Gabriel foi uma das novidades de 2017 que caiu mais rapidamente nas graças do Corinthians. E não só em relação à torcida por causa das provocações ao Palmeiras ou pelo estilo de jogo viril, mas principalmente em razão de um levantamento científico realizado pelo Cifut (Centro de Inteligência do Futebol do clube), que identificou uma grave deficiência do Timão justamente no setor em que ele foi a grande novidade do ano.
Em outras palavras: Gabriel chegou para arrumar um defeito do time do Corinthians e está dando conta do recado, como explica o técnico Fabio Carille, em entrevista exclusiva ao LANCE!:
- No segundo semestre do ano passado, nossa análise concluiu que 90% dos gols sofridos foi porque faltou pressão ao portador da bola, do cara erguer a cabeça e ter a tranquilidade de fazer um desarme e achar o melhor passe. Essa foi a nossa busca, por jogadores com essas características. O Gabriel é o jogador que a gente buscava, acompanhávamos ele desde o Botafogo e essa característica dele de ser o cara chato, o carrapato que não deixa os adversários pensarem, é o que nos convenceu - detalhou o treinador.
Curiosamente, a temporada passada foi a primeira do Corinthians após a venda de Ralf ao Beijing Gouan, da China. O cão de guarda dos grandes títulos recentes, como a Libertadores e o Mundial de 2012 e o Brasileirão de 2015, deixou saudades. Bruno Henrique até foi bem no primeiro semestre, mas saiu para o Palermo (ITA) e deixou uma lacuna que ninguém preencheu. Willians, Cristian, Camacho e até Jean tiveram chances, mas ninguém agarrou.
- Enquanto o Bruno Henrique entrou no lugar do Ralf deu uma resposta à altura, jogando muito bem, acima do que a gente esperava. Depois da saída dele é que a gente sofreu. E sofreu mesmo com esse setor - explica o treinador, que ano passado auxiliou Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira na tentativa de encontrar soluções para a posição.
Apesar de estar convencido de que Gabriel é o homem certo para a posição, Carille ainda trabalha por ajustes na rotina de treinamentos do CT Joaquim Grava. Após nove partidas consecutivas como titular, o camisa 5 do Corinthians é trabalhado para ser "mais Ralf".
Não se trata de uma comparação sobre títulos ou comportamento, e sim questões táticas do jogo. No Palmeiras, clube que defendeu nas duas últimas temporadas, Gabriel tinha funções diferentes daquelas que estão sendo cobradas por Carille no Corinthians de 2017. O próprio treinador explica o que ainda falta para o reforço mais caro da temporada se estabelecer de vez.
- O nosso jeito de jogar aqui é diferente do que ele estava acostumado no Palmeiras, que era de marcação individual, enquanto aqui ele tem que trabalhar posicionado em frente à linha de quatro. Estamos trabalhando isso com ele, falando para ele não deixar livre o setor, isso tem melhorado, e o Gabriel também tem qualidade de saída. Quando rouba a bola, tem visão e sabe o que fazer. Estamos trabalhando - sintetiza o satisfeito comandante.