A transformação organizacional, estrutural e financeira a qual o Flamengo passou entre 2013 e 2018 não atingiu apenas o futebol profissional. Talvez, tenha tido um impacto ainda maior nas categorias de base do clube da Gávea. Em seus últimos atos como presidente, Eduardo Bandeira de Mello destacou o trabalho com os jovens como um dos aspectos mais importantes da gestão.
Na sexta-feira, no Maracanã, o mandatário acompanhou os jovens vencerem o Fluminense e conquistar a Copa do Brasil Sub-17, pondo fim ao ciclo vitorioso.
- Para quem deu sempre tanto valor ao trabalho de base, sentimento muito bom. Além de ganhar do adversário, ganhamos da caxumba. Valor especial - afirmou Bandeira, lembrando os muitos desfalques por conta do surto de caxumba que atingiu o time do Fla e fez a decisão ser adiada por dez dias.
Com o fim dos dois mandatos de Eduardo Bandeira de Mello, foi divulgado um relatório das realizações do futebol de base do Flamengo entre 2013 e 2018, detalhando o processo de reestruturação, seus custos, valores e, em especial, os resultados obtidos pelo clube da Gávea neste período. Eles são expressivos.
Começando pelo lado financeiro: o clube foi capaz de mais do que dobrar o orçamento do futebol de base. De R$ 8,29 milhões, em 2014, pulou para R$ 19,67 milhões em 2018. O investimento valeu a pena, uma vez que o clube teve um retorno superior a R$ 250 milhões em vendas neste intervalo. Vinícios Jr, Lucas Paquetá, Felipe Vizeu e Jorge foram as transferências mais significativas.
O departamento de captação foi um dos que mais cresceu. Hoje, o Flamengo conta com nove observadores técnicos espalhados pelo Brasil. Em 2015, eram dois no Rio de Janeiro, diz o relatório. O maior poder de captação e avaliação resultou no crescimento de atletas aprovados nas categorias de base: 127 entre janeiro e agosto de 2018. Nos anos anteriores, o número não passou de 80.
O conceito adotado na gestão de Bandeira de Mello é de que base não é despesa, e sim investimento e patrimônio do clube.
NOVA ESTRUTURA A PARTIR DE 2019
Com a inauguração do módulo do CT que atenderá os profissionais a partir de janeiro, as categorias de base terão à disposição a estrutura utilizada pelo time principal nas últimas temporadas. Academia moderna, auditória, refeitório, piscinas, departamento médico completo: tudo estará a serviço dos jovens.
Um exemplo é o número de leitos. Há cinco temporadas, a estrutura da base no CT acomodava no máximo 28 atletas. Em 2019, com o novo módulo, o Flamengo terá a capacidade de residir até 88 jogadores no Ninho do Urubu, onde funciona uma escola que atende 64 alunos com uma metodologia visando a conciliação dos estudos com a rotina de jogos e treinamentos.
PRESENÇA CONSTANTE NAS DECISÕES
A função da base é a formação de atletas aptos a defenderem o time principal. Os títulos, contudo, têm sua importância e ajudam a avaliar se o caminho trilhado é o correto. Nas últimas temporadas. o Flamengo alcançou resultados expressivos. Por exemplo, chegou em 37 finais dos 61 campeonatos estaduais disputados nas categorias Sub-13 a Sub-20. Foram 24 títulos conquistados.
No âmbito nacional, os garotos do Flamengo chegaram em nove finais entre 2014 e 2018. Os resultados mais expressivos foram da equipe Sub-20, que conquistou a Copa SP de Futebol Júnior em 2016 e 2018. Além da Copa do Brasil deste ano, o time Sub-17 chegou às finais da Taça BH em 2015 e 2017.
BONS NÚMEROS NO ELENCO PRINCIPAL E SELEÇÕES
Na campanha eleitoral de seu primeiro mandato, uma das promessas de Eduardo Bandeira de Mello era ter 50% do elenco profissional formado por atletas oriundos das categorias de base. O percentual não foi atingido, mas nomes importantes do elenco nos últimos anos foram formados em casa: Lucas Paquetá, Vinicius Júnior, Léo Duarte, Jorge, Ainda há outros que estão buscando maiores oportunidades, como Thuler, Lincoln, Kleber e Jean Lucas.
O número de atletas do Flamengo convocados para as seleções de base também cresceu nos últimos anos. De 15 em 2016 passou para 22 em 2018.