Jair Ventura iniciou sua trajetória no Corinthians nesta sexta-feira. Após assinar contrato até o fim de 2019, o técnico comandou o primeiro treino e foi apresentado na sala de imprensa do CT Joaquim Grava. Ele admitiu que o momento do Timão é delicado, projetou usar a base e descartou o rótulo de "retranqueiro", mas citou Tite para exaltar um sistema defensivo sólido.
O treinador estava sem emprego desde o fim de julho, quando foi demitido do Santos. Ele chega ao Corinthians para substituir Osmar Loss, que volta a ser auxiliar. A comissão ainda passa a contar com Emílio Faro, auxiliar que acompanha Jair Ventura.
- É um grande desafio. E na maioria das vezes, as trocas sempre vão ser em momentos delicados. Sabemos do momento, não tem como esconder, mas sabemos que podemos reverter. O passado próximo do Corinthians é vitorioso, e penso nisso. Quanto maior o desafio, mais gratificando quando as coisas acontecem. A estrutura é muito boa, o grupo é maravilhoso e temos certeza de que vamos reverter essa situação. Tem a desculpa de jogadores que saíram, já ganhou o Paulista, mas o Corinthians é vitorioso. Se tudo der certo, com a Copa do Brasil (está na semifinal contra o Flamengo), podemos conquistar dois títulos. Não tinha como não aceitar esse desafio de poder trabalhar em um clube gigante como o Corinthians - afirmou Jair.
Jair foi questionado duas vezes sobre ser reconhecido como um treinador que monta um sistema defensivo forte, como aconteceu no Botafogo e não conseguiu repetir no Santos. Ele descartou o rótulo, mas depois citou Tite para exaltar a característica.
- O Jair Ventura do Corinthians. O treinador de futebol, quando fiz meu primeiro curso, não vira treinador para jogar só de uma maneira. Você joga de acordo com o que tem. Não vai ser o Jair do Santos nem do Botafogo, vai ser o Jair do Corinthians. O Corinthians já tem uma maneira de jogar, super vencedora, e isso facilita o trabalho. Lógico que o melhor trabalho vai ficar como referência, mas isso não impede de trabalhar de outras maneiras. O próprio Botafogo jogou com diversos sistemas. É extrair do jogador do melhor momento, independentemente da posição. Chego para ser o Jair do Corinthians, e não de outro clube que passei - disse Jair, antes de voltar a responder sobre o tema;
- Vou ser bem sincero: hoje o treinador da Seleção Brasileira chegou lá fazendo um jogo defensivo, então isso não pode me incomodar. O Corinthians revelou diversos treinadores jogando dessa maneira. É motivo de orgulho saber que eu arrumo bem uma defesa, fazer o time jogar sem a bola, que é a grande dificuldade. Ninguém gosta de jogar sem a bola, e isso é motivo de orgulho fazer com que os atletas comprem sua ideia - exaltou o técnico.
Jair ainda falou que pretende usar a base do Corinthians antes de pensar em contratações. O técnico do sub-20 do Timão é Eduardo Barroca, que era do Botafogo e é amigo de Jair.
- Primeiro você chega no clube e conhece os atletas. Antes de olhar para fora, gosto de olhar para dentro. Gosto sempre de olhar para a base e lançar jovens. Além de fazer um sistema defensivo muito forte, costumo lançar jogadores. Temos que olhar para a base, tenho um amigo que está no sub-20 que é o Barroca. Vamos olhar primeiro para a base. O novo CT da base vai ser um ganho enorme. Formação de atletas não é igual a uma fábrica de carro. Não vai ser todo ano que vai ter dois laterais, dois volantes... Vai ter ano que vai ter três volantes, por exemplo. Olhou, não tem? Daí vamos para o mercado - projetou.
VEJA ABAIXO OUTRAS RESPOSTAS DE JAIR EM SUA APRESENTAÇÃO:
Pensa em fazer mudanças para o clássico contra o Palmeiras?
É muito difícil fazer mudança em um momento tão curto, não pode levar muita informação que pode atrapalhar, e nem achar que aqui era uma terra arrasada, porque não era. Acredito na repetição, mas às vezes tem que fazer mudanças. Vamos gradativamente implementando algumas coisas. Chego feliz para implementar algumas coisas, mas o mais importante é dar sequência no trabalho que é super vitorioso. Tem que respeitar sempre o trabalho que vem sendo desenvolvido há anos, mas pode implementar de maneira gratativa o que você pensa
Como vê o Dérbi logo em sua estreia?
Jogo grande. O treinador acaba trabalhando muito pouco emocionalmente, porque já é um jogo grande. Sabemos da responsabilidade do jogo, mas é a vida do treinador. Chegar e disputar um grande clássico contra um grande treinador. Vamos fazer um grande jogo. Não podemos fugir da responsabilidade. Seria fácil eu chegar e me ausentar para deixar a maré passar. Mas gosto de desafios, e vamos encarar como um desafio esse clássico.
Acho que o clássico é sempre um campeonato à parte, e é verdade. Tentamos tirar o peso do jogo, mas sabemos como funciona. Não pode extrapolar, deixar essa adrenalina extrapolar. Somos exemplos para milhões de pessoas, temos que fazer um clássico na bola, sem violência. Acho que quando apita, não pensa no último jogo, na sequência. De forma natural, quando inicia um clássico, já envolve muitas coisas. Esses jogos ficam marcados. Vocês vão estar passando os clássicos lá de trás, e você pode ficar marcado na história. Todo mundo sabe da responsabilidade. Temos que encarar todos os jogos como grandes jogos.
Como foi a conversa com o elenco?
A resposta do grupo foi muito boa, já tive uma reunião. Olhando no olho, deu para ver que está incomodado, e isso é muito bom. O grupo foi receptivo e entendeu o momento que estamos vivendo para reverter. Temos que fazer nosso melhor presente para ter um futuro melhor.
No Santos, você falava de DNA ofensivo. Qual o DNA do Corinthians?
O DNA vitorioso. Uma equipe que vem conquistando títulos atrás de títulos e não se cansa de conquistar. Quando não conquista, as cobranças chegam. Não podemos só cumprir tabela. Temos a chance clara da Copa do Brasil e temos que fazer um Brasileiro na parte de cima. Estamos todos envolvidos para voltar a fazer o Corinthians disputar todos os títulos.
Como vai ser a relação com Osmar Loss?
A relação vai ser a melhor possível. Não posso fazer o que não fizeram comigo. Fui interino em 2010, ganhei um jogo, chegou o treinador e voltei para ser auxiliar dele e ele não me mandou embora por isso. Hoje é um dos meus melhores amigos, me mandou mensagem desejando sorte aqui. Me orgulho de dizer que fiquei nove anos como auxiliar técnico esperando meu momento. Todos os treinadores que eu auxiliei viraram meus amigos. Espero que essa relação possa ser assim com o Osmar, que ele possa passar todo o conhecimento do clube e que essa relação possa ser vitoriosa.
Como vê o momento do Roger, que se destacou sob seu comando no Bota?
Que o Roger possa resgatar o seu melhor futebol, ele foi muito bem quando trabalhamos juntos. Camisa 9 sempre vai ser questionado quando não faz gol. É a nossa vida, ele sabe. Ele fez um gol contra a gente quando eu estava no Santos. E que ele possa fazer um gol do meu lado. Tenho muito carinho, assim como vou ter por todos do grupo. Vai jogar quem estiver em melhor momento.