Pool da Copa: ‘Do sonho ao pesadelo’

O jornalista Diego Macias, do 'Diário Olé', analisa a derrota da Argentina para a França pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Os argentinos se despedem da competição

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A dor de ser dominado. A dor de ver um ciclo terminando para vários jogadores. A dor de ver milhares de torcedores que fizeram o que só uma torcida pode fazer para estar com a seleção. A dor de que Messi não foi Messi. A dor de uma equipe que não apareceu. A dor de saber que quando a diferença de nível é tão grande, não se alcança com atitude. A Argentina se despediu do Mundial quase esmagada pela França, em uma partida em que fomos rapidamente do sonho para o pesadelo.

Às vezes, o diagnóstico serve apenas para saber o quanto você pode sofrer. Você sabe qual é a receita, mas se ela não der a você o cumprimento literal, ela pode se tornar uma crônica de uma morte anunciada. E o jogo começou como a França sonhou, com um erro de passe preocupante no meio e um show de um Mbappé escancarando a falta de velocidade argentina, diante da imponente aceleração francesa. Banega dormiu em um rebote e o 10 francês começou a correr. Engatou a quinta marcha e ninguém conseguiu agarrar, até que Rojo o derrubasse. O gol era apenas o primeiro sinal. Foram muitos minutos que se converteram em um baile.


Argentina perdida com um Messi perdido, mais de "falso 8", do que "falso 9". Não teve jogo de Banega, Di María fez um de seus piores jogos, Pavón correu, mas a bola não chegava, Mascherano sempre correu em desvantagem... Sempre deu a impressão que eles estavam perto de marcar o terceiro gol antes do segundo. Mas o futebol tem essas coisas que só o futebol tem. Um jogador que estava para ser substituído urgentemente fez um gol de outro planeta. Di María rompeu a inércia.

Como o segundo gol da Argentina, de Mercado, no início do segundo tempo afetaria os franceses? Nada, não os afetou em nada. Eles deixaram a falta de experiência no vestiário e continuaram com esse jogo de velocidade e precisão no meio, com um Mbappé que voava, com um Giroud que abria espaços para todos, com um Pogba jogando o fino e um Griezmann em segundo plano, mas que preocupava. 11 minutos para devolver a sensação de dor. Três gols em uma explosão que cumpriu o diagnóstico inicial ao pé da letra.

As pessoas, milhares de argentinos que foram ao estádio tentaram reviver uma equipe que sabia o que poderia acontecer se não seguissem a receita ao pé da letra. Nesse diagnóstico era necessária uma precisão extrema para que a velocidade da defesa para o ataque da França não fosse incontrolável. A França espantou rapidamente o temor a Messi, quando viu que, ainda que Messi pudesse aparecer, os franceses tinham a chances de meter os gols que quisessem na Argentina. O gol de Agüero, agonizante, nos deu uma vida para uma última jogada, que não veio.

A Argentina se despede do Mundial com uma imagem pobre. Dominados em vários momentos pela França, sem a explosão de sua estrela e sabendo que é o fim do ciclo da maioria. Se livraram de um papelão pela atitude para ganhar da Nigéria, em meio a um vendaval de problemas internos. Esse triunfo foi um alívio, uma ressurreição geral, um "começaremos de novo" que não veio. Argentina - Brasil de 1990 aparece uma vez a cada tempo e não seria a Rússia o lugar para um milagre. Do sonho do empate, do grito de Mercado no 2 a 1, para esse pesadelo que nos golpeou no coração.

* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.

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