Caetano lamenta saída, faz balanço da passagem e vê Fla perto de títulos

Diretor executivo, demitido na última quinta-feira após três anos no departamento de futebol da Gávea, também saiu em defesa do atual elenco do Flamengo

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Rodrigo Caetano não esperava ter o trabalho interrompido no departamento de futebol do Flamengo. Demitido na última quinta-feira, após a queda na semifinal do Carioca, o dirigente foi um dos seis profissionais que saíram do clube e lamentou as diversas alterações no departamento de futebol.

Em entrevista ao "Seleção Sportv" nesta quarta-feira, Rodrigo Caetano falou sobre sua saída do clube da Gávea. Afirmou que vê o Flamengo no caminho certo. Por isso não concorda com a reformulação imposta pela diretoria.

- É claro que eu lamento. Era algo que eu não imaginava, até porque o meu contrato se encerraria no final de 2018. Uma das coisas que não me agrada como forma de análise é falar de reformulação, porque reformulação é quando você realmente está no caminho completamente contrário ao que foi planejado. Poderiam haver ajustes mas uma mudança assim radical… bom, é uma decisão da diretora, a gente tem que acatar. Mas acho que o Flamengo está no caminho certo mesmo - afirmou Caetano.

Agora de fora, Caetano voltou a afirmar que o Flamengo está perto de conquistar títulos de expressão. Em 2016, como diretor de futebol, ele havia dado declaração parecida, mas as conquistas não vieram. Durante sua passagem pelo clube, o time conquistou o Campeonato Carioca, em 2017, e chegou às finais da Copa do Brasil e Sul-Americana.

- Eu acho que o grande título está bastante próximo. Independentemente da minha saída. Não é por conta disso que vou ficar imaginando que o Flamengo não está no caminho, pelo contrário. A diretoria desde lá de trás, quando assumiu o presidente Bandeira, vem pavimentando este caminho. Eu acho que 2017 já deu esses sinais. O Flamengo disputou tudo em condições de título. Certamente se o Flamengo tivesse vencido ou a Copa do Brasil ou a Sul-Americana ou os dois, estaríamos falando aqui, talvez, do maior ano ou um dos maiores anos do Flamengo.

O Flamengo apresentou Carlos Noval como novo diretor de futebol na segunda-feira. De acordo com o presidente Eduardo Bandeira de Mello e o próprio dirigente, que trabalhava desde 2010 nas categorias de base, será dada sequência ao trabalho desenvolvido por Rodrigo Caetano, sem mudança de modelo de gestão ou filosofia.

Uma das críticas mais fortes da torcida rubro-negra neste e nos últimos anos é quanto ao comprometimento e entrega do time em campo. Até por isso, o discurso de Ricardo Lomba, após a derrota para o Botafogo, repercutiu tão positivamente entre os torcedores. O VP de futebol, que avaliou a desclassificação como "vergonhosa", afirmou que o Flamengo não poderia perder "correndo menos que o adversário" e prometeu mudanças. No dia seguinte, vieram as demissões de Caetano, Carpegiani e demais profissionais.

Para Rodrigo Caetano, que tinha bom relacionamento e trabalhava diretamente com os jogadores, não há qualquer tipo de falta de comprometimento do atual elenco.

- Você acha mesmo que se não tivesse alma, não tivesse espírito, teria chegado às finais que chegou ano passado? Quem trabalha no Flamengo, por si só, sabe e tem uma responsabilidade muito grande. Eu sei o quanto que quando você tá num clube desse, é para você vencer. O que não pode, na minha opinião, é por conta de você ser segundo, parecer que é fracasso e aí rotular a equipe que sempre deu o máximo que pode por conta de um insucesso esportivo.

Carpegiani também deixou o clube (Foto:Gilvan de Souza/Flamengo)

Confira outros trechos da entrevista de Rodrigo Caetano ao "Seleção Sportv":

CRESCIMENTO DO FLA

Se nós formos avaliar a questão esportiva, é óbvio que ficou aquém de todo o processo de reestruturação do Flamengo. (...) Acredito que o Flamengo, nesses últimos anos, conseguiu elevar e muito, a qualidade do seu elenco. Não só a qualidade dentro de campo mas qualidade como grandes profissionais que lá estão. Dentro do Departamento de Futebol foi muito mais além do que apenas a montagem de elenco. Eu me sinto orgulhoso, agradecido ao clube por ter me dado a honra de ter participado dessa transformação. Acho que é unanimidade no futebol brasileiro hoje, de como era o Flamengo antes e de como é o Flamengo hoje. Não só na infraestrutura física, mas na questão da credibilidade, honrar seus compromissos, capacidade de honrar os seus contratos, principalmente com atletas e funcionários.

VENDA DE VINICIUS JR

Nesse período aí foi realizada a maior venda do futebol brasileiro, que é o caso do Vinicius. Poucos sabem também que foi um caso bastante atípico. Ele foi vendido acima da multa, é um caso raro, muito por conta de que ele, próprio, atleta, admitiu uma renovação já praticamente vendido. Então, o Flamengo aumentou a sua capacidade de receita.

LIBERTADORES GRANDE FRACASSO

A Libertadores foi sim o grande fracasso de 2017. Na Libertadores, você ser eliminado na fase de grupos, realmente, um clube do investimento do Flamengo, do porte do Flamengo, não era o que se esperava. Mas neste ano, de seis pontos, tem quatro. Na minha visão, está bem encaminhada aí uma classificação para a próxima fase. Foi campeão da Taça Guanabara, fez a maior pontuação, alternava bons e maus jogos.

ELENCO

Acredito demais no elenco que o Flamengo tem hoje. São jogadores festejados quando aqui chegaram. Quando vocês citam aí três, quatro equipes no futebol brasileiro com capacidade para ser campeão brasileiro, para chegar longe na Libertadores, o Flamengo sempre está citado e não é por acaso.

RESPONSABILIDADE FINANCEIRA

O Flamengo é um clube que cumpre e sempre cumpriu com as suas obrigações, os seus compromissos, mas ele tem um orçamento no qual não permitia sair por aí contratando quem bem entendesse. A cada ano, se vocês forem observar, muitas das vezes fomos criticados por atuar no mercado no meio do ano. Mas é justamente no meio do ano que se encerram os contratos na Europa, que você tem a capacidade de trazer jogadores ou em final de contrato ou em melhor acordo possível. Foi assim que veio o Paolo, do Corinthians, o Diego Ribas, o Diego Alves, Rodolfo, Geuvânio.

ANÁLISE DAS CONTRATAÇÕES

O Everton Ribeiro foi um investimento no ano passado. O jogador que foi dois anos seguidos o melhor jogador do campeonato e bicampeão. Fomos até Dubai assistir os jogos. É claro, com parâmetro diferente. Jovem ainda, 28 anos. Este ano também, a chegada do Henrique Dourado, o maior artilheiro do brasil ano passado. Jogadores estrangeiros que também foi um motivo de crítica. Todos eles com passagem pela Seleção de seus países. Acho que tem elenco suficiente para ter ganho no ano passado. Talvez lá em 2016, ter sido campeão brasileiro. Mas infelizmente esse grande título não veio, mas não invalida o talento e a qualidade desses jogadores.

TROCAS NO COMANDO TÉCNICO

Por mais que nós, que somos profissionais, avaliemos o todo, procuremos defender a continuidade do trabalho, a avaliação, hoje, da nossa função é pública. Existe uma situação dos clubes, no futebol brasileiro, que é muito difícil você justificar quando o resultado não vem. Essa troca de treinadores, que para mim é demasiada, se transformou na solução mais fácil.

VALORIZAÇÃO DA BASE

A nossa função é montar o melhor elenco possível. (...) Ao invés de irmos no mercado para buscar jogadores para compor elenco, o Flamengo fez opção por abrir espaço para os jovens da base. Os meninos estavam há dois anos no Flamengo, na equipe profissional. Paquetá é um deles. Subiu em 2016, ele maturou, participou de todo o processo, Vizeu… tantos outros. No entendimento, de termos maior qualidade e menor quantidade, esse espaço tem que ser preenchido pelos jovens.

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