Corinthians consultou compliance, jurídico e marketing antes de fechar com Cuca
Condenação à revelia e palavra da vítima foram fundamentais para que o Timão prosseguisse com a contratação do novo treinador <br>
Antes de anunciar a contratação de Cuca como técnico do Corinthians, a direção do clube alvinegro tomou algumas providências. O departamento jurídico foi acionado e um processo de compliance foi aberto para apurar a condenação do treinador por atentado ao pudor com uso de violência contra uma garota de 13 anos durante uma excursão do Grêmio, time em que o profissional defendia à época, ainda como jogador, na década de 80.
Dois motivos foram preponderantes para que o departamento de futebol corintiano prosseguisse com a contratação: a sentença e a palavra da vítima. Na interpretação jurídica do Timão, Cuca foi condenado a revelia, quando o acusado não comparece ao processo e deixa de se defender. Além disso, a menina que foi violentada não reconheceu o atual técnico do Timão como o agressor nas três oportunidades na qual depôs.
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De toda forma, o compliance concluiu que a contratação de Cuca seria de alto risco institucional ao Corinthians, algo que foi assumido pela direção corintiana, que, por sua vez, entendeu a necessidade esportiva em contar com o treinador. O entendimento era que o momento pedia um profissional para ‘chacoalhar’ o elenco e fazer os atletas produzirem mais, tanto no desempenho, quanto nos resultados. Dentro da realidade financeira do clube alvinegro, o técnico contratado foi o único disposto e disponível para assumir a equipe. Tite foi consultado, mas não quis avançar nas conversas por conta de uma promessa feita à esposa de que não trabalharia no Brasil em 2023.
Ainda assim, o fato da situação ter acontecido há mais de três décadas não interfere na posição do Timão. A opinião das pessoas que estão à frente do clube é de que caso existissem evidências ou provas concretas do envolvimento de Cuca no crime, ele nunca representaria a instituição, mesmo se tivesse cumprido uma possível pena.
O departamento de marketing do Corinthians também foi acionado para que entrasse em contato com os patrocinadores e explicasse a versão assegurada pelo clube. Dos 15 parceiros que a equipe possui atualmente, somente o banco BMG se posicionou através das redes sociais, mas não acenou a possibilidade de romper o acordo com o Timão, por exemplo.
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- O Banco Bmg reitera que não compactua com atos violentos e, acima de tudo, respeita, preza e luta pela igualdade das mulheres - publicou a empresa.
Após oficializar a contratação de Cuca, o presidente corintiano Duílio Monteiro Alves também conversou com a diretora do futebol feminino do clube Cris Gambaré e explicou os motivos que levaram a escolha de Cuca como comandante do time masculino profissional. Ele recebeu informações de que algumas atletas estavam preocupadas e desconfortáveis com a situação, que foi esclarecida no contato com a responsável pela categoria por meios dos argumentos ponderados no início do texto.
Cuca comandou o seu primeiro treino como técnico do Corinthians na tarde da última sexta-feira (21). Ele dirigirá a equipe no banco de reservas já neste domingo (23), quando o TIme do Povo visitará o Goiás, em Goiânia, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro.