Torcedor que acusou racismo de argentino reclama da postura do Corinthians; clube se posiciona
'O mínimo era chegar um advogado e estornar o valor do meu ingresso pelo transtorno', diz Felipe Cruz; em nota, Corinthians diz que monitorou toda a situação
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Felipe Cruz, de 23 anos, foi um dos torcedores do Corinthians que saiu no intervalo da vitória por 2 a 0 contra o Boca Juniors, pela Libertadores, para prestar queixa contra Leonardo Ponzo, torcedor do Boca detido por atos racistas na Neo Química Arena.
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Um grupo de policiais militares foi até o setor de visitantes da Arena, em Itaquera, logo após o apito final do primeiro tempo, e retirou o argentino, o levando até o setor do gramado, atrás das placas de publicidade, e conduzindo o torcedor xeneize por todo o setor norte do estádio.
Felipe saiu no intervalo do jogo e, acompanhado os agentes de segurança, foi até um posto policial da Arena denunciar o torcedor racista. Mas ele expressou descontentamento com a falta de apoio fornecido pelo clube durante toda a denúncia.
- Em nenhum momento o Corinthians fez algo para os torcedores que foram denunciar. Não quero nada do Corinthians, mas o mínimo era chegar um advogado e estornar o valor do meu ingresso pelo transtorno. Faria isso mil vezes porque sou negro, filho de negros, minha filha é negra. Se eu não der o exemplo para a minha filha hoje, como eu vou poder falar que ela tem que combater? - disse o jovem ao LANCE!.
Um funcionário da Neo Química Arena entrou em contato com Felipe Cruz, oferecendo um ingresso para alguma outra partida. No entanto, ele afirma ter recusado por receio de ser taxado como oportunista.
De acordo com o corintiano, além de Ponzo, uma mulher também fazia gestos racistas, mas como não conseguiram filmá-la a polícia não teve provas suficientes para levá-la.
- Eu cheguei às 19h40, assim que o portão abriu. Entre 20h e 20h30 este rapaz chegou. A torcida do Boca estava vazia ainda. Estávamos muito perto um do outro. Xingam daqui, xingam de lá. Eu vi ele e uma senhora fazendo gestos. Na filmagem, na hora que ele fez o macaco, já tinham feito outras vezes, e graças a Deus alguém conseguiu gravar. Na filmagem, ele faz e tem uma mulher no corredor. Ela também estava fazendo, mas a gente não conseguiu gravar, então não tem como provar. Foi muito antes de o jogo começar - contou.
Ao identificar os gestos racistas, Felipe procurou um dos seguranças do estádio, mas segundo o jovem ele fingiu não ter ouvido. Foi só quando conseguiu contatar um membro da Tropa de Choque, sem fardamento, que as medidas começaram a serem tomadas.
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O rapaz, que trabalha como auxiliar de cozinha e tem uma filha, reforçou que os gestos feitos por Ponzo não foram direcionados a ele e sim para todos os brasileiros presentes na Arena. Felipe, um dos únicos negros naquela seção da Arena, se sentiu no dever de denunciar o ato racista.
- Em nenhum momento ele fez o gesto para mim, e sim para um todo, para nós todos brasileiros. Quando o policial tirou ele da arquibancada, alguém tinha que ir lá prestar queixa, ninguém queria. Fui com o Wellington e outro rapaz, que não lembro o nome. Não ia dar para trás em um momento assim. Quando teve esse ataque da parte dele, que eu consegui prestar atenção, tinham dois torcedores negros, poderiam ter mais, o resto eram pessoas brancas. Não tinha sentido elas se doerem mais do que eu - ponderou o jovem
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Na tarde desta quinta-feira (28), o Corinthians emitiu uma resposta à reportagem do LANCE! dizendo que acompanhou e monitorou em tempo real toda a situação com o comandante do policiamento do jogo. O clube alegou ter conhecimento de tudo que estava sendo feito junto aos torcedores do Timão.
O clube diz que os torcedores receberam todo o amparo ao longo da operação, e os dois torcedores que primeiro fizeram a denúncia foram levados às suas residências pela Polícia Militar.
VEJA NA ÍNTEGRA RESPOSTA DO CORINTHIANS AO LANCE! SOBRE O CASO
"A respeito da operação realizada na última 3ª feira (26) em caso de injúria racial cometida por torcedor do Boca Juniors na Neo Química Arena, o Sport Club Corinthians Paulista esclarece que:
1) O Corinthians acompanhou e monitorou em tempo real toda a situação junto ao comandante do policiamento do jogo. O clube tinha conhecimento de tudo que estava sendo feito junto aos torcedores do Corinthians que, por iniciativa própria, decidiram ajudar e prestar queixa
2) O Corinthians enviou um advogado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) da Neo Química Arena no momento da ocorrência. Naquele momento, segundo informações da PM, os torcedores acompanhavam a partida na beira do campo enquanto os trâmites necessários eram encaminhados
3) O advogado do Corinthians verificou que os procedimentos eram conduzidos pela Polícia Militar e que as testemunhas não necessitavam de apoio jurídico – uma vez que eram testemunhas, e não partes acusadas
4) O prosseguimento do processo foi conduzido pela Polícia Militar. O Corinthians continuou acompanhando os movimentos, em um trabalho conjunto com a PM. Vale ressaltar que o sistema de monitoramento da Neo Química Arena permitiu a identificação do torcedor argentino
5) Posteriormente, um terceiro torcedor do Corinthians se apresentou e se voluntariou para também ser testemunha. Todos foram, então, ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas – este terceiro torcedor, em veículo próprio
6) Os torcedores receberam todo o amparo ao longo da operação, que o Corinthians acompanhou até o fim, já na madrugada de quarta-feira (27), em contato constante com a PM. Os dois torcedores que primeiro fizeram a denúncia foram levados às suas residências pela Polícia Militar
7) O Corinthians lamenta que as reportagens já veiculadas sobre o assunto não tenham procurado o clube sobre tudo que foi e será feito com respeito aos três torcedores."
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