Relatório de consultoria entregue ao MP tem pelo menos 12 situações que geraram prejuízo ao Cruzeiro
O Ministério Público irá encaminhar o documento feito pela Kroll à Polícia Civil e seguir com as investigações de fraudes contra o clube
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Os membros do conselho gestor do Cruzeiro entregaram ao Ministério Público de Minas Gerais(MPMG) um relatório com mais de 600 páginas com detalhes da auditoria feita pela consultoria pela Kroll, empresas especializada em gestão de risco, investigações corporativas, compliance e cibersegurança, que vem atuando no clube desde março.
No resumo do relatório divulgado à imprensa, o Cruzeiro informou que houve um mapeamento de conexões familiares e empresariais de 645 pessoas consideradas relevantes, que explicam como houve a saída desregrada de recursos do clube, além de transações e negociações irregulares e ilegais.
-Também foram coletados e analisados documentos corporativos, bases financeiro contábeis e 214 GB de dados eletrônicos advindos de computadores do Cruzeiro. Ao todo, foram analisados 795 documentos, 1.116 transações financeiras e 803 comunicações eletrônicas- diz um trecho do texto que o L! teve acesso.
O Ministério Público de Minas Gerais recebeu o material e vai encaminhá-lo à Polícia Civil, que também está investigando possíveis crimes na gestão da Raposa.
O relatório aponta uma série de decisões suspeitas, que fizeram a dívida do Cruzeiro saltar de R$ 300 milhões, para mais de R$ 850 milhões. Outros trechos do documento mostram como houve gastos sem explicações durante a gestão Wagner Pires de Sá, que durou de 2018 até o fim de 2019. Confira abaixo alguns itens dos desmandos financeiros na Toca da Raposa.
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- O Cruzeiro assinou contratos de intermediação de atletas sem que houvesse qualquer registro, ou autorização da CBF. Os contratos geraram 13 comissões pagas no valor de R$ 13.270.715,00.
- O Cruzeiro cedeu direitos econômicos de jogadores para garantir pagamentos de dívidas e empréstimos, o que é proibido pelo Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol da CBF e da FIFA. Há pelo menos dois contratos envolvidos nessas irregularidades, incluindo de um jogador de apenas 12 anos.
- Apesar de a Lei Pelé e o Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol da CBF vedar a remuneração do atletas menores amadores, familiares de, ao menos, dois jogadores de base O clube também infringiu uma regra da CBF sobre remuneração a atletas menores de idade. Alguns estavam recebendo pagamentos mensais por meio de empresas de consultoria, que foram abertas perto da assinatura dos contratos com os jovens da base.
-Exemplo de como funcionava de forma irregular os acordos nas categorias de base é a cessão feita pelo Cruzeiro de 10% dos direitos econômicos futuros de um jogador ainda menor caso ele se tornasse profissional e posteriormente e se transferir do clube.
- O pagamento equivocado de comissões também faz parte do levantamento da Kroll. A Raposa pagou R$ 7.072.000 em comissões a intermediários de jogadores que já atuavam no Cruzeiro, por terem negociado aumento salarial para os atletas.
- As despesas do Cruzeiro aumentaram em 50% no período entre 2018 e 2019 com relação ao biênio anterior, passando de R$ 770.097.107 para R$ 1.180.676.437 Os salários, que compõem 20% das despesas do clube, também tiveram um aumento do 50%, saltando de R$ R$ 156.581.352 para R$ 234.380.814.
- Entre as despesas analisadas, despesas pessoais e não condizentes com as atividades performadas pelo Cruzeiro, no valor de R$ 80.777,18, foram pagas com cartões de crédito corporativos emitidos em nome de quatro dirigentes, durante o período em análise. Os estabelecimentos incluíram lojas de eletrônicos, lojas de roupas, clínicas de saúde, bebidas alcoólicas, resorts de luxo e casas noturnas de entretenimento adulto.
- Foram realizados, durante o período em análise, pagamentos de notas de débito de dirigentes no valor de R$ 1.548.608, sem qualquer descrição da natureza desses gastos nos registros contábeis. A Kroll requisitou ao Cruzeiro comprovantes que justificassem suas despesas, mas não os recebeu até a conclusão dos trabalhos de investigação.
- O Cruzeiro pagou um total de R$ 8.521.311,80 a empresas vinculadas a dirigentes e/ou seus familiares durante o período em análise. As empresas favorecidas eram, em sua maioria prestadoras de serviços de consultoria e tinham contratos com o clube que abarcavam os serviços performados pelos dirigentes em seus cargos. Há empresas em nome do esposas de dirigentes, que foram pagos com comissões e pagamentos de rescisão não previstos em contrato, bonificação de dirigentes por desempenho do time e recebimentos em duplicidade por parte de dirigentes.
- O Cruzeiro pagou R$ 6.068.078,33 a empresas vinculadas a 52 conselheiros, apesar de o Estatuto Social do clube vedar esse tipo de relação. A Kroll analisou em detalhe pagamentos a 12 conselheiros, que receberam acima de R$ 100 mil e perfazem 83% de todo o valor pago a esta categoria. Os pagamentos analisados referem-se contratos de mútuos, serviços de consultoria, advocacia e compras em estabelecimentos.
- Foram pagos R$ 2.139.653,74 a empresas de consultoria jurídica, tributária e de engenharia com descritivo genérico de atividades e sem comprovação de serviços prestados. Além disso, foram pagos R$ 591.250 em comissão por negociação de contratos com patrocinadores do Cruzeiro.
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