A Supercopa do Brasil de 2023 será lembrada pelos golaços, provocações e a vitória espetacular do Palmeiras por 4 a 3 sobre o Flamengo. O placar, contudo, não refletirá o domínio do time de Abel Ferreira sobre a equipe de Vítor Pereira. A diferença entre os desempenhos faz mais sentido se equiparada aos tempos de trabalhos dos técnicos: 2 anos e três meses e 27 dias. O talento não foi o suficiente para garantir a Supercopa do Brasil a um time em construção diante de um rival pronto.
O futebol é apaixonante também por isso. Afinal, foi o Flamengo foi quem abriu o placar no Mané Garrincha. O vacilo de Zé Rafael deu a Gabigol a oportunidade de fazer mais um gol contra o rival, que, até aquele momento, ditava o ritmo da partida. Ao subir a linha de marcação, o Palmeiras evitou a posse de bola de Everton Ribeiro e Arrascaeta. Além disso, proporcionou boas oportunidades de marcar após desarmar no campo de ataque, onde estava em vantagem numérica.
Problemas na saída de bola. Dificuldades na conexão entre a defesa e o ataque. Desajustes nas perseguições individuais e nas subidas da linha de marcação. Os problemas apresentados pelo Flamengo foram visíveis diante do primeiro adversário de nível enfrentado sob o comando de Vítor Pereira. As respostas para eles também são claras: é preciso que o técnico tenha tempo para trabalhar, como o seu compatriota teve a frente da principal potência do país junto com o Flamengo.
Se o primeiro gol surgiu de um vacilo de Zé Rafael, o segundo e o terceiro, que tornaram a Supercopa eletrizante e colocaram o Rubro-Negro no páreo, foram resultados das genialidades de Everton Ribeiro, Gabigol e Pedro, com contribuição do talentoso Ayrton Lucas. Também há méritos do técnico na construção da jogada, mas o principal desafio do técnico não é fazer esses atletas se entenderem com a bola, e, sim, permitir que façam isso sem estarem tão vulneráveis na defesa.
Com o Mundial de Clubes no horizonte, não se pode exigir que o Flamengo atinja um padrão como o do Palmeiras com 45 dias de trabalho da comissão técnica de Vítor Pereira. O talento do elenco à disposição é inegável, mas é preciso aliá-lo ao desempenho coletivo para tornar-se hegemônico.