Libertação do Corinthians completa cinco anos e mantém legados até hoje
Em 4 de julho de 2012, Timão venceu o Boca Juniors na final da Libertadores e conquistou sua primeira Libertadores, acabando com piadinhas e criando métodos que ainda seguem
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- A Libertadores realmente libertou, é um orgulho muito grande, ainda mais no Corinthians. Quando você se depara como dono de uma conquista assim é como se fosse um sonho. É coisa de cem anos, de pai para filho, de filho para avô, são gerações envolvidas.
O depoimento do meia Alex ao LANCE! resume a dimensão de um dos títulos mais importantes da história do Corinthians. Cinco anos depois, o Timão celebra 4 de julho de 2012, o dia de sua libertação, nesta terça-feira. Foi há meia década que Emerson Sheik construiu a vitória por 2 a 0 sobre o tradicional Boca Juniors (ARG), exterminou as piadinhas dos torcedores rivais e colocou sua plaquinha na taça mais importante do continente americano.
- É uma coisa que jamais será esquecida. Passaram cinco anos e em cinco anos a ficha não caiu direito ainda. É o reconhecimento do torcedor na rua, o nome de "Chicão do Corinthians", não só Chicão, é a história escrita. Até hoje esse título é de arrepiar - diz o ex-zagueiro Chicão do Corinthians, um dos quatro jogadores que estiveram em campo em todos os jogos da campanha, ao lado de Fábio Santos, Leandro Castán, Ralf e Paulinho.
Pela visão de jogadores que estiveram na campanha histórica, torcedores e profissionais do dia a dia do Corinthians, confira a seguir alguns dos legados do "dia da libertação" do Corinthians. Afinal, foi muito mais que um título.
ENTROU NO CALENDÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO
Em 10 de maio de 2013, menos de um ano após o título, a Câmara Municipal de São Paulo promulgou uma lei que estabeleceu o dia 4 de julho como "Dia da Independência Corintiana" na cidade de São Paulo. A conquista histórica está no calendário oficial da maior metrópole brasileira!
MARCOU A IMPORTÂNCIA DE TER UMA DEFESA SEGURA
Com oito vitórias e seis empates ao longo dos 14 compromissos da Libertadores, o Corinthians sofreu somente quatro gols em todo o percurso na competição. A média de 0,28 sofrido por jogo foi um dos fatores preponderantes na campanha que ocasionou o título e é marca de trabalhos vitoriosos do Timão até hoje em dia, como diz Chicão, zagueiro multicampeão pelo clube.
- Para mim, o maior legado que existe é o time ter definido aquele estilo de jogo como identidade. Não tenho dúvida de que essa foi uma das coisas boas que ficou para o clube, fundamental no sucesso que acontece hoje em dia, de ser um time sem craques, mas que valoriza muito o coletivo e sofre poucos gols - diz o ex-zagueiro, aposentado desde o fim de 2015.
ENCERROU TENTATIVAS COM VETERANOS
Inscrito pelo Corinthians na Libertadores com a camisa 10, o atacante Adriano Imperador causou um baque importante durante a campanha. Após um treinamento, ele se recusou a se pesar no CT Joaquim Grava e o comportamento fez o técnico Tite cortá-lo da partida contra o Cruz Azul, no México, ainda pela primeira fase. O experiente jogador teve o contrato rescindido e encerrou uma sequência de apostas do Timão em veteranos badalados, como Ronaldo e Roberto Carlos.
CONSOLIDOU O GOLEIRO CÁSSIO, TITULAR ATÉ HOJE
Revelado pelo Grêmio e depois de quatro anos de pouco sucesso no PSV (HOL), o goleiro Cássio ficou um mês só treinando antes de ser apresentado como reforço do Corinthians, em fevereiro de 2012. Ele ficou com uma das vagas na Copa Libertadores e virou titular no jogo de ida das oitavas de final, contra o Emelec (EQU). Além da má fase de Julio César, contou a favor de Cássio a altura. Deu certo.
Hoje, Cássio soma 292 partidas pelo Corinthians e é o goleiro com mais títulos pelo clube em 106 anos de história - o Paulistão foi a sexta taça, uma a mais que os ídolos Ronaldo, Dida e Gilmar. Titular em 2017 após um ano de oscilações, o goleiro ainda é um dos capitães mais frequentes da equipe.
VALORIZOU ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA
- O legado ao clube foi demostrar que o Corinthians organizado é uma potência, politicamente e administrativamente dizendo - diz o meia Alex, que atuou em 12 dos 14 jogos da Libertadores de 2012.
Presidido naquela ocasião por Mário Gobbi, com diretoria de futebol ocupada pelo atual presidente Roberto de Andrade e participação efetiva do ex-presidente Andrés Sanchez, o Corinthians conseguiu se organizar politicamente durante determinado período, ao contrário do que ocorria até 2007, quando foi rebaixado. Um exemplo foi a manutenção do técnico Tite em 2011, após eliminação na pré-Libertadores. O Timão também chegou a enfrentar problemas durante esses cinco anos pós-conquistas, principalmente em 2016, com atrasos de salários, troca de treinadores e até pedido de impeachment do presidente Roberto de Andrade.
DIMINUIU A PRESSÃO EM TORNEIOS INTERNACIONAIS
A conquista da Libertadores representou o fim de um jejum histórico nesta competição e marcou também um período de maior paz do clube e da torcida para disputar o próprio torneio e também outros campeonatos internacionais. O clube conquistou o Mundial de 2012, a Recopa de 2013 e disputou a Libertadores em três de suas cinco últimas edições.
- O Corinthians nunca havia conquistado a Libertadores e a pressão era muito grande, constante. Na verdade por se tratar de Corinthians já é uma pressão grande, ainda mais em um torneio desse nível. Mas na época tivemos um técnico, o Tite, que foi competente, soube administrar essa pressão e traçou uma estratégia que deu certo. Jogar pressionado é difícil, mas o Tite nos deu tranquilidade e confiança - explica o atacante Elton, presente em metade dos jogos da Libertadores de 2012.
ACARRETOU EM FORTALECIMENTO NOS BASTIDORES
Internamente, dirigentes do Corinthians consideraram a imagem do clube muito mais forte nos bastidores, perante Conmebol, outros clubes e federações internacionais, após o título da Libertadores. Como tratou-se de uma conquista inédita, o Timão se tornou um clube mais respeitado em cenário continental.
"SEGUROU" ALESSANDRO, QUE HOJE É DIRIGENTE
O lateral-direito Alessandro não atuou em cinco dos 14 desafios do Corinthians na Copa Libertadores, mas foi o responsável por erguer a taça após a vitória contra o Boca Juniors (ARG) em 4 de julho. Algumas semanas antes, o jogador perdeu a posse de bola para o vascaíno Diego Souza durante partida das quartas de final da competição, mas foi salvo por Cássio, que defendeu e incendiou o Pacaembu até Paulinho marcar o gol da classificação.
Em novembro de 2013, Alessandro pendurou as chuteiras como um dos maiores campeões da história do Corinthians, mas não deixou o clube de vez. Em janeiro de 2014 ele se tornou coordenador técnico e em junho do ano passado assumiu a gerência de futebol, cargo que desempenha até hoje.
SACRAMENTOU ESTILO DE JOGO REPETIDO POR CARILLE
Auxiliar da comissão técnica de Tite em 2012, Fábio Carille dirige o Corinthians desde o início do ano e acumula marcas positivas, com o título do Campeonato Paulista, a boa condição na segunda fase da Copa Sul-Americana e a liderança incontestável do Brasileirão após 11 rodadas. No time, o esquema tático atual é igual ao de 2012, assim como o foco nos trabalhos e aperfeiçoamento defensivo.
COLOCOU FIM ÀS PIADAS DOS ADVERSÁRIOS
Talvez seja o maior entre todos os legados, que é a satisfação do torcedor, inclusive ao responder as zoeiras dos rivais. Último time entre os grandes paulistas a conquistar a Libertadores, o Corinthians encerrou as piadas que ouvia e abriu caminho para novas e importantes conquistas do maior campeão brasileiro da década.
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