Refugiado e croata de origem suíça: a corrida pela vida levou Rakitic à final
Pais do meio-campista se refugiaram na Suíça devido a guerra na Iugoslávia, mas nunca esqueceram do país de origem. Após 30 anos, podem ver o filho ser campeão com a Croácia
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Quanto vale o sonho de jogar por um país? E quando ele não é o seu de origem? O caso de Ivan Rakitic é mais uma entre as belas páginas na campanha da Croácia nesta edição de Copa do Mundo. Nascido na Suíça, mas filho de croatas, o meio-campista tem a chance de realizar o sonho que cultiva há 30 anos graças a forte ligação com seus familiares: ser campeão mundial com a seleção que sempre sonhou defender.
Rakitic não é croata, mas sim, suíço. Quando a Iugoslávia vivia um período de tensão e as guerras começavam a explodir, seus pais fugiram do país e se refugiaram na Suíça para salvar as suas vidas. Em Mohlin, cidade de apenas 10 mil habitantes, nascia o meio-campista que cresceu sobre total influência da independência da Croácia, mesmo estando distante do conflito.
Os principais motivos estavam em casa. Rakitic cresceu vendo as notícias do conflito pela TV e sabia das dificuldades do país. O sonho de independência e a ligação com seus familiares foram os motivos que o fizeram aceitar o convite da Federação Croata para defender a seleção. Rakitic participou das categorias de base da Suíça, mas decidiu defender a Croácia como profissional.
Em seu texto publicado no "The Players Tribune", com nome de "The Best Shirt in the World" (A melhor camisa do mundo), o meio-campista contra sobre o dia que foi presenteado pelo seu pai com uma camisa da Croácia. Esse talvez tenha sido a fagulha que despertou o sentimento nacionalista em Rakitic, como o próprio conta.
- Dormimos com essas camisas. Nós (ele e o irmão mais velho) a vestimos para a escola no dia seguinte. E no dia seguinte. Nós não queríamos tirá-las. Uau, temos a camisa croata . As damas brancas e vermelhas, mas sem nome nas costas. Nós queríamos dez delas porque não queríamos usar mais nada. Eles eram tão especiais para nós - conta o meio-campista.
Da fagulha veio o sonho. Abandonou a escola para se dedicar exclusivamente ao futebol e teve sucesso com isso. Conhecido pela sua velocidade, Rakitic correu pelo Basel e chamou a atenção do Schalke 04 antes de chegar na Espanha para defender o Sevilla e viver outra história curiosa: levou "30 nãos" de uma garçonete até conquistar aquela que seria a sua esposa.
Em um jantar com os dirigentes do clube espanhol, se apaixonou pela garçonete que servia no bar. Raquel Mauri fez com que Rakitic voltasse todas as noites para poder conversar com ela. Segundo o próprio jogador, ele teria recebido uma proposta mais vantajosa de outro clube, mas decidiu ficar na cidade por "ter dado a sua palavra ao Sevilla". O motivo real era a garçonete.
Foi para o Barcelona e virou titular da seleção croata. Aos 30 anos, tem a chance de dar ao seu país de origem o título mundial. Faltam 90 minutos, ou 120 para quem está acostumado a jogar prorrogações durante o torneio. Ivan Rakitic pode ser definido como um exemplo do sentimento nacionalista que o país tenta passar à população. No próximo domingo, o sonho de vida do garoto suíço pode se tornar realidade.
França e Croácia se enfrentam no próximo domingo, às 12h, em Moscou, para disputar o título. Os franceses tentam a segunda conquista, enquanto os croatas querem o feito inédito. É o último jogo desta edição de Copa do Mundo, que passa o bastão para o Qatar em 2022.
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