Especialista analisa balanço do Flamengo com ‘diferença brutal’ para os rivais e reflexos da pandemia
L! conversou com Amir Somoggi, sócio da Sports Value, que disse quanto o Fla deve precisar mensalmente para operar e a porcentagem da redução de receitas para os clubes em 2020

- Matéria
- Mais Notícias
Ainda incerto quanto aos próximos passos deste ano, o Flamengo viveu uma temporada dos sonhos em 2019. E os efeitos não ficaram restritos às quatro linhas, já que o clube alcançou uma receita bruta recorde no continente: R$ 950 milhões, com um superávit de R$ 63 milhões. Em conversa com Amir Somoggi, sócio da Sports Value, uma das principais empresas de marketing esportivo do país, o LANCE! já havia destacado o "abismo" entre os rivais regionais. Agora, o especialista tece mais sobre as contas da temporada passada e faz projeções, em meio à pandemia do novo coronavírus.
No Rio, o segundo com maior receita foi o Fluminense, com R$ 265 milhões. No âmbito nacional, quem mais chegou perto do Flamengo foi o Palmeiras, com R$ 641 milhões. Da 2018 para 2019, a alta do Fla em ganhos foi de 75%. Para Somoggi, o clube da Gávea, hoje, "nada de braçadas" no cenário nacional:
- A diferença brutal do Flamengo para os demais é muito relacionada à gestão, já que o Flamengo vem trabalhando com uma boa administração há um bom tempo e, em algum momento, se colhe benefícios, e o Flamengo foi coroado com títulos. Para sublinhar essa questão, tem ainda o fato do clube ter a maior torcida do Brasil, tendo a maior projeção de mídia, muito impacto, então, na prática, desde que houve esta reestruturação, deixou os rivais para trás. Hoje, o Flamengo nada de braçadas em termo de Brasil também.
Relacionadas
'O Fla nada de braçadas em termo de Brasil'

Os números foram surpreendentes até para especialistas. Amir Somoggi também apontou os ingredientes determinantes para tais feitos, além dos incríveis R$ 294 milhões com lucro em vendas de jogadores no período - o que configura um crescimento de 357% em um ano:
- As receitas foram surpreendentes, ninguém imaginava que o clube chegaria a quase um R$ 1 bilhão de faturamento. A minha expectativa era que chegasse na casa dos R$ 800 milhões, mas tiveram as grandes vendas de jogadores (como Lucas Paquetá, Léo Duarte, Jean Lucas). O Flamengo não só se transformou em um modelo de produto de marketing, mas também em vender jogadores, com muito respeito dos clubes europeus. E essa questão de mais de R$ 600 milhões sem as vendas de jogadores é um grande exemplo de como o clube soube se reestruturar. Tem previsão alta, patrocínio subindo, embora pudesse ser maior, como em licenciamento, porém, em termos práticos, alcançou o maior nível de sua história em sócio-torcedor e bilheteria.
Por falar em bilheteria, o clube chegou a R$ 109 milhões de receita bruta neste quesito, com resultado líquido de R$ 48 milhões. Já com o programa de sócio-torcedor, R$ 61 milhões foram embolsados.
AS DIFICULDADES ATUAIS E PROJEÇÕES
As contas do ano passado foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo na última semana, em votação por e-mail. O Flamengo, contudo, passa por uma turbulência não projetada no "teste de stress" contido no balanço, onde concluiu-se que os "impactos financeiros" seriam "absorvíveis" em um cenário hipotético de "interrupção de jogos por até três meses". Cerca de 60 funcionários foram demitidos, após contratempos, como a quebra de contrato de um patrocinador (Azeite Royal), atraso de parcela da Adidas, fornecedora de material esportivo, e readequação de cotas do Brasileiro-2020 da Rede Globo.
Amir vê com naturalidade as dificuldades, já que o clube, em uma análise própria, necessita de R$ 50 milhões por mês para operar.
- As grandes dificuldades do Flamengo, neste momento, são que, embora tenha a situação financeira mais confortável, é também quem gasta mais. Pelas minhas análises, o clube precisa de R$ 50 milhões por mês para operar. Então, cada mês, sem receita, sofre mais. Claro, comparando a outros clubes, como Santos, São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, o Flamengo está muito bem, mas não tem como não passar por dificuldades, justamente por ter uma folha com o futebol bastante elevada.
O especialista e sócio da Sports Value também acredita que o Flamengo seguirá na dianteira depois desta crise, que, de acordo com Amir, deve proporcionar uma redução em 20% da receita de 2020 dos clubes.
- Em relação ao pós-pandemia, os clubes melhores administrados tendem a sair mais rápidos desta crise, que ainda vai demorar a nos deixar. Pelos cálculos da Sports Value, (a crise) deve reduzir em 20% a receita de 2020 dos clubes em relação a 2019. Claramente, clubes que estão devendo, pagando juros bancários elevados e que não estão em dia com seus jogadores pagarão um preço alto.
Em tempo: o balanço do Flamengo pode ser acessado na íntegra através do portal de transparência do site oficial do clube, no item Demonstrações Financeiras (acesse aqui).
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias