Palermo da Itália, o número 9 foi de Suarez, que fez o seu caminho para uma corrida histórica com a Celeste. Cavani aceitou ser o quarto meio-campista do lado de fora, à direita, ele assumiu o sacrifício de ir e vir no campo como se sua arte no campo passasse por outros aspectos quando na verdade ele estava lá para o gol.
Na sombra de Suarez e com o apoio do presidente de Palermo, que afirmou que ele deveria jogar como artilheiro e não como ala, porque ele era o artilheiro da Itália, ele se bancou, e ele não deixou mais a equipe. Sempre foi o atacante de sacrifício. Ele foi e veio no seu lado do campo. Ele cobriu espaços, colaborou na defesa.
Na Copa do Mundo de 2014, ele recebeu um novo e surpreendente papel. Tratava-se do gerador de jogos dos rivais, o inglês Gerrard e o italiano Pirlo. Ele os pressionou quando eles fizeram contato com a bola. Ele cumpriu a tarefa perfeitamente.
Levou tempo para as pessoas entenderem. Claro, eles olharam para os gols que Cavani marcou em seus clubes e não repetiu na seleção. Ninguém deu nada por aquele homem que no sábado chorou antes das câmeras. Cavani era um portador padrão de sacrifício.
Oscar Tabarez gosta de citar e dar o exemplo do trabalho de abelhas e formigas e fica surpreso que nenhuma formiga jamais ocorra como rainha. Eles trabalham para e pelo coletivo. Como Cavani faz da sua humildade. Isso fez com que os habitantes do incrível Uruguai saíssem para a rua e isso o fez chorar de emoção pensando em seu país.
* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.
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