Ramos x Piqué? Eternos rivais de Real e Barça se unem pela seleção
Queda de Lopetegui e chegada de Hierro aproximou Sergio Ramos e Gerard Piqué, líderes que representam Real Madrid e Barcelona no elenco - que colecionam farpas e discussões
Poucos clássicos no mundo são tão acirrados quanto Real Madrid e Barcelona nos dias atuais. Mas esqueça ícones como Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi. Os principais nomes dessa rivalidade estão na defesa e carregam a liderança como característica. Sergio Ramos e Piqué são eternos rivais, dentro e fora de campo, mas nesta Copa do Mundo se uniram por um motivo em comum: a gestão de crise dentro do elenco da seleção espanhola.
As declarações após o empate com Portugal, pela primeira rodada do Mundial, mostram bem como está sendo feito esse trabalho de proteção de vestiário. Os zagueiros foram os primeiros a falar em Sochi e usaram o mesmo tom para passar as mensagens de que o grupo estava unido e que os jogadores lutariam até o fim pelo título mundial. Atitude vista como uma necessidade após a demissão de Julen Lopetegui, que rachou o clima com a Federação Espanhola.
- A verdade é que temos que passar por isso o mais rapido. Foi um momento nada agradável (a demissão de Lopetegui). A Espanha deve estar acima de qualquer nome. O quanto antes esquecermos esse assunto, melhor. Venho ao Mundial com o comprometimento para ter uma equipe competitiva. Vamos partida a partida - disse Sergio Ramos, em tom seguido por Piqué:
- O Mundial começou, há que se virar a página. Haverá tempo para recapitular, mas agora temos que focar no futebol. O feito de negociar com o Real Madrid não me incomodou em nada. É um clube grandíssimo e é o clube de sua vida. São mais discutíveis as formas do contrato, e foi aí que o presidente não gostou. Os jogadores, temos que acatar - afirmou o zagueiro do Barcelona.
Quem vê Sergio Ramos e Piqué trocando farpas, discussões e indiretas pelos seus clubes, percebe que a união na seleção espanhola é mais necessária que voluntária. Quando a bomba da demissão de Lopetegui estourou no vestiário, foram eles quem tomaram a dianteira para manter o elenco unido para a Copa do Mundo. De acordo com os jornais Marca e AS, os jogadores pediram pela permanência do ex-treinador, mas não foram ouvidos pelo presidente da Federação Espanhola Luis Rubiales.
Outro ponto que os zagueiros alinharam foi o discurso de apoio para Fernando Hierro, técnico que assumiu o comando da seleção às vésperas do Mundial. Sergio Ramos foi o primeiro a postar uma mensagem de apoio em suas redes sociais logo após o anúncio. O capitão também compareceu na coletiva de apresentação do novo treinador, sentando junto com ele na mesa.
Somos la Selección, representamos un escudo, unos colores, una aficion, un país. La responsabilidad y el compromiso son con vosotros y por vosotros. Ayer, hoy y mañana, juntos: #VamosEspaña pic.twitter.com/rzy5D5lF8F
— Sergio Ramos (@SergioRamos) 13 de junho de 2018
Já Piqué apareceu pouco tempo depois para citar uma história do basquete norte-americano. Na ocasião, o treinador da Universidade de Michigan deixou a equipe para aceitar uma proposta do Arizona, em 1989. Mesmo após a sua saída, os jogadores conquistaram o título do basquete universitário naquela temporada. Ambas as mensagens tinham discursos alinhados para mostrar um grupo unido e foco na Copa do Mundo. Papéis de líderes.
Universidad de Michigan. Baloncesto. 1989. Campeón de la NCAA. No sería la primera vez que ocurre. Todos unidos, ahora más que nunca.
— Gerard Piqué (@3gerardpique) 13 de junho de 2018
Apesar da "anistia" durante o período de Copa do Mundo, as relações de Sergio Ramos e Piqué limitam-se apenas a seleção. O zagueiro do Barcelona já criticou Cristiano Ronaldo, alegando que o português "gostava de se atirar" após ter um pênalti marcado a seu favor. Enquanto o zagueiro do Real Madrid brincou com a penalidade perdida por Lionel Messi, contra a Islândia. Tudo voltará ao normal depois do dia 15 de julho.