- Fábio, reza para você não perder seu centroavante, porque se perder vai ser complicado.
A frase repetida por Alessandro Nunes, gerente de futebol do Corinthians, ao técnico Fábio Carille durante as férias dá ideia da importância que teria Jô no planejamento do time para 2018. Ao ponto de o dirigente dizer que acendia uma vela a cada dia para não surgirem ofertas pelo artilheiro. Mas surgiu, Jô foi vendido ao Nagoya Grampus (JAP), e a vela de Alessandro agora será para encontrar um substituto à altura.
Negociado por cerca de R$ 43 milhões, Jô se despedirá hoje do Corinthians em uma entrevista coletiva no CT Joaquim Grava ao lado do presidente Roberto de Andrade. Deixa o Timão órfão, tamanha sua importância e dificuldade para encontrar um novo camisa 9. A começar pelo aspecto financeiro.
Apesar de receber uma bolada pela venda de Jô, a diretoria do Corinthians garante que não abrirá o cofre para contratar o substituto. Com o clube em situação financeira delicada, os cartolas entendem que é preciso manter a mesma política de austeridade na busca por reforços, sem maiores investimentos. A maior parte do dinheiro, no caso, será utilizado para abater débitos do clube. Dessa forma, as opções no mercado ficam ainda mais escassas.
Desde que foi noticiada a venda de seu centroavante, o Corinthians foi procurado por diversos empresários, oferecendo camisas 9 de diversos perfis. Dentre eles estiveram nomes de peso, mas a diretoria nem cogitou justamente pelos altores valores envolvidos. Jogadores com pedidas salariais entre R$ 600 mil e R$ 800. Foram vetados.
Além disso, aumenta ainda mais a lamentação dos dirigentes e membros da comissão técnica quando se pega o custo-benefício de Jô. Contratado no início do ano passado sob enorme desconfiança, o centroavante veio com salário considerado bem abaixo dos grandes camisas 9 do país. Marcou 25 gols na temporada, foi artilheiro do time na conquista do Paulista e do Brasileiro, sendo nesse o primeiro corintiano goleador máximo na história. Muito melhor que a encomenda.
Essa performance acabou sendo o maior responsável pela saída do jogador. Com o desempenho além do imaginado em 2017, a diretoria do Corinthians já tinha em mente que dificilmente não apareceria uma oferta tentadora. Ainda mais pela forte influência de Giuliano Bertolucci, agente de Jô. Era favas contadas.
Agora, o Timão se volta ao mercado nacional e diz ter apenas "uma bala" para contratar o novo 9. Ou seja, não pode errar. Até por isso recuou na negociação com o Santiago Tréllez, do Vitória. O interesse do atacante de 27 anos veio antes da venda de Jô, e seria como mais uma opção no elenco. Agora, diretoria e comissão técnica entendem que será preciso subir o grau de exigência para a contratação. Neste caso, deverá acontecer apenas um investimento, portanto distanciando o colombiano do clube.
Nomes como o de Henrique Dourado, do Fluminense, também artilheiro do Brasileiro ao lado de Jô, Roger, que deixou o Botafogo para o Internacional, e Ricardo Oliveira, do Santos para o Atlético-MG, foram analisados, mas em nenhum caso houve avanço. A ordem é não se precipitar.
Enquanto isso, o time inicia a temporada sem o camisa 9 que deseja. As opções no elenco são o turco Kazim e o garoto Carlinhos. Júnior Dutra, contratado para esta temporada, disse em sua apresentação que não é centroavante, apenas "falso 9". O Corinthians está órfão.