Dez anos do Hexa: Zé Roberto afirma que Fla correu por Andrade e diz como era jogar com Adriano e Pet
Em 6 de dezembro de 2009, o Flamengo venceu o Grêmio por 2 a 1 e conquistou o Hexa do Brasileirão. O LANCE! conversou com o atacante Zé Roberto sobre aquela campanha
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Há dez anos, o Flamengo arrancou rumo ao título do Brasileirão em meio a uma temporada onde teve problemas financeiros, administrativos e contrariou as estatísticas para tirar uma grande vantagem dos rivais e conquistar o Hexa no dia 6 de dezembro de 2009, vencendo o Grêmio por 2 a 1 no Maracanã. Os protagonistas da campanha foram Adriano e Petkovic e, ao lembrar daqueles momentos, o atacante Zé Roberto contou como era atuar ao lado dessa dupla.
- Vou te dizer: era fácil. Jogar com dois caras da qualidade desses dois era fácil. A inteligência dos dois para jogar era fantástica, a capacidade de finalizar do Adriano, os passes que o Petkovic nos dava. Foi um prazer jogar com eles e são dois caras espetaculares fora de campo também - disse Zé Roberto ao LANCE!.
Emprestado pelo Schalke 04, da Alemanha, Zé Roberto atuou apenas aquele ano com a camisa rubro-negra, mas, torcedor do time da Gávea desde jovem, tem 2019 como a temporada mais marcante de sua carreira.
Experiente e tendo uma passagem de destaque pelo Botafogo, entre 2005 e 2007, o atacante foi um dos coadjuvantes mais efetivos daquela campanha, atuando em 25 rodadas, sendo 21 como titular, e fazendo cinco gols. O mais marcante deles foi na vitória sobre o Corinthians, por 2 a 0 no Brinco de Ouro.
Para Zé Roberto, foi naquele triunfo que a ficha caiu para o grupo do Fla que a conquista do Hexa era possível. Afinal, restava uma rodada e o time enfrentaria o Grêmio, no Maracanã, precisando de uma vitória simples para ser campeão.
- Chegamos a ficar dez jogos sem perder, se não me engano, mas acho que só caiu a ficha do grupo após a vitória sobre o Corinthians, na penúltima rodada. Apesar da arrancada, a gente ainda tinha seis, oito pontos para tirar nos últimos jogos. E entramos contra o Corinthians ainda como terceiro colocado, dependendo do resultados dos outros. Quando a gente venceu por 2 a 0 e soube que os concorrentes diretos tinham perdido, foi ali, naquele momento, que passamos a perceber o quanto estávamos perto de conquistar o título.
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'COMBINAMOS QUE TÍNHAMOS QUE CORRER TAMBÉM PELO ANDRADE'
Após o empate em 1 a 1 com o Grêmio Barueri, pela 13ª rodada, o técnico Cuca acabou demitido do Flamengo. Além da campanha irregular - o treinador deixou o clube na oitava posição, com cinco vitórias, quatro empates e quatro derrotas -, a relação do comandante com o grupo não era boa e pesou na decisão da diretoria, então encabeçada pelo vice-presidente de futebol Kleber Leite. Andrade assumiu como interino e o cenário começou a mudar na Gávea.
Segundo Zé Roberto, logo após a troca no comando, ele, Petkovic, Adriano, Bruno e Álvaro, entre outros atletas mais experientes do grupo, reuniram-se. Do encontro, saiu o combinado de "correr por Andrade", tricampeão brasileiro, campeão da Libertadores e do Mundial como atleta do Flamengo nos anos 80.
- Essa foi a mudança de chave fundamental para aquele time. Quando ele (Andrade) assumiu o comando, teve uma reunião com os jogadores mais experientes e nós combinamos ali que nós tínhamos que correr também pelo Andrade, tínhamos que fazer o melhor por um cara como ele, com a história que tinha no clube, e começando a sua carreira como treinador. Foi um cara que me ajudou muito, me ajudou a entender o que era o Flamengo. Só tenho a agradecer a ele naquele período - explicou o ex-atacante, hoje com 38 anos.
Andrade fazia parte da comissão técnica do Flamengo e já havia comandado o time interinamente entre 2004 e 2009. A efetivação naquele ano não demorou a vir. Foi logo após as duas partidas, com Vitória sobre o Santos, por 2 a 1 na Vila, e sobre o Atlético-MG, por 3 a 1 no Maracanã, com o treinador assumindo a equipe de forma definitiva diante do Náutico, na 16ª rodada do Brasileirão.
Então, com Andrade no comando até o fim do Brasileiro, o time da Gávea fez um grande segundo turno e voltou a ser campeão brasileiro após 17 aanos ao vencer o Grêmio por 2 a 1, de virada no Maracanã, no dia 6 de dezembro de 2009. Até sexta, quando a conquista do Hexa completa exatos dez anos, o L! traz outras reportagens e entrevistas especiais com personagens da campanha.
Veja mais respostas do atacante Zé Roberto, campeão pelo Flamengo em 2009:
Dez anos do Hexa. Ao olhar para trás, qual a memória mais marcante que vem à cabeça do Zé Roberto?
Sem dúvidas são os jogos finais que vêm a memória. Foi um campeonato muito difícil para nós e aquela arrancada foi fantástica. Conseguimos vencer grandes jogos, jogamos muito bem e, no final, pudemos conquistar um título tão importante como aquele. O clube já não vencia o Campeonato Brasileiro há muito tempo, então foi muito especial. Com certeza foi a temporada e o título mais marcante da minha carreira. E já fazem dez anos, tempo passa muito rápido.
O vestiário tinha outras personalidades fortes naquele ano. Petkovic, Adriano, Bruno, Léo Moura... Como era a relação daquele grupo?
Já disse alguma vezes que era um dos melhores grupos que já trabalhei. Se não o melhor, o segundo melhor. Acho que essa mistura entre jogadores experientes e outros mais jovens foi importante, mas acima de tudo tinha o respeito de todos com todos. E em nenhum momento o fator financeiro foi o mais importante. Lógico que a gente, já mais rodado, tinha uma condição melhor e a maior preocupação era com os garotos, mas isso nunca tornou-se prioridade em relação aos jogos. O grupo sempre manteve unido para fazer o melhor pelo Flamengo. E acho que essa união, esse respeito entre os jogadores, independentemente de idade ou qualquer coisa, foi muito importante para que a gente chegasse onde chegou no final.
Você já foi homenageado pela torcida em 2018. Até hoje rola agradecimentos e brincadeiras sobre aquele ano?
A relação com a torcida do Flamengo é a melhor possível. Na verdade, sou eu quem tenho que agradecer a eles, foram momentos mágicos que a gente viveu naquela temporada. Eu sendo torcedor desde pequeno, sempre falei isso, desde de lá de trás, garoto em Goiás, então jogar naquele time, receber o apoio da torcida no Maracanã, sem palavras. Tenho viajado muito, pelo Brasil e no exterior, e sempre recebo o carinho da torcida. É algo gratificante demais.
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