ANÁLISE: Faltam argumentos para Flamengo de Vítor Pereira mostrar que está no ‘caminho certo’
Se fez bons 45 minutos iniciais contra o Vasco, no Maracanã, o Flamengo voltou a apresentar problemas claros na etapa final, terminou derrotado e sob vaias no Clássico dos Milhões
O Flamengo deu bons sinais nos primeiros 45 minutos diante do Vasco, no Maracanã, mas ainda faltam argumentos para reforçar o discurso de Vítor Pereira após o jogo, quando garantiu que o time "está no caminho certo". Apesar de alguns avanços, os problemas foram claros e os mesmos de jogos anteriores. As vaias ao fim do jogo mostram que a torcida não comprou o discurso, e a pressão segue forte sob o treinador, enquanto a direção do clube permanece em silêncio.
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O primeiro tempo de domingo, talvez, tenha sido o melhor sob o comando de Vítor Pereira. O Flamengo impôs seu ritmo de jogo e dominou as ações ofensivas, e tem o "dedo" do treinador nisso. VP manteve Thiago Maia como terceiro zagueiro e a presença dos alas Varela e Ayrton Lucas "anulou" Lucas Piton e Puma Rodríguez. Os laterais rivais, que costumam atacar bastante, praticamente não foram ao campo ofensivo antes do intervalo preocupado com a fase defensiva.
Outra boa notícia foi uma participação mais efetiva de Arrascaeta, jogador mais perigoso do Flamengo na etapa inicial. Por outro lado, Everton Ribeiro esteve abaixo, e Gabigol, de volta à função de centroavante na ausência de Pedro, não se encontrou. Os homens de frente ainda não funcionam em sintonia em 2023, e esse é um dos muitos problemas apresentados pelo Flamengo.
DEFESA AINDA ATUA EXPOSTA CONTRA O VASCO
Apesar do reforço no meio de campo com a entrada de Gerson, que atuou ao lado de Vidal na frente da zaga, o Vasco ainda encontrou espaços para contra-atacar. A transição defensiva do Flamengo ainda é lenta e, muitas vezes, os zagueiros estão expostos, atuando no mano a mano ou tendo que dar o combate próximo ao meio de campo. David Luiz é quem mais tem sofrido com isso neste início de temporada. As atuações do zagueiro o fizeram ser vaiado pela torcida ao deixar o campo.
A bola aérea também vem sendo um problema. Foi explorando essas duas fragilidades que Pedro Raul colocou duas bolas na trave de Santos no primeiro tempo, e o Flamengo não foi para o intervalo perdendo por pouco, apesar de ter finalizado 11 vezes a mais que o Vasco na etapa inicial.
DESGASTE E FALTA DE REPERTÓRIO OFENSIVO
A saída de Thiago Maia - que "fez" Ayrton Lucas e Varela voltarem a ser laterais - desmontou o esquema do Flamengo. E os problemas começaram logo por aí, uma vez que Puma Rodríguez, na primeira vez que foi ao ataque, aproveitou o espaço na entrada da área e marcou o gol do Vasco. Depois, Ayrton Lucas ainda cometeu pênalti, mas Santos defendeu e manteve a equipe no clássico.
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A ansiedade tomou conta do Flamengo, que, sem encaixe coletivo, voltou a abusar dos cruzamentos como no jogo contra o Independiente Del Valle, no qual também precisava do gol. De 12 tentativas no primeiro tempo, o número subiu para 20 após o intervalo. Sem referência na área e com a atuação do goleiro Léo Jardim, a defesa do Vasco não sofreu perigo, de fato, nesta situação.
As substituições feitas por Vítor Pereira também evidenciam os problemas no elenco rubro-negro. Como em quase todos jogos da temporada, houve troca na lateral direita, saindo Varela - ineficiente no ataque - para a entrada de Matheuzinho, que também não consegue ter um desempenho que o garanta a titularidade. Ofensivamente, Matheus Gonçalves e Everton Cebolinha foram as melhores opções mais uma vez, mas falta poder de decisão, principalmente ao camisa 11, mais experiente.
O tempo de preparação para o clássico contra o Fluminense é curto, com as equipes se enfrentando nesta quarta-feira, no Maracanã, na rodada final da Taça Guanabara. O caminho para o Flamengo, por outro lado, é longo, apesar de Vítor Pereira e jogadores afirmarem que "estão no rumo certo".