‘Adotado’ por Marlone, Mantuan sobe degrau no Timão: ‘Sei que será difícil’
Volante e capitão do título da Copa São Paulo de Juniores quer dar rolê no shopping para medir popularidade antes de voltar ao time profissional do Corinthians. Agora é pra valer!
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É provável que você não saiba dessa informação, mas o volante Guilherme Mantuan chegou perto de deixar o Corinthians em junho do ano passado. Ele tinha em mãos uma proposta do Spal, da Segunda Divisão da Itália, e seus representantes da época desejavam a transferência - o menino estava sem espaço no time sub-20, quase não jogava. Tudo começou a mudar mais ou menos naqueles tempos, quando ele foi recuado de meia a volante e se encontrou no Timãozinho. Tanto que há cinco dias ele foi capitão do histórico décimo título da Copa São Paulo de Juniores. O auge das categorias de base.
Agora, Mantuan seguirá o caminho natural de quem atinge o ápice na formação e será promovido ao elenco profissional do Corinthians. Na verdade, "repromovido": ele já havia subido em setembro do ano passado, teve o cabelo cortado, usou a camisa 35 e foi até relacionado para dois jogos do Brasileirão, contra Figueirense e Internacional. Apesar de ter ficado careca por conta da promoção, o jovem de 19 anos também traz boas lembranças do período de 2016 que repetirá a partir dos próximos dias.
- Ano passado teve um cara de quem eu me aproximei muito, que foi o Marlone. Conversei bastante com ele, ele me dava bastante conselhos. É um cara que é exemplo dentro do clube, pela história de vida dele e pelo que ele representa em relação à dedicação, a se cuidar, a não dar brecha. Se tiver que tratar no DM ele vai, faz tudo direitinho. Ele me ajudou bastante na minha experiência como profissional. Também falo bastante com o Caique França, o Walter, o Vilson, mas todos estão sempre querendo ajudar - diz, em longa entrevista ao LANCE!, a nova aposta do time profissional do Corinthians.
"Adotado" por Marlone, Mantuan volta à equipe principal do Corinthians depois de quatro gols marcados na Copa São Paulo de Juniores. Ele brigará por uma das 28 vagas no Campeonato Paulista e ainda não sabe o que decidirá o técnico Fabio Carille em relação à sua utilização. Pela dificuldade que os meninos da base têm tido para jogar no time profissional, porém, ele já imagina que a missão não será das mais fáceis.
- Não posso achar que já sou jogador profissional, porque é apenas o começo de tudo. Vou manter os pés no chão, procurar fazer meu trabalho e me manter sempre em forma. Sei que vai ser difícil, sei que não vai ser algo simples, mas vou procurar me preparar todo dia, diariamente, nos treinos e em relação a descanso e alimentação, para realmente ficar pronto para o Corinthians - diz.
Como disse Mantuan no forte discurso de incentivo antes da decisão da Copinha, agora é hora de fazer DI-FE-REN-TE.
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Já caiu a ficha?
Mais ou menos. Vai cair daqui um mês, dois meses, um ano... Aí vai cair a ficha de conquistar uma Copa São Paulo. 'La décima' ainda.
E o que esse time teve de diferente ou especial para ser campeão invicto?
Acho que foi um pouco de tudo. Desde a primeira partida o time foi ganhando forma, sempre foi uma superação. Foi algo diferente que teve a cada jogo, porque já começamos ganhando, perdendo, goleando em dez minutos, na final decidindo já no finzinho. Teve de tudo um pouco.
Você parece calmo dando entrevista, mas incendiou o vestiário antes da final...
(Risos) Acho que tem certos momentos em que você precisa ser mais firme, mais rígido. Até pela importância da partida, pela importância que o clube dá para esse campeonato. Foi a hora certa de fazer aquilo. E deu certo, deu resultado. Como o título veio, tudo o que aconteceu foi importante.
Aquela sua reação já aconteceu outras vezes ou foi do momento mesmo?
Na semifinal e nas quartas também, contra o Juventus e o Flamengo. Era necessário fazer aquilo, porque o time vinha numa sequência muito boa e não podia entrar desligado ou de uma maneira ruim, porque eram decisões muito importantes para nós.
Já foi capitão outras vezes antes da Copa São Paulo?
Fui no sub-13, alguns jogos no sub-15, no sub-17 um semestre inteiro e agora com o Osmar Loss no sub-20 é a segunda vez. Primeiro foi no Brasileiro do Rio Grande do Sul e agora aqui. Me sinto bem, confiante. Tenho muito a evoluir esse poder de liderança.
'Nós sabemos que é ilegal. Até param o jogo por sinalizadores. Mas naquele momento só enxergamos que a torcida estava realmente conosco do começo ao último minuto, porque já estava encaminhando para o fim. Também tivemos um tempo para conversar e ver que era hora de ir para cima com tudo. Graças a Deus deu tudo certo, conseguimos fazer os dois gols e dar essa alegria para a torcida', diz Mantuan, sobre o uso de sinalizadores na final da Copa São Paulo
É algo que você trabalha?
Eu acho que é algo mais automático, que nasce com você, de ter o desejo da vitória. Isso a cada dia que você trabalha vai aumentando.
E foi a primeira vez que você se sentiu abraçado pela torcida? Como é isso?
Sem palavras para a torcida. A partir do momento em que nós chegamos para o reconhecimento do gramado a torcida já inflamou, depois no aquecimento. E quando começou o jogo foi sem palavras. Até mesmo a parte em que eles levam os sinalizadores e começam a colocar inflama mais ainda. Não tem nem o que falar. Eles apoiam, ajudam, quase não teve cobrança. Foi algo muito especial.
Você falou de sinalizadores... e houve uma divisão muito forte da torcida: alguns entenderam que esfriou o time e outros acham que foi o diferencial para animar. Para você que estava lá dentro, como foi?
Nós sabemos que é ilegal. Até param o jogo por causa disso. Mas naquele momento só enxergamos que a torcida estava realmente conosco do começo ao último minuto, porque já estava encaminhando para o fim. Também tivemos um tempo para conversar e ver que era hora de ir para cima com tudo. Graças a Deus deu tudo certo, conseguimos fazer os dois gols e dar essa alegria para a torcida.
Qual o tamanho da sua vontade de jogar no profissional do Corinthians?
Minha vontade é poder aprender o mais rápido possível e evoluir. Sei que tenho muita coisa a melhorar, mas a cada treinamento quero mostrar meu potencial, mostrar meu valor, me dedicar, me preparar para quando surgir a oportunidade poder agarrar.
Como avalia o período que passou no time profissional ano passado?
Foi uma experiência maravilhosa. A maturidade que eu adquiri aqui, experiência do vestiário, de estar presente nos jogos, saber realmente o que se passa dentro de um vestiário profissional num clube da grandeza do Corinthians. Foi maravilhoso, sou muito grato a Deus por essa oportunidade.
Você subiu ao profissional depois dos outros meninos por causa de questão contratual. Temeu que fosse dar alguma coisa errado?
Só ficou meio estranho para a imprensa, porque até aquele momento ninguém sabia. Eu sabia e tinha mantido em sigilo, não tinha falado para ninguém, só meus pais e empresários. Mas foi algo que em dez dias mais ou menos foi resolvido e logo em seguida eu subi.
E é verdade que no ano passado você teve negociações com um clube da Itália?
Foi algo do empresário com quem eu trabalhava antes, ele me mostrou uma carta do Spal (clube recém-promovido à Segunda Divisão do país), mas não houve interesse do clube e não aconteceu nada.
E no fim ter ficado foi bom negócio para você, que depois as notícias boas apareceram...
Foi muito bom. Essa carta tinha chegado em junho, mais ou menos, então foi um período antes do Brasileiro sub-20, que foi quando eu comecei a ter oportunidade, comecei a realmente jogar no sub-20 e me destacar bem. Aí logo em seguida fui promovido.
Agora você volta ao time profissional, mas sua posição foi a que mais contratou jogadores. Como vê isso?
Independente da posição, porque eu também posso atuar como meia e lateral, além de volante. Mas nesse momento eu devo me preocupar com outras coisas, me preparar realmente para os próximos dias, as próximas semanas de treinamento. A diretoria saberá tomar a melhor decisão, se for me utilizar ou me emprestar, não sei.
Acha que ainda dá pra conseguir uma vaguinha no Paulistão ou já era?
Não sei, não sei. Faltam alguns dias ainda para terminarem as inscrições. Meu trabalho eu fiz agora na Copinha, o Fabio (Carille, técnico) e o Alessandro (Nunes, gerente de futebol) acompanharam nossa campanha e vão saber tomar a melhor decisão possível.
Mas já sabe quando volta a treinar?
Ainda não. Vou estar à espera de alguma ligação do departamento profissional.
Você está chegando ao time profissional e vendo que o Maycon não jogava ano passado, Marciel também, Ameixa é outro... Como isso te impacta, de ver que os meninos não têm tanto espaço quanto poderiam ter?
Acho que o Corinthians vem melhorando o trabalho de transição, o objetivo passou a ser aproveitar mais os garotos. O Maycon e o Marciel tiveram que ser emprestados, adquiriram experiência, Maycon jogou bastante... Acho que eu posso encarar com bons olhos, porque vou procurar fazer meu trabalho, me dedicar, me preparar mais. É só o que eu posso fazer.
E a torcida está do lado dos jovens, pelo que dá pra notar.
Isso é uma coisa boa, porque valoriza nosso trabalho. Cada vez mais a torcida olha para a base, dá apoio, enxerga nosso lado, sabe quem defende realmente o clube. Como eu, que estou aqui há quase 13 anos.
A provável subida do Loss ao time profissional é algo que também anima?
Em relação a isso eu não estou sabendo de nada confirmado ainda. Mas ele é um cara que me ajudou muito, aumentou meu nível de competitividade, de compreender o jogo. Confirmando essa subida dele vai ajudar muito o profissional e na transição dos juniores para cá.
O que acha que ainda tem a crescer no profissional do Corinthians?
Eu quero me preparar e evoluir cada vez mais nas partes defensiva e ofensiva. Os clubes do Brasil e da Europa estão olhando com muita atenção esse poder de ataque e defesa, esse processo de transição. Eu quero me preparar fisicamente e mentalmente para não perder as oportunidades, e sim estar pronto.
Você tem preocupação com a parte tática do jogo?
Me preocupo, sim. Procuro entender o que venho fazendo taticamente, porque sei que a cada ano que passa o futebol está mais rápido, intenso, e não vai ser automática a evolução de um jogador se ele não buscar a melhora da performance.
E isso tem a ver com sua mudança de posição, antes jogava um pouco mais a frente e foi recuado para se destacar?
Faz parte do pacote. Procuro a cada dia de treinamento melhorar a parte tática e também técnica e física, porque isso será muito importante. Ainda mais estando no profissional.
Ficha técnica:
Guilherme Mantuan
19 anos (2/8/1997)
De São Caetano do Sul
No Timão desde 2004
Contrato até 31/12/18
Tem alguém no profissional que você vê como referência?
Ano passado teve um cara de quem eu me aproximei muito, que foi o Marlone. Conversei bastante com ele, ele me dava bastante conselhos. É um cara que é exemplo dentro do clube, pela história de vida dele e pelo que ele representa em relação à dedicação, a se cuidar, a não dar brecha. Sre tiver que tratar no DM ele vai, faz tudo direitinho. Ele me ajudou bastante na minha experiência como profissional. Também falo bastante com o Caique França, o Walter, o Vilson, mas todos estão sempre querendo ajudar.
Agora você vai está voltando ao profissional. Isso significa que vai ter outro trote?
Não, chega. (Risos) Meu cabelo cresceu agora, não fala isso, não. Não pode. Nem brinca. Dessa vez eu fujo.
Como tem sido o assédio nesses dias, muita entrevista, muita mensagem?
Mensagem bastante. Entrevista nem tanto, mas mensagem é muita, redes sociais. Ainda não dei um rolê no shopping para ver como vai ser, mas vou fazer esse teste ainda (risos). Por enquanto está tranquilo, procuro responder todo mundo nas redes sociais.
Encerrada a Copinha como campeão, assediado, as pessoas começam a te conhecer... O que espera para 2017?
Eu espero continuar esse reconhecimento do meu trabalho e vou procurar evoluir mais. Não posso achar que já sou jogador profissional, porque é apenas o começo de tudo. Vou manter os pés no chão, procurar fazer meu trabalho e me manter sempre em forma. Sei que vai ser difícil, sei que não vai ser algo simples, mas procurar me preparar todo dia, diariamente, nos treinos e em relação a descanso e alimentação para realmente ficar pronto.
E o que te inspira nessa nova fase?
Minha família, meus sonhos, meus objetivos. Acho que tudo, cara. De você realmente fazer o que gosta, ter prazer. Isso que eu estou vivendo é muito além do que o dinheiro pode proporcionar. Sabemos que o futebol proporciona isso também, não para todos, mas é algo que eu gosto de fazer, que me sinto bem e que espero continuar fazendo por anos e anos e anos. Eu nem comecei ainda.
Agora, para encerrar, uma curiosidade meio besta: o sobrenome vem de onde?
É italiano. O pessoal escreve Mutuan, Matuan, Montuan, eu já ouvi de tudo, menos Mantuan. Espero que agora o pessoal comece a dar uma atenção para o meu nome.
Na camisa de jogo do profissional vai querer seu nome como?
Ano passado eles colocaram "G Mantuan". Vamos ver esse ano, vou tentar só "Mantuan". É melhor. Guilherme Mantuan é muito longo (risos).
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