Eleição Flamengo – Ricardo Lomba: ‘Gestão deu certo e merece continuar’
Candidato pela Chapa Rosa, de situação, pede continuidade da gestão, aponta evolução no departamento de futebol e cita planos para o Maracanã, Gávea e esportes olímpicos
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Atual vice-presidente de futebol, cargo que ocupa desde outubro do ano passado, Ricardo Lomba agora concorre ao cargo máximo do Flamengo pela Chapa Rosa. Candidato da situação, analisa positivamente os mandatos de Eduardo Bandeira de Mello, as ressalta necessidade de "voltar a ser campeão".
Ele quer fazer melhoras no departamento de futebol, pensa em maior utilização da Gávea e avisa que monitora situação do Maracanã, além de ter a ideia de criar uma área do marketing voltada apenas para esportes olímpicos.
Candidato pela Chapa Rosa, Ricardo Lomba recebeu o LANCE! para mostrar propostas às quais pretende pôr em prática. É a terceira de quatro da série de entrevistas com os candidatos à presidência. As entrevistas com José Carlos Peruano (Amarela) e Marcelo Vargas (Branca) você confere clicando aqui e aqui, respectivamente. Na quinta-feira, dia 6, é a vez de Rodolfo Landim (Rosa).
LANCE!: Por que se candidatar?
Ricardo Lomba: Contextualizando isso, é o seguinte: a gente verifica essas duas gestões do Eduardo Bandeira de Mello (2013 a 2018) e analisa como uma gestão muito bem sucedida. O Flamengo saiu de uma situação bastante complicada, financeira e administrativamente, para chegar ao final de um segundo mandato como um clube com uma saúde financeira muito melhor, um clube equilibrado, com uma gestão profissional, com uma sede social revigorada, esportes olímpicos e futebol muito bem estruturados.
Acreditamos que essa é uma gestão que deu certo e merece continuar à frente do Flamengo. O meu nome é porque eu faço parte deste grupo e tinha disponibilidade de concorrer, mas isso não é um projeto pessoal. Acho que reúno as condições de ser presidente do Flamengo, tenho apoio do grupo. Então, pensando nesse projeto de gestão, me coloquei à disposição do grupo que está hoje está à frente do Flamengo e se entendeu que é o melhor nome para concorrer às eleições.
'Fiquei um ano à frente do futebol, um ano de muito aprendizado. Futebol é uma série de fatores que você não consegue ter a governabilidade. Você trabalha bastante, se esforça, estrutura e, às vezes, as coisas não funcionam. A montagem do elenco é uma coisa bastante complexa'
L!: Quais os projetos para o departamento de futebol?
RL: Fiquei um ano à frente do futebol, período de muito aprendizado. Futebol é uma série de fatores que você não consegue ter a governabilidade. Você trabalha bastante, se esforça bastante, estrutura bastante - estou falando de CT, de todas condições de conforto que são dados para os atletas - e, às vezes, as coisas não funcionam. A montagem do elenco é uma coisa bastante complexa.
A gente vêm evoluindo bastante, inclusive, com reformulações no nosso Centro de Inteligência e de Mercado. Colocando novos processos para, cada vez, mais minimizar equívocos nas contratações. Mas, de qualquer forma, temos de constatar que o Flamengo, hoje, é um time que disputa todas as competições que entra com chances de ser campeão. Em nenhum momento passamos sufoco de ir para a zona de rebaixamento, muito pelo contrário, estamos seguidas vezes disputando a Libertadores, chegamos a algumas finais... É claro que precisamos vencer. O Flamengo entra nas competições para ganhar e isso a gente fica devendo. Estaremos na Libertadores do ano que vem novamente, mas precisamos avançar para além de ter toda essa estrutura que temos no extra-campo e chegarmos nas competições com chances de sermos campeões. Temos de, efetivamente, voltar a ser campeão.
'Acho bastante relevante, atendendo a um anseio do torcedor, é deixar o estádio da Gávea em condições de receber a torcida, o que nos permite realizar treinos abertos do futebol profissional, aproximando ainda mais o torcedor e o associado ao time'
L!: Em em relação a estádio, o que pensa?
RL: Há três coisas a se falar sobre estádio. Primeiramente, é o estádio que já temos, o da Gávea, o José Bastos Padilha. Finalizamos a primeira parte da obra da arquibancada. Ela apresenta problemas estruturais, então, precisamos fazer essa reforma. Ainda tem mais duas etapas a serem feitas, isso está no nosso plano de governo. Queríamos ter iniciado isso agora, mas não houve previsão orçamentária. Para o início da nossa gestão, caso eleitos, vamos começar essas etapas para que a arquibancada fique pronta e não ofereça nenhum risco ao torcedor.
Além disso, pretendemos reformar a sub-estação elétrica para que possamos instalar os holofotes e placar eletrônico. Assim, teremos novamente o estádio da Gávea recebendo jogos da base, do futebol feminino, do futebol americano e, eventualmente, jogos de menor apelo. Outro fator que acho bastante relevante, atendendo a um anseio do torcedor, é deixar o estádio da Gávea em condições de receber a torcida, o que nos permite realizar treinos abertos do futebol profissional, aproximando ainda mais o torcedor e o associado ao time. Isso é muito bom para a torcida e para os atletas.
Em relação ao estádio próprio, temos duas possibilidades. Uma delas é o Maracanã. Já estivemos reunidos com o governador (Wilson Witzel, PSC), e ele vê com muito bons olhos o Flamengo administrando o Maracanã. Se compromete a entender a situação do Maracanã, com todos aspectos jurídicos e, a partir daí, abrir o processo licitatório com a participação dos clubes. Esse cenário muito nos agrada porque temos absoluta certeza que já adquirimos uma expertise administrativa e operacional para ter a administração de um estádio como o Maracanã, e, obviamente, temos capacidade financeira de fazer essa gestão. Estamos animados com esse cenário, mas é uma situação que precisa evoluir, precisamos conversar mais com o governo, ver se será viável e quando isso será viável.
Paralelo a isso, Alexandre Wrobel (vice de Patrimônio) visitou mais de 40 terrenos no Rio de Janeiro em busca de um local adequado para a construção do estádio. Hoje, temos três terrenos que estamos olhando, verificando as possibilidades. Um já está mais adiantado, podemos assinar, a qualquer momento, um termo de intenção de compra. São duas frentes que podemos trabalhar ao mesmo tempo porque a assinatura dessa intenção de compra nos permite um prazo de até oito meses para discutir bastante o assunto, se efetivamente compraríamos, as condições de construção, ao mesmo tempo que acompanharíamos a decisão do governo (sobre o Maracanã). Logo que o ano se inicie e estando à frente do Flamengo no próximo triênio, vamos efetivamente trabalhar e decidir o que fazer. Partir para essa licitação, caso o Governo permita, ou se vamos comprar um terreno para a construção do estádio.
L!: E quanto à política de preço de ingressos?
RL: Acredito que o local do torcedor é no estádio. É um espetáculo para o torcedor assistir, mas é uma energia extraordinária que os atletas recebem e, assim, aumentando sua capacidade esportiva. Demoramos um pouco, mas acertamos na precificação. O Flamengo joga para estádio lotado, com o Maracanã com 50 mil pessoas. Essa é a fórmula de sucesso, fórmula que achamos que deve continuar e é o que vamos buscar sempre. O Flamengo tem que jogar com o estádio cheio. A arrecadação de bilheteria é uma receita importante, mas já passamos de uma fase de desespero financeiro, em que éramos obrigados a ter receitas extraordinárias de bilheteria porque não tínhamos outras receitas. Já conseguimos ultrapassar esse momento, estamos em uma fase mais equilibrada, temos de focar sempre em ter o estádio cheio.
Isso, tanto no estádio próprio construído como na possibilidade de administrar o Maracanã. Vamos fazer todos os esforços para que sejam retiradas as cadeiras atrás dos gols (no Maracanã). Para isso, precisa de autorização legislativa, licença dos Bombeiros, Polícia Militar, mas nossa ideia é de retirar as cadeiras atrás dos gols, tornando aquele espaço um ambiente mais popular.
L!: Quais os projetos para o programa de sócio?
RL: É um programa que está em permanente discussão e evolução há muitos anos. São vários aspectos a ser considerados. Um deles, que passou a ser considerado, é a fidelidade, que nós, que sempre frequentamos, defendemos. Quanto mais você vai, mais seus direitos vão aumentar.
O nosso departamento de marketing trabalha, discute e evolui nestas questões. Uma questão é o "Off-Rio", que precisa ter privilégios quando o Flamengo jogar fora. Naquele local, temos de criar um mecanismo para que esses associados tenham o benefício de compra preferencial ou desconto, ou qualquer tipo de ativação em relação a isso.
Paralelo a isso, esse ambiente de ter um estádio próprio facilita bastante a questão do sócio-torcedor, mas, lembrando que ainda precisemos evoluir bastante. Temos um programa de sócio-torcedor com quase 105 mil associados adimplentes. Já consideramos um sucesso, mas vamos trabalhar bastante para melhorar todos os benefícios do sócio-torcedor.
L!: Em sua possível gestão, como será a relação com as organizadas?
RL: Nós temos, em nosso plano de governo, a criação de uma comissão de arquibancada. Torcedor no estádio é fundamental e a torcida é fundamental. É ela quem faz a verdadeira festa nas arquibancadas, é quem coloca o time para frente e incentiva. Já fui de torcida organizada, sei a importância que elas têm para o espetáculo e desempenho esportivo do time. Quero dizer que nossa relação com as organizadas será a melhor possível, queremos criar essa comissão de arquibancada justamente para isso. Ter uma interlocução entre organizada e clube para que a festa e o apoio sejam cada vez melhores e mais contundentes.
'Flamengo, com sua grandeza, pela sua importância, precisa estar presente e protagonizando essas discussões'
L! Como pretende trabalhar a relação do Flamengo com Ferj, CBF e Conmebol?
RL: Esse é um ponto bastante sensível. É muito importante, temos de evoluir. Como vice-presidente de Futebol, pedi e fui muito bem recebido em reuniões com a CBF e na Federação do Rio de Janeiro. Fui me apresentar, conhecer as pessoas, colocar o Flamengo à disposição para participar e colaborar com as discussões. Acho que o Flamengo é muito grande e muito forte para não ser protagonista, não liderar os processos.
Quando falamos no futebol do Rio de Janeiro, queremos sempre ganhar, de preferência esmagando os adversários, especialmente os nossos rivais mais próximos, mas temos de entender que estamos em um cenário em que fazemos parte do mesmo produto. O Campeonato Carioca precisa ser interessante. Precisamos estar na federação, junto aos outros clubes, discutindo o Campeonato Carioca. Conversando para saber qual a melhor fórmula de disputa, se atual fórmula é a melhor, quais são as propostas para melhorar. Pensando na festa para a torcida e também no torcedor que está em casa, nos patrocinadores, em todas as partes envolvidas.
Isso se estende também para o calendário nacional. O Flamengo, em 2017, jogou 86 vezes. Esse ano, em agosto, jogamos nove vezes. Não há tempo de treinar. Joga, viaja, entra em campo, descansa, joga, viaja. É uma rotina em que o produto futebol fica prejudicado, com os jogadores exaustos, os treinadores não conseguem atingir uma performance melhor. Enfim, precisamos entrar nesse circuito, conversar, discutir, ver as propostas e estar presente.
Obviamente, quando falo tudo isso, estou querendo criar uma relação com a Ferj, com a CBF e também com a Conmebol. O Flamengo, com sua grandeza, pela sua importância, precisa estar presente e protagonizando essas discussões. O Flamengo não quer ser beneficiado de absolutamente nada, mas em hipótese alguma vai admitir ser prejudicado.
L!: Quanto ao calendário do futebol brasileiro e Primeira Liga...
RL: Pela grandeza do Flamengo, ele tem de liderar (discussões por um calendário nacional mais racional). Temos de liderar qualquer processo e tenho certeza de que temos condições de fazê-lo. Temos de fazer os demais clubes entenderem isso: somos adversários dentro de campo. Fora de campo, temos de construir um ambiente melhor, que passa por um calendário melhor. Não farei um discurso que mudarei todo o calendário e isso ou aquilo com a Primeira Liga. Precisamos chegar, entender o problema, discutir e apresentar soluções. Isso que pretendemos fazer. A única certeza que temos é que do jeito que está, não está bom. Todos reclamos disso. Nossa proposta é que a gente se debruce sobre esse tema para encontrar a solução o mais rápido possível.
'O que precisamos é, dentro do nosso orçamento, uma verba maior para os nossos esportes olímpicos. Além disso, criar, dentro do departamento de marketing, uma área para ser o marketing de esportes olímpicos'
L!: Quais os projetos visando os Esportes Olímpicos?
RL: O Flamengo tem três segmentos que não podem se dissociar. O Flamengo é um clube de futebol, o Flamengo é um clube social e o Flamengo é um clube de esportes olímpicos. Temos de tratar essas três frentes da mesma forma. O futebol é onde existe a maior paixão, onde existe o maior volume financeiro, mas há um clube social com piscinas, instalações, parques, quadras e campos que precisam ser olhados com o maior carinho para os associados, e os esportes olímpicos, os quais o Flamengo sempre foi uma potência e não tem razão para deixar de ser. Temos um exemplo maior dos esportes olímpicos, que é o time de basquete, multi-campeão e orgulho da Nação. Ganhou tudo, chegamos ao final do ciclo, começamos um novo agora com a chegada de uma nova comissão técnica e jogadores. Esperamos bastante sucesso.
Sou um aficionado pelos esportes olímpicos. O Flamengo tem de cada vez mais desenvolver isso. Sempre temos de mirar melhoras, mas temos de ressaltar que, neste período, o Flamengo ganhou 251 títulos nos esportes olímpicos, o que significa ganhar um título a cada oito dias. É uma evolução e um dado muito relevante. Mas precisamos voltar a ser o principal competidor na natação, pólo aquático, judô, ginástica artística... Temos de incentivar o crescimento do time de vôlei feminino. Isso tudo passa por investimento.
O que precisamos é, dentro do nosso orçamento, uma verba maior para os nossos esportes olímpicos. Além disso, criar, dentro do departamento de marketing, uma área para ser o marketing de esportes olímpicos. Percebemos que o futebol envolve valores inimagináveis para os esportes olímpicos. Talvez, por essa diferença, esses patrocínios menores fiquem um pouco esquecidos. Precisamos partir para desenvolver isso. Inclusive, porque 60% das verbas dos esportes olímpicos passam por leis de incentivos. Nós não podemos ficar tão dependentes do governo, até porque isso pode ser mudado a qualquer momento e ficaremos desprotegidos. Temos de inverter isso, buscar mais patrocínios e investir cada vez mais.
Outra coisa importante é fazermos com que os atletas mais renomados dessas atividades voltem a frequentar a Gávea. Eles precisam estar ali para servirem de inspiração para os novos atletas. Aquela turma que entra na escolinha, vê os atletas mais consagrados, mesmo aqueles ainda em atividade, como a Jade Barbosa. Isso é muito importante, incentiva e pretendemos fazer essa união de novo.
L!: Projetos para a sede da Gávea, quais são?
RL: Olhamos para a Gávea e já vemos muito coisa que aconteceu de bom. Todos os vestiários reformados, os três ginásios foram modernizados, a cobertura da arquibancada e iluminação da natação, piscina myrtha, que é de ponta no cenário mundial foi colocada, parquinho, quadras de tênis foram reformadas. O grande salto que demos foi o novo aforamento da Gávea, a permissão para a nova utilização do terreno. Com essa mudança, nos podemos considerar a possibilidade de ter um restaurante, um ginásio e uma academia para o público externo também. A alimentação sempre foi uma reclamação dos sócios. Não tínhamos, na Gávea, um restaurante de qualidade para trazer convidados, a família para almoçar. Conseguimos isso. Já estamos com o projeto de um bar temático no Conselho Diretor e, em breve, levaremos para o Conselho Deliberativo. O Fla-Bar é um bar espetacular, com telões, bebidas e comidas variadas que instalaremos no Flamengo.
Paralelo a isso, vamos construir uma academia. Temos uma acanhada hoje e outra muito boa, que é dos atletas. Vamos abrir uma academia para o associado e também para os moradores do arredor do Flamengo. Por fim, a construção da arena multi-uso. É um projeto antigo, temos todas as licenças aprovadas, todas autorizações e nos resta agora é iniciar a construção. Estamos na fase de conversa com alguns parceiros que têm interesse no projeto e, em breve, isso será iniciado.
L!: Tem algum ponto do Estatuto que pretende colocar em discussão?
RL: O nosso estatuto é de 1992. Então, apesar de ter sido muito bem elaborado, torna-se anacrônico com o passar dos anos. Há algumas coisa que precisamos mexer. O processo eleitoral é uma delas. Temos muitos sócios de fora do Rio de Janeiro que votam. Acho que precisaríamos evoluir para o voto à distância. Já existem tecnologias que permitem essa atividade com segurança. Esse é um aspecto que devemos evoluir.
Tivemos muitas críticas em relação à questão da cor azul, à ordem de preferência. Isso mostrou um problema. Precisamos corrigir também. Há uma série de assuntos relacionados à governança, alçadas de aprovação e conselho que precisamos evoluir. Inclusive, nós temos uma série de propostas de mudanças estatutárias que foram apresentada ao Conselho Deliberativo, mas não avançaram. Esperamos que no próximo triênio, com a mudança do presidente do Conselho Deliberativo, que possamos fazer essas alterações.
L!: Uma mensagem à torcida.
RL: Eu estou esse período como vice-presidente de futebol, pretendo ser o próximo presidente do Flamengo, mas eu sou o torcedor. Apaixonado, de arquibancada e que quer ver o Flamengo ganhar tudo e sempre. Não tenho interesse pessoal algum em me candidatar à presidência, se não puder colaborar de alguma forma, junto com todas pessoas que compõem o conselho diretor e outros aliados que não são formalmente do conselho, mas estão aí para ajudar. São abnegados, não querem absolutamente nada do Flamengo, se não ajudá-lo, entregar parte do seu tempo para fazer o Flamengo voltar a ser vencedor. Eu assumo esse compromisso. O Flamengo, no próximo triênio, será um Flamengo muito vencedor.
QUEM É:
Nome: Ricardo Lomba Villela Bastos
Chapa: Rosa
Ocupação: Auditor fiscal da Receita Federal
Cargos anteriores: Vice-presidente de futebol (segunda gestão Bandeira)
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