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Cenário político do Cruzeiro é empecilho para a recuperação, diz presidente do conselho gestor

Saulo Froes explicou também que os interesses de alas divergentes prejudicaram a Raposa no passado. Ele também elogiou o trabalho do conselho que sairá do Cruzeiro em maio

Saulo Fróes diz que teme até outro rebaixamento da Raposa caso as dívidas na FIFA estejam quitadas
Saulo Froes fez um balanço do conselho gestor na Raposa, que já tem 100 dias no clube-(Bruno Haddad/Cruzeiro)

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A vida política do Cruzeiro continua intensa e tensa, mesmo com a parada forçada do futebol pela pandemia do coronavírus. Com eleições para um mandato “tampão” marcadas para o dia 21 de maio, os bastidores celestes para saber quem ocupará a presidência do clube tem disputas de várias alas políticas.

E, na percepção dos membros do conselho gestor, que apresentaram dados do clube para os candidatos à presidência antes de deixarem o comando da Raposa, as disputas por poder no clube estão sendo muito prejudiciais para a instituição.

-A parte financeira do clube você vai conciliando, como nós fizemos. Negociamos com FIFA, credores, bancos, fornecedores e ganhamos credibilidade pelo fato de estar lá. Só olhar o que foi feito durante os 100 dias em que estivemos lá. Agora, a parte política é muito difícil, é muito interesse-disse Saulo Fróes, presidente do conselho gestor, em entrevista à Rádio 98FM, para em seguida lembrar que um gesto político do conselho trouxe de volta Itair Machado, considerado um dos pivôs da maior crise da história do Cruzeiro.

-Por mais que eu tenha respeito ao Conselho do Cruzeiro, vocês sabem o que aconteceu na gestão passada, quando 132 conselheiros assinaram para o Itair voltar, coisa que já tinha acabado com o Cruzeiro. A parte política é muito prejudicial- acrescentou Froes.

O dirigente do conselho detalhou como foi a reunião virtual com os candidatos à presidência e conselho do Cruzeiro, destacando a importância desse processo transparente.

-Acho que é muito importante que eventuais candidatos conheçam os números para saberem o que vão encontrar. Quando nós entramos, em 23 de dezembro, pensávamos que a situação era muito ruim, mas, na verdade, eram um desastre, um cenário de guerra. Depois disso, fizemos um choque de gestão e conseguimos conciliar as contas dentro de uma certa normalidade-disse o presidente do conselho gestor que fez um balanço positivo do tempo de trabalho do grupo que comanda o Cruzeiro a 100 dias.

-Nesse período de 100 dias fizemos um trabalho profissional, organizamos o clube e agora achamos importante os candidatos à presidência e à presidência do Conselho tomarem conhecimento. Apresentamos um raio X de tudo que foi feito durante esse período e de toda a situação que pegamos e a atual. É um divisor de águas, eu tenho certeza que o conselho vai ficar marcado. Se não fosse um conselho gestor totalmente isento, sem ligações políticas, não conseguiria fazer o choque de gestão e deixar o Cruzeiro em condições de partir para outro caminho- explicou.

O conselho gestor do Cruzeiro ficará no clube até 31 de maio, quando entregará a administração para o futuro presidente. Todavia, a ideia era permanecer na Raposa até o fim do ano, concluindo o plano que foi montado para recuperar o time celeste.

O empresário Emílio Brandi era o nome do conselho gestor para comandar o clube até o fim do ano, mas o cenário conturbado na política cruzeirense demoveu Brandi de seguir com a ideia de ficar até o fim de 2020.

-A nossa ideia era permanecer até o fim do ano para que não houvesse uma eleição agora e outra no fim do ano. Achamos que há um desgaste, a parte que perde acaba indo para o outro lado e virando uma oposição nem sempre salutar. Às vezes é uma oposição nociva ao clube. Infelizmente houve um segmento no Cruzeiro, às vezes das alas antigas de conselheiros, que acho que não pensaram no Cruzeiro, e sim em interesses próprios. Não digo especificamente do fato de a pessoa se candidatar, mas acho que não foi pensado nessa visão de ter apenas uma eleição na disputa. Resolvemos tirar o nosso candidato, Emílio Brandi, que achávamos ser a pessoa ideal para comandar até o fim do ano, e voltar à nossa origem de torcedor-disse Saulo Froes.

O Cruzeiro tem dois candidatos à presidência confirmados, o advogado Sérgio Rodrigues e o ex-vice-presidente Ronaldo Granata, além de um possível terceiro nome, o empresário Giovanni Baroni, que deve deixar a disputa pelo conselho e tentar o cargo máximo da Raposa. As chapas e os candidatos deverão ser oficializados até 11 de maio, dez dias antes das eleições.

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