Sheik não pensa em aposentadoria e dá prazo para jogar pelo Corinthians
Apresentado pelo Corinthians nesta sexta-feira, atacante de 39 anos assinou contrato apenas até o fim de junho e falou que quer voltar a jogar em duas ou três semanas
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Emerson Sheik assinou contrato com o Corinthians apenas até o fim de junho, mas descartou se aposentar após o término do vínculo. O atacante de 39 anos disse que ainda não tem planos para o restante da carreira.
- Eu venho com contrato de seis meses, mas a ideia, já deixando claro, é não ter aposentadoria. Obviamente que em 180 dias muitas coisas podem acontecer, mas a ideia não tem a ver com a aposentadoria. "O Emerson está vindo para o Corinthians para se aposentar". Isso é lenda. Eu vim aqui para jogar. Depois vou ver o que vou fazer no futuro - afirmou Sheik, em sua apresentação nesta sexta-feira.
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Sheik não atua desde o dia 8 de novembro do ano passado, quando defendia a Ponte Preta. Ele iniciou os trabalhos no Corinthians na última terça-feira e projetou ficar à disposição do técnico Fábio Carille em duas ou três semanas.
- Me sinto geneticamente privilegiado, tenho 39 anos, fiquei quase dois meses sem nenhuma atividade, no início do ano estava com um personal trainer, que é completamente diferente do que estar treinando com profissionais ligados ao futebol. Sendo bem direto: eu quero jogar, gosto de jogar, sou peladeiro no bom sentido. Duas ou três semanas. Mas isso é um pensamento meu. Sou atleta, não sou fisiologista ou preparador físico. Eles que vão decidir - disse.
Em sua entrevista coletiva nesta sexta-feira, o atacante disse que pretendia usar a camisa número 77, falou que não chega para substituir o Jô e voltou a se declarar ao Corinthians. Confira abaixo:
Foi contratado pelo que já fez ou pelo que pode fazer?
Engraçada essa pergunta, porque desde que fui anunciado e saiu a primeira matéria, surgiram alguns comentários que falavam de gratidão. Corinthians ter gratidão é brincadeira, né? Eu que tenho gratidão pelo Corinthians. Vou passar o resto da vida sem poder pagar. Aprendi com um cara que se chama Adenor (Tite) que o futebol é dentro do campo, tem de provar dentro do campo. Sei que tenho muitas histórias, mas voltei a treinar e daqui a pouco estou jogando. E daí, cada um de vocês que queira essa resposta, vai poder me ver atuando. Talvez minha resposta não seja da maneira que eu mais gosto, falando, e sim dentro de campo jogando. Espero poder dar a resposta a todos vocês jogando, porque é isso que eu gosto de fazer e por isso que vim para cá, para jogar.
Qual função pode fazer? Pode ser o substituto de Jô?
Substituir o Jô é difícil, é um jogador com características completamente diferentes. Não só minha, como do elenco todo. Vou iniciar os treinos e tentar entender a ideia do Fábio (Carille), me adaptar onde ele achar melhor. Como jogador, quero jogar, né? É uma resposta padrão. Quero jogar, até de goleiro (risos). Mentira. Vamos ver onde o Fábio vai achar melhor.
Como foi a conversa com Carille para voltar?
Sempre deixei claro o desejo de voltar, sou apaixonado por esse lugar e pela torcida. Não acho vergonhoso falar isso. Pelo contrário, tenho orgulho. Quando beijei a camisa ali, beijei porque amo isso aqui, eu gosto mesmo. Não foi um "ah, vou beijar porque sei lá..." Eu beijei porque gosto. Eu estava conversando com o Fábio no evento beneficente que eu fiz no Rio de Janeiro, e dali surgiu, não lembro como, sobre o futuro. Meu empresário tinha algumas possibilidades, no Brasil e fora, voltar para o mundo árabe. Daí começou o namoro, e estou aqui. O Fábio é um cara que eu conheço desde sempre aqui no Corinthians e me surpreendeu muito na conversa, porque em 20 minutos mostrou por que foi campeão brasileiro e paulista. Ele conseguiu com grandeza separar o profissionalismo da vida pessoa.
Sheik beija o escudo do Corinthians: "isso aqui é de verdade" #lanceCOR pic.twitter.com/a3VIJ2dATp
— Guilherme Amaro (@guiamaro_) 19 de janeiro de 2018
O que fez pela Ponte no ano passado te credenciou a voltar?
O que aconteceu na Ponte, certamente me ajudou muito para que eu estivesse aqui hoje. Eles têm dificuldade em dar estrutura para o atleta trabalhar em alto nível, e não estou falando mal da Ponte, pelo amor de Deus, isso é um problema de muitos. Mesmo com essas dificuldades, consegui fazer bons jogos, e isso me credenciou. "Ah, mas a Ponte caiu". Mas teve uma série de coisas. Claro que minha história aqui no Corinthians me ajudou, mas se eu não tivesse atuado no ano anterior na Ponte não estaria aqui. Fiz boas partidas, e isso chamou a atenção não só do Corinthians, como de outros.
Tem alguma dor muscular? Pode ir até os 43 anos, como o Zé Roberto?
Não tenho dor. Voltei a treinar agora, é normal ter dor muscular. Nunca tive uma lesão muito grave. Mas 43 anos só o Zé Roberto mesmo, ele é um fenômeno. Não pretendo ir até os 43, não. Eu estou feliz hoje, e quero estar mais. Para isso eu preciso jogar bem, e estou me preparando para isso. Abri mão de muitas coisas, inclusive dos amores da minha vida, que são meus filhos. Eu coloquei na balança e entendi que queria estar aqui. E quero fazer valer isso.
Pensa em renovar seu contrato até o fim do ano?
Não pensei em ir até o fim do ano no Corinthians. Estou pensando em seis meses, que é o tempo do contrato. Vou fazer o melhor nesse tempo. Se eu vou continuar aqui ou não é outra história. Mas essa oportunidade que o Corinthians me deu tem um prazo. São seis meses, e nesses seis meses vou fazer tudo de melhor. Certamente não vou querer apagar em seis meses o que construí em muitos anos.
Já conversou sobre o número de camisa?
Sempre joguei com a 11 em todos os lugares, joguei no Botafogo com a 7 porque o presidente pediu, acho que era do Garrincha, sei lá, não era da minha época. Eu gosto da 11, mas minha volta aqui ao Corinthians me fez entender que simplesmente só quero vestir a camisa do Corinthians independentemente de número. Poder vestir a camisa, entrar em campo e representar os 40 milhões de torcedores para mim já é o máximo. Tive uma ideia irada, não sei se vai agradar.
Qual ideia foi essa?
Não sei se posso falar... Não sei se vai ser, inclusive acho que não vai. Mas tive a ideia da 77, que seria uma homenagem ao título de 77. Mas implica em outras coisas, porque tem competições que não chegam a esse número. Vamos achar outro número bacana.
Por que preferiu voltar do que priorizar a parte financeira ou o descanso?
Eu já saí do Brasil porque a proposta foi muito boa financeiramente. Já larguei, no bom sentido, porque a proposta de outro clube era muito boa. Os atletas têm hábito de dizer que carreira de futebol é curta, tem que aproveitar e "bla bla bla". Tenho outra resposta que não vou dar para não criar polêmica com a classe. Tinha sondagem financeiramente melhor, mas estou aqui porque busco a felicidade o tempo inteiro. Nada do que fosse me oferecido, e não estou falando de muita coisa, eu não iria. Aqui eu sou feliz, passei os melhores momentos da minha vida. Tenho quatro dias agora, de caminhar e lembrar das brincadeiras com sei lá, com o Zizao, Fábio Santos, com o Danilão que está aqui ainda... Isso nenhum dinheiro paga.
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