Luiz Gomes: ‘Ao demitir Danilo Avelar, Corinthians dá limites ao futebol’

Timão rescindiu o contrato do jogador após caso de racismo na internet

imagem cameraDanilo Avelar teve o contrato rescindido após caso de racismo (Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 26/06/2021
22:52
Atualizado em 27/06/2021
09:10
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Foi uma semana atípica. Como regra, o ambiente do futebol costuma ser um mundo à parte, uma espécie de bolha onde ninguém - ou poucos - se sente obrigado a tomar posições a assumir um papel de voz ativa na sociedade e onde quase tudo é permitido, clubes toleram abusos de jogadores, a CBF tolera abusos dos cartolas e forma-se o círculo vicioso da impunidade.

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Dois casos marcaram a diferença, tiveram respostas rápidas e contundentes. Um fora de campo, o do zagueiro corintiano Danilo Avelar, outro dentro das quatro linhas, ou a margem do gramado, envolvendo o atacante Bruno Silva da Chapecoense. Em comum, um mesmo desfecho: o afastamento dos jogadores.

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Como bem definiu essa semana o Lance! Espresso, newsletter diária deste LANCE!, assinada pelos jornalistas Rodrigo Borges e Fábio Chiorino, ao rescindir o contrato de Danilo Avelar, flagrado em ofensas racistas durante um jogo de videogame, o Corinthians estabeleceu limites do que considera aceitável dentro ou fora do ambiente esportivo. E, definitivamente, racismo não é algo que possa ser tolerado ou enxergado como uma polêmica qualquer. A punição extrema foi proporcional à gravidade do ato que a provocou. E à repercussão que teve na Fiel torcida e entre os patrocinadores, que já não toleram mais a associação de suas marcas a posições que desrespeitem a diversidade e o senso comum. 

É verdade que cabem perguntas. Não fosse Danilo Avelar e sim Cássio, Gil, Fagner ou um outro jogador de maior importância para o elenco, ídolos e patrimônio do clube, a decisão teria sido a mesma? O afastamento não seria mera cortina de fumaça levantada pelo presidente Duílio Monteiro Alves e sua trupe - a exemplo da punição a Jô pelo uso da chuteira verde - um mero factoide para desviar atenções do mau momento do time e das finanças do clube?

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No segundo caso da semana, ao afastar o atacante Bruno Silva por uma rasteira e um soco gratuitos em jogadores do Internacional, a Chapecoense deu um sinal bem claro de que para ganhar não vale fazer de tudo, que existem regras que devem ser cumpridas e acima de tudo princípios e valores que precisam ser respeitados. Dentro e fora dos gramados. Melhor ainda quando o clube anuncia que o jogador receberá apoio psicológico para controlar seu ímpeto agressivo.

Atitudes reprováveis no mundo do futebol não são uma novidade. Durante a pandemia, para não voltar muito no tempo, não foram poucos os flagrante, de norte a sul do Brasil, de jogadores aglomerados em boates, participando de festanças clandestinas, muitas vezes sem máscara e sem seguir protocolos. Gabigol, escondido sob uma mesa no cassino ilegal de São Paulo, foi apenas o caso mais notório. Sequer a acelerada linha dos mortos - hoje mais de 500 mil - não foi capaz de deter esse tipo de gente que se vê acima do bem e do mal. E a tolerância de clubes sempre na defensiva, é o estímulo de que precisam

Será que as decisões do Timão e da Chape indicam que tudo vai mudar?

Obviamente que não. Mas, seja por demagogia ou de fato por boa intenção, ao menos nesses casos as decisões foram as mais corretas. E o que é mais importante, contribuíram para alimentar o debate e despertar reflexões, o melhor caminho para avançar no futebol tupiniquim.

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