Denunciado em 2014 pela Operação Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro, o empresário português Antônio Manuel de Carvalho Baptista Vieira possui ligações estreitas com a empresa Apollo Sports Capital, que reúne companhias interessadas em investir no futebol e se tornou patrocinadora do Corinthians em setembro deste ano - uma das empresas parceiras da Apollo é o Café Bom Dia, que tem estampado sua marca nas costas do uniforme do Timão nos últimos jogos desta temporada. A informação foi revelada pelo portal UOL nesta segunda-feira.
A Apollo foi criada em 2016 e tinha capital de R$ 11 mil até o meio deste ano. Em junho, o patrimônio saltou a R$ 121 milhões, graças às inclusões de 50% das ações do Café Bom Dia e terrenos em São Desidério (BA) e Itanhaém (SP). Os terrenos no litoral paulista pertencem à empresa "Marjorie do Brasil", que por sua vez é propriedade de duas outras firmas com sedes em paraísos fiscais, a "Accra" e a "Marjorie Overseas". O representante destas empresas no Brasil é justamente o empresário português.
A ligação entre Antônio Manuel e a nova patrocinadora não para por aí: o Café Bom Dia possui três sócios, sendo dois da família que fundou a marca e uma empresa chamada "Global Coffee Trading Company". Em processo movido pelo BicBanco (atual CCB Brasil) em 2015, o português foi citado como avalista da firma sócia do Café Bom Dia. Além disso, a Apollo possui três conselheiros gestores: Michael Gruen, Eduardo Rosner e Helenilton Pontes, que declaram o mesmo endereço como residência, no local onde funciona o escritório de advocacia José Silva, que representa Antônio Manuel na Lava Jato.
Outra ligação foi revelada pelo portal Globoesporte.com: em outubro de 2015 o Corinthians assinou contrato com uma empresa chamada "Vector Serviços de Pagamentos", que tinha dois sócios na época do contrato. A dupla se retirou da sociedade em 3 de maio de 2016, quando a empresa foi comprada por Michael Gruen (o conselheiro gestor da Apollo), Hercilio Minchetti Garcia e Antônio Manuel.
Antônio Manuel é réu da Lava Jato desde 2014, acusado de lavar dinheiro juntamente com o doleiro Alberto Youssef, preso desde março daquele ano, em valor superior a 3 milhões de dólares. O dinheiro seria usado para pagamentos de propina no exterior. A denúncia foi rejeitada pelo juiz Sérgio Moro sob a alegação de que "não há maior esclarecimento do motivo, ainda que ilícito, de tais transferências" e "necessita de aprofundamento da investigação".
A Apollo acertou contrato com o Corinthians por três anos e pagará R$ 23 milhões neste acordo - a primeira parcela do acordo será paga no fim de outubro, no valor de R$ 1 milhão.