Eleições no Cruzeiro geram divergências entre alas políticas
Há a defesa do pleito somente no fim do ano, mas a atual oposição quer uma eleição em maio e outra no fim do ano para conduzir o clube celeste
Os bastidores do Cruzeiro estão agitados, mesmo em tempos de parada por conta da pandemia de coronavírus. A disputa interna entre as alas políticas do clube para saber como serão as eleições da Raposa, atualmente marcadas pela incerteza, se vão acontecer em maio ou no fim do ano.
Há a defesa do conselho gestor em ter somente um pleito, no fim do ano, para a escolha do novo presidente. Porém, a atual oposição quer que haja uma eleição em dois meses.
A eleição de maio é para eleger um presidente que irá conduzir o clube até dezembro deste ano, em um mandato “tampão”, que encerrará o trabalho do conselho gestor no time celeste.
A proposta inicial é que haja eleições em maio e em dezembro, para escolher o presidente que conduzirá a Raposa no triênio 2021 a 2023, incluindo o ano do centenário estrelado, em 2021.
Até agora, concorrem ao cargo o empresário Emílio Brandi e o advogado Sérgio Santos Rodrigues.
O conselho gestor se posicionou e emitiu uma nota sobre a preferência sobre a melhor data para as eleições do clube. A defesa para que o pleito ocorra somente no fim do ano, na visão do conselho gestor, é que a realização de duas eleições em um ano afetaria as negociações feitas pela a atual administração com credores para reduzir a dívida do clube. A pandemia do coronavírus, que paralisou o futebol brasileiro, também foi citado pelo conselho como motivo para não haver eleição em maio.
Confira a nota do conselho gestor sobre as eleições
Conselho Gestor: O Cruzeiro não suporta duas eleições em um ano
Os representantes do conselho gestor do Cruzeiro vêm a público manifestar seu posicionamento a respeito de duas eleições em apenas um ano e o andamento dos trabalhos de reconstrução do Cruzeiro Esporte Clube.
Nessa quinta-feira, 26 de março, o candidato Sérgio Santos Rodrigues afirmou que as eleições no Cruzeiro devem acontecer de qualquer maneira, mesmo com a crise provocada pela pandemia de coronavírus.
Porém, o momento é de muita cautela, não apenas pelas consequências da doença que assola o mundo, mas também pela situação do próprio Cruzeiro, que voltou a respirar após ser completamente arrasado pelas antigas gestões, culminando com o rebaixamento e a maior crise financeira de sua história.
Em três meses com o conselho gestor o Cruzeiro passou por uma grande transformação, com muitas demissões, revisão e renegociação de contratos, e a diminuição de uma folha salarial de 16 milhões para menos de 3 milhões de reais. Foi contratada a empresa Kroll, para investigação corporativa, iniciada a negociação das dívidas dos processos na Fifa, a defesa para a manutenção do clube no Profut e renegociação das antigas dívidas com os credores.
Tudo isso está evoluindo porque as entidades entendem que o Cruzeiro hoje é gerido por pessoas que buscam soluções para o clube, não qualquer tipo de vantagem. E o Cruzeiro voltou a ter CREDIBILIDADE, perante a todos.
A realização de duas eleições em apenas um ano vai paralisar, ou ainda voltar as negociações à estaca zero, atrasando um processo de retomada de crescimento, justamente quando o clube começa a engrenar, ganhar ritmo na área financeira, administrativa e institucional. E com uma reformulação recente no departamento de futebol. É necessário ressaltar, da maneira mais clara possível: o Cruzeiro será o mais prejudicado.
No conselho gestor não tem nenhum político para ficar fazendo conchavos e alianças, nenhum membro que ao longo das últimas décadas vem almejando a cadeira da presidência. Emílio Brandi, candidato, hoje é o representante do Conselho Gestor e já mostrou que não tem a intenção de continuar neste mundo político da instituição. E o conselho gestor ainda tentou fazer uma composição, na tentativa de evitar um dano maior para o clube com as eleições em maio.
Uma pergunta aqui se faz necessária para a outra chapa. Por que não usar o bom senso, para deixar que o trabalho tenha continuidade por um tempo minimamente razoável?
Todos sabem os motivos que levaram o Cruzeiro à crise, com o rebaixamento no futebol, o nome da instituição em páginas policiais, descrédito em todas as esferas e sem dinheiro nem para o vale transporte das cozinheiras da Toca.
A situação era seríssima e continua muito difícil. Com uma administração austera, após cortar despesas por todos os lados, o Cruzeiro ainda pode ser derrotado se não conseguir manter uma gestão eficiente e não honrar as dívidas com os processos na Fifa, com o possível rebaixamento à Serie C caso não faça os pagamentos.
Portanto, passar por duas eleições em um único ano, com um pleito em maio e outro em outubro, será algo catastrófico para a instituição. O momento é de todos trabalharem para a recuperação do Cruzeiro, não de convencer A ou B para tentar ganhar o seu voto.
Reiterando: em maio o Brasil e o mundo ainda estarão sofrendo com o coronavírus e a sua consequente crise econômica. A intenção é que até outubro o conselho gestor dê uma continuidade ao trabalho, fazendo o que tem que ser feito, dando todo o respaldo para que o futebol siga bem em campo e atinja o objetivo principal, que é o acesso à Série A. Até lá a ‘casa’ estará mais arrumada, para então, democraticamente, se eleger o novo presidente do clube.
Caso ocorra a eleição em maio, promovendo este ‘racha’, neste momento difícil do clube, não haverá candidato do conselho gestor e no dia 31 de maio o grupo encerrará suas atividades, com todos os gestores voltando a ser apenas torcedores.
Conselho Gestor do Cruzeiro Esporte Clube
Sérgio Rodrigues, candidato da atual oposição, também fez um comunicado, defendendo a eleição em maio. Confira.
Boa noite, pessoal! Sobre as eleições do Cruzeiro e a possibilidade de cancelar o pleito no dia 21 de maio e realizar apenas uma eleição em outubro, eu penso:
De antemão, a saúde das pessoas sempre está em primeiro plano. A pandemia é muito séria e é essencial acatar todas as medidas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde de distanciamento e precaução. Sobre isso não há discussão.
Contudo, temos urgência. Novamente alertamos para a necessidade de definirmos o quanto antes uma direção para o clube. É muito improdutivo fazer quaisquer mudanças no comando ao longo do Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro precisa concentrar todos seus esforços em subir para a Série A, com planejamento e segurança, principalmente celebrando seu centenário no próximo ano.
Diante disso, é absolutamente possível atender as duas demandas, tanto manter as precauções de saúde como realizar as eleições. Uma eleição virtual é simples de promover, outros clubes e empresas já o fizeram. O mundo hoje trabalha e opera à distância. Vários conselheiros inclusive endossam a proposta, até mesmo se dispondo a arcar com parte dos custos, no entendimento que resolver logo essa situação é o mais positivo a ser feito.
Outra forma de fazer é por envelopes, assim como procede a Amagis – Associação dos Magistrados Mineiros, para cerca de 2 mil votantes, e a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros, realizada para 20 mil pessoas em todo o Brasil. Inclusive três Desembargadores do Conselho do Cruzeiro aceitam coordenar o pleito dessa forma.
Em suma, o problema da pandemia atual demanda todos os cuidados. Mas a situação em que nos encontramos também requer extrema atenção. Ter um núcleo transitório na gestão por um terço de mandato é um modelo que definitivamente não acreditamos. Como também não acreditamos num clube de futebol gerido por um conselho de oito pessoas. Não existe autonomia e efetivamente não é a melhor solução até outubro.
Com fé em Deus, essa pandemia logo irá passar. Entretanto, a forma como escrevemos nossa história fica para sempre. E não podemos mais errar.