O Corinthians venceu o Palmeiras por 1 a 0, na última quarta-feira, em Dérbi que marcou o reinício do Paulistão para as duas equipes após mais de quatro meses de paralisação. A vitória no clássico elevou a autoestima do elenco e dos torcedores corintianos, e manteve o Timão na briga por uma vaga nas quartas de final da competição, mas ao contrário do que foi proposto com a chegada de Tiago Nunes, o que se viu foi o estilo de jogo antigo do time alvinegro.
Apesar de um início de jogo equilibrado, com chances para os dois lados, e a aparente proposta de um jogo mais aberto, era o Verdão que parecia ter mais domínio das ações ofensivas. Até que Gil, em lance de bola parada, marcou de cabeça o gol que abriu o placar, aproveitando falha de Weverton. A partir daí, os palmeirenses sentiram o golpe e o Corinthians tomou as rédeas do jogo.
E isso não foi baseado na nova filosofia buscada com chegada de Tiago Nunes como técnico para a temporada 2020, pelo contrário, jogadores e comissão técnica beberam na fonte de uma velha receita, justamente aquela que tentam substituir para este ano: a escola Mano, Tite e Carille de buscar o resultado.
Com uma defesa bem postada e eficiente, contando com mais uma noite brilhante de Cássio, o Timão suportou a pressão do Palmeiras, que dominou completamente o segundo tempo da partida, criando e desperdiçando muitas chances no ataque e empurrando os corintianos para a defesa, de onde não conseguiam sair, nem por baixo, nem por cima, mas sustentavam esse ímpeto.
Para se ter uma ideia, de acordo com estatísticas do SofaScore, o Corinthians teve 39% de posse de bola no segundo tempo e finalizou apenas três vezes, sendo apenas uma no gol. O Verdão, na etapa final, teve 61% de posse e finalizou 15 vezes, obrigando Cássio a fazer sete defesas. Esse cenário lembra, e muito, as vitórias recentes em Dérbi sob o comando de Fábio Carille.
Naquelas ocasiões, com um time teoricamente mais fraco do que o do rival, o esquema mais conservador, esperando o adversário, deu certo e se aproveitou do psicológico ruim do Palmeiras quando joga esses clássicos. No entanto o grande fator diferencial é conseguir sair em vantagem no placar. Essa estratégia beneficiava os treinadores anteriores e beneficiou Tiago Nunes.
Com isso, diante do momento vivido fora de campo, do forte adversário que enfrentava e da necessidade de ter o resultado para se manter vivo na competição, a estratégia de jogar bonito, propor o jogo e dar espetáculo foi deixada de lado, bem longe de Itaquera na noite da última quarta-feira. O momento vai chegar para isso, mas fica a lição de que não se deve jogar fora uma filosofia que rendeu tantos triunfos, às vezes vale a pena recorrer a ela.