Em má fase esportiva e administrativa, Cruzeiro perde mais de dez mil sócios-torcedores
Além do baixo rendimento esportivo, a pandemia contribuiu para a queda do números de sócios-torcedores ativos da Raposa
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Rebaixado à segunda divisão, em uma crise financeira, esportiva e moral sem precedentes. Esse foi o começo de 2020 do Cruzeiro que estava sem saber o que fazer dentro e fora de campo, para iniciar um processo doloroso de reconstrução, que ainda está em andamento, deixando seu torcedor tenso.
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Com tantos pontos negativos, como a Raposa iria manter por perto seu maior ativo, a “China Azul”? O desafio inicial era conter a debandada de sócios-torcedores. O time celeste tinha no início do ano passado 58 mil sócios e houve uma queda para 53 mil. Porém, o clube azul contabilizou nova queda, perdendo mais 10 mil associados, caindo para 43 mil CPFs ativos. Entretanto, o próprio clube crê que o quadro seja pior com um número menor.
- O Cruzeiro conta hoje com quase 43 mil sócios, que são CPFs cadastrados. Modalidades como o sócio Reconstrução e outras permitiam que um CPF tivesse mais de uma cota, o que torna o número dúbio-disse o diretor comercial Matheus Gonzaga.
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APELO EMOCIONAL PARA GANHAR SÓCIOS
O Cruzeiro foi ao “coração” do torcedor, com o discurso de reconstrução para tirar o clube do “atoleiro” financeiro e esportivo. Assim, a Raposa reformulou seu sócio-torcedor, apresentando uma modalidade mais popular, que teve efeito imediato.
O clube celeste criou a categoria Reconstrução, no valor de R$ 12, que chegou a marca de mais de 29 mil adesões, gerando receitas de R$ 6 milhões em uma semana, somando-se às outras categorias.
Mas, com poucas vantagens para esta categoria, o Reconstrução se tornou pouco efetivo para quem era sócio, gerando nova mudança, com a chegada de Sérgio Santos Rodrigues à presidência.
O Sócio 5 Estrelas se voltou a ser mais tradicional, com cinco planos com mensalidades distintas: Diamante, R$1.000,00, adquiridos por empresários e conselheiros e os demais, Platina, R$159,90; Ouro, R$99,90; Prata, R$69,90; e Bronze, R$23,90. que substituiu o Reconstrução.
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SEM JOGOS E EM MÁ FASE, PEDIR DINHEIRO TEM SIDO UMA TÔNICA
O sócio-torcedor da Raposa tem previsão de receitas em 2021 na casa de 16 milhões de reais por ano, o que é insuficiente para atender a alta demanda de manutenção do clube, que convive com dívidas de quase um bilhão de reais.
A solução? Não foi vender mais planos de sócios, e sim pedir dinheiro ao cruzeirense de forma direta. E assim, o clube criou o “Centavos Cruzeiro”, que seria usado para pagar dívidas na FIFA, que assolam o clube.
Além de doações a partir de um real, os cruzeirenses poderiam doar o seu troco, os centavos que sobram nas compras. Algo parecido com as doações feitas em supermercados para instituições filantrópicas. A iniciativa permitia ao cruzeirense destinar parte do que seria troco em aquisições feitas com cartões de crédito em uma plataforma online. A ideia não teve muita adesão, arrecadando no início R$ 657 mil, mas acabou sendo substituído por outra forma de doação: o Crupix.
O Crupix é mais simples, pois usa a ferramenta criada pelo Banco Central de transferência imediata para qualquer conta, com compensação em 10 segundos. Em vários momentos, a Raposa buscou contar com o dinheiro do torcedor para ajudar a pagar salários de funcionários e despesas do futebol. Até agora, o Crupix conseguiu R$ 33 mil.
PRODUTOS DIGITAIS
A Raposa se uniu à startup Liqi, plataforma de tokenização de ativos através do blockchain, para tokenizar ativos do time, uma forma diferente de investir no clube, usando o mecanismo de solidariedade da FIFA. É como uma moeda virtual que o investidor terá direito de usar para aplicar na Raposa e receber o dinheiro no futuro.
Dentro da família de mecanismo de solidariedade, a princípio, o token do Cruzeiro ofertado pela Liqi, terá o valor inicial de R$ 25 reais para investidores estratégicos e torcedores do clube, com uma venda dividida em quatro lotes. A projeção é captar cerca de 6 milhões de reais para o clube, em um prazo estimado de 30 dias.
O mecanismo de solidariedade é uma estratégia criada pela Fifa com o propósito de recompensar os clubes que formam jogadores, para que possam ganhar uma porcentagem da venda subsequente do atleta. O produto foi lançado em maio deste ano e já arrecadou R$ 1,5 milhão e se mostra com mais potencial de render dinheiro ao clube, porém é um projeto de longo prazo, que não ameniza a crise atual.
O time celeste também usa o super chat em suas transmissões no Youtube para conseguir mais dinheiro. Contudo, com resultados fracos em campo neste 2021, tem recebido mais críticas do que doações dos torcedores.
VOLTA AOS ESTÁDIOS PODE AJUDAR
Sofrendo com uma campanha ruim na Série B, o Cruzeiro espera que os estádios mineiros possam voltar a receber público, ganhando uma alternativa de receitas com o seu torcedor no campo. Apesar da bronca dos torcedores, a Raposa tentará apelar à paixão pelo clube para lotar seus jogos e tentar respirar.
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