Insatisfação de Róger Guedes com Vítor Pereira no Corinthians vem desde início do rodízio
Atacante pensou que teria mais chances em campo e tem ficado chateado por ser preterido em jogos grandes
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Mesmo estando cada vez mais pública, a insatisfação do atacante Róger Guedes com o técnico Vítor Pereira, pelas poucas oportunidades que vem tendo Corinthians, já é algo que tem percorrido há algumas semanas no clube alvinegro.
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O incômodo do jogador com o treinador coincide com o período em que Vítor decidiu rodar o elenco para equilibrar as partes técnica e física na maratona de jogos que teria pela frente por Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil.
A condição de desgaste que o grupo corintiano estava ao terminar a partida contra o São Paulo, pela semifinal do Estadual, foi o sinal de alerta que Vítor Pereira precisava para iniciar o rodízio, algo que nem foi grande problema para Róger Guedes inicialmente. A pedra no sapato foi quando o jogador se viu fora de partidas importantes, como as de Libertadores, mesmo estando em condições de jogo física e tecnicamente.
Róger imaginou que estaria uma ‘prateleira mais privilegiada no rodízio’, por ser uma das principais referências técnicas do plantel corintiano, além de ser jovem, com apenas 25 anos, e ter a parte física em dia. No entanto, o que aconteceu foi exatamente ao contrário.
O revezamento no Timão iniciou na primeira rodada da fase de grupos da Libertadores, quando o clube do Parque São Jorge perdeu por 2 a 0 para o Always Ready, da Bolívia, em La Paz. Nesse jogo, Róger Guedes não iniciou como titular, entrou no intervalo, e já teria dado sinais de insatisfação para algumas pessoas próximas.
Róger também ficou fora dos 11 iniciais no jogo seguinte do Corinthians na Libertadores, contra o Deportivo Cali, da Colômbia, em São Paulo, jogando somente 20 minutos nessa oportunidade.
Mas o primeiro sinal explícito de incômodo do jogador veio após o jogo seguinte, contra o Avaí, pela segunda rodada do Brasileirão, no qual o camisa 9 marcou três gols e disse em entrevista após o jogo que ‘tinha mostrado onde queria jogar’.
Na ocasião, o jogador externava a sua primeira insatisfação com Vítor Pereira, a do posicionamento, já que entendia que rendia mais jogando aberto pela esquerda do que como centroavante. Ainda assim, mesmo deixando recado público para a comissão técnica, o atacante foi ponderado em entrevista dada na saída de campo depois do 3 a 0, com três gols dele, diante do Leão da Ressacada.
– Acho que mostrei onde eu quero jogar. Foi uma conversa sadia que tive com ele (Vítor Pereira), lógico que prefiro jogar aqui, onde me sinto mais à vontade, onde posso usar minha característica de fazer o facão toda hora. E o grupo já me conhece bastante nessa posição também – disse Guedes à época.
No mesmo dia, em entrevista coletiva, o técnico Vítor Pereira justificou a decisão por escalar Róger Guedes como ‘falso nove’ em algumas partidas por falta de peças, elogiou o jogador e reconheceu que o atacante estava certo na sua leitura de rendimento.
– Liderar pessoas é perceber as características específicas de cada personalidade. O Róger é um bom menino, provavelmente é o jogador que eu mais tenho conversado, tem que saber levá-lo para tirar o melhor dele e trazer para o alinhamento que pretendemos. Algumas vezes foi utilizado como atacante por conta ausência de possibilidades. E tínhamos que jogar com o Róger como atacante. Sei que ele prefere jogar da esquerda para dentro, mas precisamos usar com ele como atacante. Ficou um pouco contrariado, se tivesse feito gols, mas hoje fez gols na posição dele, e eu tenho que dar razão, porque pelo lado esquerdo vai para dentro com o pé com esquerdo. Vamos ter que fazendo essa gestão – respondeu VP em entrevista coletiva no mesmo dia.
O problema é que o hat-trick contra o Avaí não foi o divisor de águas que se esperava para a guinada do futebol de Róger Guedes e a reconstrução da relação entre o atleta e o treinador. Pelo contrário, foi ali o início de uma derrocada do camisa 9 no Timão, que não marcou mais gols desde então.
Róger foi titular no clássico contra o Palmeiras, jogo seguinte ao triunfo contra o time avaiano, mas foi muito mal em uma partida em que todo o Corinthians não foi bem e perdeu por 3 a 0 para o arquirrival na Arena Barueri.
Na sequência, mais um jogo de Libertadores que Guedes não começou jogando. Contra o Boca Juniors, da Argentina, na Neo Quimica Arena, o atleta só entrou em campo no intervalo. E nos dois compromissos sequentes pela competição continental, contra Deportivo Cali, na Colômbia, e Boca, em Buenos Aires, o atacante nem saiu do banco de reservas.
Róger Guedes foi titular em três jogos seguidos pelo Brasileirão, contra Fortaleza, Red Bull Bragantino e Internacional, mas em todos passou em branco.
No clássico contra o São Paulo, em Itaquera, no último fim de semana, foi relacionado, mas, assim como os dois últimos compromissos pela Liberta, não entrou em campo.
Questionado, após o duelo contra o Tricolor, sobre a ausência de oportunidades dada ao camisa 9, o técnico Vítor Pereira foi mais enfático do que a primeira declaração, dada há mais de um mês, e disse que não tem sentido confiança no que o jogador tem apresentado no cotidiano de treinamentos atualmente.
– O Róger passou por um momento muito bom e hoje está com dificuldades de responder no treino. Eu queria que ele me transmitisse a confiança de que posso contar com ele, mas não sinto isso e nem nos treinos e jogos há uma indicação de melhora. Tenho que tomar as minhas decisões com base no que ele está fazendo agora e não com o que ele já fez – declarou Vítor Pereira.
A resposta desagradou ainda mais Róger Guedes, que já estava insatisfeito com o treinador há cerca de dois meses. O atleta, então, repostou em uma das suas redes sociais uma publicação do perfil da plataforma de estatísticas esportivas ‘SofaScore’, que mostra números positivos dele próprio na fase ofensiva corintiana.
Antes, após a vitória corintiana por 1 a 0 sobre o Fortaleza, pela quarta rodada do Brasileirão, na Neo Química Arena, no último dia 1º de maio, Róger Guedes já havia falado sobre o esquema de rodízio promovido por Vítor Pereira, afirmando que os jogadores só sabiam se jogariam ou não no dia da partida.
– Hoje a gente só soube o time na preleção, no dia do jogo mesmo. A gente nem consegue avisar a família que se vai começar jogando ou não. É se adaptar ao que o Vítor vez fazendo, esse rodízio. A gente sabe que todo o atleta deseja entrar em campo todo jogo durante os 90 minutos, mas a gente tem que acatar a decisão dele (Vítor Pereira) – disse Guedes no episódio.
Em má fase dentro de campo e com o ambiente ruim com o treinador, informações obtidas pela reportagem do LANCE! aponta que Róger Guedes e o seu estafe não descartam a possibilidade de deixar o clube alvinegro na janela do meio do ano. O contrato do camisa 9 com o Timão vai até agosto de 2025 e qualquer saída do atleta do Timão precisaria ser bem amarrada com o clube.
O Corinthians contratou Guedes no segundo semestre do ano passado, após o jogador conseguir uma rescisão contratual amigável com o Shandong Taishan, da China, e ficar livre no mercado.
No fim da temporada passada, o Krasnodar, da Rússia, em valores próximos a 12 milhões de euros (R$ 76,7 mi, na cotação da época), mas ela não foi aceita pela cúpula corintiana.
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