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Cruzeiro cria comissão para monitorar contratos da base

Após outra denúncia de cessão irregular de direitos econômicos de atletas com menos de 16 anos, o clube vai fiscalizar as relações em suas categorias de base

Estevão William, o Messinho, é um jovem atleta cobiçado aos 13 anos, sendo usado como moeda de troca por empréstimos pela gestão Wagner Pires de Sá
imagem cameraO meia Estevão William, conhecido como Messinho, foi alvo de duas ações ilegais na gestão de Wahner Pires, por ceder direitos econômicos a empresários-(Divulgação/Cruzeiro)
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Lance!
Belo Horizonte
Dia 11/06/2020
18:17

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Diante de nova denúncia de irregularidades envolvendo contrato com o jovem meia Estevão William, de 13 anos, que teve seus direitos econômicos cedidos a um conselheiro na gestão Wagner Pìres de Sá, o Cruzeiro informa que instaurou uma comissão independente que analisará todos os contratos porventura arquivados e atrelados a jogadores da base.

Os trabalhos da comissão já iniciaram e durante os próximos 30 dias o grupo deverá examinar e verificar se há documentos em desacordo com as legislações esportivas e trabalhistas. O Cruzeiro ainda destaca que, em caso de ilegalidades, as tratativas serão rescindidas unilateralmente e os responsáveis serão denunciados às autoridades competentes.

O Caso Messinho gera a criação da comissão


A origem da criação da comissão que irá fiscalizar a base do Cruzeiro foram as irregularidades da gestão Wagner Pires de Sá e do ex-vice de futebol, Itair Machado, reveladas em denúncia do Fantástico, da TV Globo,em maio de 2019, em várias áreas do clube, incluindo a base celeste.

O caso mais notório de ilegalidade com atletas que não são profissionais é de Estevão William, o Messinho. A direção do clube cedeu 20% dos direitos do meia, ao empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, o que é vetado pela FIFA, por ser um atleta abaixo dos 16 anos, idade mínima para se ter um contrato profissional.

Mas, mesmo depois do esquema ter vindo à tona, menos de um mês depois, no dia 1º de junho, o Cruzeiro repassou outros 15% do atleta à Estrela Sports Ltda, que pertence ao conselheiro Fernando Ribeiro de Morais. A informação foi divulgada inicialmente pelo Uol e o site Deus me Dibre.

A prática de cessão dos direitos econômicos do garoto tiraram 30% do Cruzeiro, que agora possui 70% dos "direitos" de Estevão William.Entretanto, esse negócio foi feito com dupla ilegalidade, pois além de não poder haver uma cessão de direitos de jogador de base, o contrato só valeria para a divisão de percentual caso Messinho se tornasse profissional. Ele está com 13 anos atualmente.

O empresário e conselheiro do Cruzeiro, Fernando Ribeiro de Morais, afirmou que não há ilegalidade no negócio, já que é um acordo para o futuro e ele teria ajudado a família.

-É um acordo de comissionamento futuro, se caso ele vier a se tornar um atleta profissional. É o único documento que poderia ser feito depois de eu ajudar a família por tantos anos. Eu ajudei pagando aluguel, ajudei de todas as maneiras que você me perguntar, mas nunca comprei passe de jogador nem nada. Eu fiz um acordo com o Cruzeiro, não fiz nada de ilegal. Eu só queria ter algo documentado com o clube. Se você colocar aí que me manifestei dessa maneira, é isso- disse, para em seguida comentar que auxiliou a família do jovem meia. .

-Eu ajudei a família e terei um retorno, é diferente do que saiu na televisão que alguém comprou um percentual do 'passe' dele. Eu não comprei. Eu banquei a família e queria uma participação. Esse tipo de negociação, se ele vier a ser um atleta profissional e seguir no Cruzeiro, é uma coisa inclusive que podem manter ou não na atual direção. Eu não quis ficar só na palavra, porque gente que frequenta o clube sabe que eu o ajudei muito. Ele contou com o nosso auxílio-disse.

A FiFA proibiu em 2015 a cessão de direitos de atletas para terceiros. Somente clubes e jogadores poderão ter partes de direitos econômicos. Outra regra da entidade máxima do futebol é veto de contratos profissionais com jogadores menores de 16 anos. Antes disso, os jovens atletas poderão ter apenas o contrato de formação sem direitos econômicos ou federativos.

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