— O seu, o meu, o nosso Pacaembu.
No aniversário de 471 anos da cidade de São Paulo, a emblemática frase mostra que um ícone paulistano "renasceu". O Estádio do Pacaembu, rebatizado de Mercado Livre Arena Pacaembu, reabriu suas portas após três anos fechado para reformas no sábado, 25. E não poderia haver jogo mais simbólico para esse retorno do que um clássico entre São Paulo e Corinthians, na final da Copinha, vencido pelo Tricolor, por 3 a 2, de virada, no dia em que o clube também comemorou seu aniversário de 95 anos.
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Mais do que um estádio, o Pacaembu é história viva. Ele é as lembranças que cada torcedor carrega e os marcos que os jogadores ali construíram. Para Marcelinho Carioca, ídolo do Corinthians, o retorno ao estádio foi carregado de emoção.
— Primeiro, reviver esse momento, onde Pelé jogou, Rivelino jogou, Zico, grandes craques, e o Pacaembu é o cenário do futebol paulista, futebol nacional, onde poderiam fazer qualquer coisa aqui. Menos tirar o gramado, menos tirar o campo. Ter jogos aqui traz a cidade de São Paulo inteira. Isso é de suma importância.
O "Pé de Anjo" relembrou alguns de seus momentos mais marcantes no Pacaembu.
— Eu tive a minha estreia aqui numa quarta-feira contra o Comercial de Botafogo, um a zero, gol do Tupanzinho. Aí o primeiro jogo contra a Portuguesa, atacando pro Tobogã, eu fiz o gol de empate 1 a 1. O gol da Portuguesa tinha sido do Maurício. Aquele ponto direto que era do Botafogo, ganhamos o jogo 3 a 1. O centésimo gol foi contra a própria Portuguesa, atacando pro Tobogã. O mesmo que fez a falta em 94 foi o capitão, o cabeça de área da Portuguesa. Foi o mesmo que fez a falta, e eu fiz o centésimo gol. E depois aquele gol antológico, memorável contra o maior rival, contra o Palmeiras aqui, que o Veloso não pediu barreira. Então eu tenho grande lembrança desse estádio maravilhoso — recordou Marcelinho.
Inaugurado em 1940, o Pacaembu foi projetado como um marco arquitetônico e esportivo. Inspirado no Estádio Olímpico de Berlim, o local já recebeu jogos históricos, incluindo partidas da Copa do Mundo de 1950. Porém, com o tempo, a modernização se tornou indispensável.
Concedido à Allegra Pacaembu por 35 anos, o estádio passou por reformas que dobraram o orçamento inicial, de R$ 400 milhões para cerca de R$ 800 milhões. A obra ainda não foi finalizada, mas o alvará da Secretaria de Licenciamento Urbano permitiu que a praça esportiva reabrisse com capacidade reduzida para 20 mil pessoas.
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A reabertura na final da Copinha, no entanto, não foi isenta de contratempos. O ônibus do Corinthians enfrentou problemas na chegada, precisando ser empurrado para acessar o estádio. Jogadores desceram e seguiram a pé ao vestiário, um início caótico para a decisão. Dentro do estádio, uma quase confusão entre torcedores das duas equipes mostrou que a tensão de um clássico vai além do gramado.
Para a imprensa, a estrutura ainda inacabada trouxe desafios adicionais após a decisão da Copinha. Percursos confusos, áreas incompletas e acessos difíceis marcaram a cobertura da partida, levantando críticas sobre o preparo da nova estrutura para eventos desse porte.
— A Concessionária Allegra Pacaembu vai considerar caso a caso a fim de sugerir melhorias aos organizadores dos próximos eventos ou mesmo implementá-las, dentro do que estiver em seu alcance — afirmou o consórcio ao Lance!
O gramado, criticado por Marcelinho Carioca, também foi alvo do presidente do São Paulo.
— Eu fiquei preocupado com algumas questões. O gramado está com muita dificuldade. Os acessos. Nós, de novo, temos que enfrentar a escada lá para cima. O acesso para quem fica nas cadeiras. Eu não vi um placar eletrônico melhor, mais informação. Então eu acho que tem uma lição de casa para que o pessoal da concessionária faça. Claro, nós estamos para contribuir. Agora eu estou preocupado um pouco com o gramado. Primeiro porque gramado sintético eu nunca estou a favor. E eu achei ele ruim, fofo. Teve uma contusão hoje. Eu não estou colocando na conta do gramado. Mas nos preocupa, sim — apontou Julio Casares.
Apesar das críticas, o retorno do Pacaembu representa um novo fôlego para o futebol paulistano é uma oportunidade de reviver memórias. Para comerciantes informais como Wagner Ribeiro, 56, o estádio é sinônimo de sobrevivência.
— Ah, excelente. É mais um estádio para eu poder ganhar dinheiro, né? É mais um estádio. Na rua, trabalhando direto. Há 10 anos. Então, para nós… Agora é mais um estádio para eu tentar sobreviver vendendo isso na rua, né?
Torcedores também celebraram a volta do ícone esportivo.
— É o estádio mais tradicional de São Paulo, né? A importância é muito boa, ficou muito tempo fechado, espero voltar bem cheio. Porque hoje são só 20 mil, mas é bacana ter de volta um estádio aí. Aqui é a segunda casa do são-paulino, toda vez que vier, a gente se sente em casa — comentou o torcedor Dennis Carvalho.