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Em carta aberta, Corinthians diz ser contra a volta: ‘Futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia’

Andrés Sanchez assinou manifesto publicado nesta manhã pelos canais oficiais do clube, reforçou seu posicionamento contrário ao retorno e criticou quem tenta "jogar sozinho"

Andrés Sanchez
imagem cameraAndrés Sanchez assinou carta aberta em manifestação contrária à volta (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 26/05/2020
10:56

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Enquanto alguns clubes buscam retomar suas atividades em meio à pandemia de coronavírus, e alinham o retorno de campeonatos, o Corinthians continua firme em seu posicionamento contrário à volta precoce do futebol sem antes receber a liberação de todas as autoridades de saúde do país. Em carta aberta publicada na manhã desta terça-feira, o presidente Andrés Sanchez reforçou esse pensamento e criticou a postura de quem tenta "jogar sozinho".

O mandatário corintiano admitiu a crise que está sendo imposta pela paralisação das atividades nos mais diversos setores, mas ainda assim acredita que é preciso definir prioridades e o esporte não está entre elas, para ele "o futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia". Sem contar o risco de um retorno precoce provocar uma nova pausa logo em seguida.

Ainda no texto, Andrés utilizou o exemplo da articulação do futebol alemão para definir os protocolos da volta. Lá entidades esportivas, autoridades de saúde e governos de todos os estados estudaram juntos os procedimentos. Na visão do presidente do Timão isso não está acontecendo por aqui e pensa que "num esporte coletivo, não dá para jogar sozinho".

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Confira o texto completo publicado pelo Corinthians e assinado por Andrés:

"Depois de 23 mil mortes causadas pela Covid-19, todo debate é menor. Por isso, em nome do Corinthians, manifesto antes nossa solidariedade a cada brasileiro afetado por doença, luto, ou prejuízo profissional. Tudo isso importa.

E é legítimo que o futebol – como qualquer setor – procure saídas junto ao governo federal e a seus respectivos estados, prefeituras e federações, a fim de impedir um aprofundamento da crise na atividade. É preocupante, porém, que o Brasil viva um cenário muito diferente daqueles países que retomam suas ligas.

A queda de receitas já obrigou muitos clubes a executar cortes e demissões. O Corinthians tem adotado medidas de austeridade, como a redução temporária de salários e jornada, apoiada na MP 936. Fazemos e refazemos as contas diariamente, mas somos realistas: trata-se da pior epidemia no país nos últimos 100 anos, e nenhuma atividade econômica sairá dessa sem transformações inevitáveis.

No Corinthians, não será diferente. O que não muda é o nosso compromisso com um futebol forte como carro-chefe e a parte social como tradição, e é para isso que estamos trabalhando. Como também vemos o clube como um veículo capaz de impactar mais de 30 milhões de torcedores via mídias digitais, levamos informação útil e iniciativas solidárias, com o sonho de terminar a pandemia sem nenhum torcedor a menos.

Somos testemunhas dos elogiáveis esforços da CBF, da Federação Paulista de Futebol e de outros clubes. Mas é preciso repensar, de forma ampla, o papel do futebol e sua influência nesse jogo.

Na Alemanha, houve diálogo intenso entre todos os agentes políticos e esportivos, e um princípio foi claro para a Bundesliga: o futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia. Quando a sociedade confiou no sucesso do combate alinhado entre governo e estados alemães, a Bundesliga finalmente retomou seus jogos em sincronia, no último dia 16. Houve responsabilidade com seu produto, seus astros e seu público.

O futebol brasileiro, porém, caminha para outra direção.

Se o combate ao vírus não tem alinhamentos entre os governos, no futebol as reações estão ainda mais fragmentadas. Com decisões facultadas aos Estaduais, criam-se ruídos. O futebol perde muito como produto quando transmite que, para a bola rolar, basta decidir qual clube está mais pronto, ou qual estado está mais disposto a riscos, enquanto se somam mais de mil óbitos por dia.

Em 2020, a Série A tem 20 clubes de nove estados, cada um com panoramas distintos da doença. Isso pede um trabalho mais coordenado entre governos, clubes e federações. Num esporte coletivo, não dá para jogar sozinho.

Sem isso, qualquer retorno apenas adiará a próxima pausa forçada, em que os clubes vão, de novo, agonizar. Como negócio sustentável, o futebol só poderá voltar depois de uma articulação eficiente, focada tanto no bem-estar das pessoas quanto na segurança da Saúde nos estados envolvidos"

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