Em São Paulo, seis corintianos são detidos por ameaças à juíza
Torcedores intimidaram autoridade que decretou a prisão de 31 corintianos por briga no Maracanã, no última dia 23, no jogo entre Flamengo e Corinthians pelo Brasileirão<br>
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Em operação realizada pela Delegacia de Crimes de Informática do Rio em parceria com a polícia de São Paulo, seis torcedores do Corinthians, membros de uniformizadas, foram detidos na manhã desta terça-feira acusados de ameaçar a juíza Marcela Assad Caram. Ela foi responsável por determinar a prisão de 31 torcedores envolvidos na briga no jogo entre Flamengo e Corinthians, realizado no Maracanã, no último dia 23, pelo Brasileirão.
Os suspeitos foram encaminhados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da capital paulista. Os corintianos devem responder por associação criminosa e coação no curso de processo, entre outros crimes. Ao todo, foram emitidos 21 mandados de busca e apreensão e dez de prisão temporária.
De acordo com a Polícia Civil do Rio, um dos torcedores detidos nesta manhã, na operação que se deu por volta das 5h (de Brasília), esteve envolvido na morte do jovem Kevin Espada, atingido por um sinalizador em Oruro, na Bolívia, em 2013. Ainda outros três, dos seis, têm passagens por crimes relacionados à intolerância no esporte.
Em comunicado divulgado pela Polícia Civil fluminense, a delegada Daniela Terra se manifestou, deixando claro que é inadmissível ameaças - neste caso, feitas via Facebook - a uma autoridade judicial.
- As ameaças proferidas contra a juíza e sua família com o objetivo de intimidá-la na prática de seu ofício são um afronta ao Poder Judiciário - disse Daniela.
Antes ainda, a Associação de Magistrados e Juízes do Rio de Janeiro (Amerj) já havia se manifestado sobre as ameaças à Marcela Assad Tavares.
Confira a nota da AMAERJ na íntegra:
A AMAERJ manifesta seu integral apoio à juíza Marcela Assad Caram, que vem sendo covardemente ameaçada nas redes sociais, após ter mantido presos 31 torcedores do Corinthians responsáveis por agressões a policiais, em partida contra o Flamengo, domingo (23) no Maracanã.
A magistrada exerceu sua função de acordo com a lei e sua convicção em um caso grave, que infelizmente se repete nos estádios de futebol de nosso país. Desde então, tem recebido virulentas agressões verbais e ameaças pelas redes sociais. Fotos suas e de sua família foram reproduzidas pela internet, junto a comentários ofensivos e estimulando a violência, expondo sua segurança e a de seus parentes.
A AMAERJ considera inadmissíveis atitudes criminosas como essas contra um magistrado no exercício de sua função e solicita aos órgãos competentes imediata atuação para identificar e responsabilizar os responsáveis.
Confira a nota da Torcida Organizada Gaviões da Fiel:
Os Gaviões da Fiel Torcida informam que não tiveram acesso ao processo das seis prisões realizadas na manhã desta terça-feira (8), mas contribuirão com as informações necessárias aos órgãos responsáveis. Desde o início a diretoria se colocou à disposição para maiores esclarecimentos.
A princípio, de acordo com o apurado até agora, essa ação apenas reforça a indignação da diretoria dos Gaviões da Fiel com a manutenção da prisão arbitrária dos 31 torcedores no Rio de Janeiro. Mais uma vez, decisões judiciais são utilizadas de forma política para criminalizar os torcedores organizados.
Tivemos acesso às mensagens que, segundo consta no pedido de prisão, apresentam "ameaças" à integridade da família da juíza Marcela Assad Caram, que decidiu pela a manutenção da prisão dos 31 inocentes. Conforme consta nas imagens, não há nenhuma ameaça ou conteúdo que justifique a prisão. Apenas um relato de desabafo dos torcedores por conta da decisão.
Não gostar dos questionamentos ou do conteúdo das mensagens recebidas é um direito de qualquer cidadão. Porém, é de se espantar que decisões judiciais que determinam a PRISÃO de uma pessoa possam ter sido baseadas no conteúdo expresso nas imagens abaixo. Tais atos mais se assemelham a um Estado de Exceção do que propriamente justiça. Mais uma vez, reiteramos que a diretoria dos Gaviões da Fiel está à disposição para qualquer esclarecimento que possa colocar em liberdade os 31 torcedores inocentes.
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