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Especialista analisa balanço do Flamengo com ‘diferença brutal’ para os rivais e reflexos da pandemia

L! conversou com Amir Somoggi, sócio da Sports Value, que disse quanto o Fla deve precisar mensalmente para operar e a porcentagem da redução de receitas para os clubes em 2020

Gávea - Flamengo
imagem cameraSede do Flamengo na Gávea: Rubro-Negro ainda aguarda o governo para retornar às atividades (Foto: Divulgação)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 05/05/2020
17:36
Atualizado em 06/05/2020
07:05

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Ainda incerto quanto aos próximos passos deste ano, o Flamengo viveu uma temporada dos sonhos em 2019. E os efeitos não ficaram restritos às quatro linhas, já que o clube alcançou uma receita bruta recorde no continente: R$ 950 milhões, com um superávit de R$ 63 milhões. Em conversa com Amir Somoggi, sócio da Sports Value, uma das principais empresas de marketing esportivo do país, o LANCE! já havia destacado o "abismo" entre os rivais regionais. Agora, o especialista tece mais sobre as contas da temporada passada e faz projeções, em meio à pandemia do novo coronavírus.

No Rio, o segundo com maior receita foi o Fluminense, com R$ 265 milhões. No âmbito nacional, quem mais chegou perto do Flamengo foi o Palmeiras, com R$ 641 milhões. Da 2018 para 2019, a alta do Fla em ganhos foi de 75%. Para Somoggi, o clube da Gávea, hoje, "nada de braçadas" no cenário nacional:

- A diferença brutal do Flamengo para os demais é muito relacionada à gestão, já que o Flamengo vem trabalhando com uma boa administração há um bom tempo e, em algum momento, se colhe benefícios, e o Flamengo foi coroado com títulos. Para sublinhar essa questão, tem ainda o fato do clube ter a maior torcida do Brasil, tendo a maior projeção de mídia, muito impacto, então, na prática, desde que houve esta reestruturação, deixou os rivais para trás. Hoje, o Flamengo nada de braçadas em termo de Brasil também.

'O Fla nada de braçadas em termo de Brasil'




Flamengo - Balanço 2019
Gráfico da receita operacional bruta do Fla (Foto: Reprodução/CRF)<br>

Os números foram surpreendentes até para especialistas. Amir Somoggi também apontou os ingredientes determinantes para tais feitos, além dos incríveis R$ 294 milhões com lucro em vendas de jogadores no período - o que configura um crescimento de 357% em um ano:

- As receitas foram surpreendentes, ninguém imaginava que o clube chegaria a quase um R$ 1 bilhão de faturamento. A minha expectativa era que chegasse na casa dos R$ 800 milhões, mas tiveram as grandes vendas de jogadores (como Lucas Paquetá, Léo Duarte, Jean Lucas). O Flamengo não só se transformou em um modelo de produto de marketing, mas também em vender jogadores, com muito respeito dos clubes europeus. E essa questão de mais de R$ 600 milhões sem as vendas de jogadores é um grande exemplo de como o clube soube se reestruturar. Tem previsão alta, patrocínio subindo, embora pudesse ser maior, como em licenciamento, porém, em termos práticos, alcançou o maior nível de sua história em sócio-torcedor e bilheteria. 

Por falar em bilheteria, o clube chegou a R$ 109 milhões de receita bruta neste quesito, com resultado líquido de R$ 48 milhões. Já com o programa de sócio-torcedor, R$ 61 milhões foram embolsados.

AS DIFICULDADES ATUAIS E PROJEÇÕES

As contas do ano passado foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo na última semana, em votação por e-mail. O Flamengo, contudo, passa por uma turbulência não projetada no "teste de stress" contido no balanço, onde concluiu-se que os "impactos financeiros" seriam "absorvíveis" em um cenário hipotético de "interrupção de jogos por até três meses". Cerca de 60 funcionários foram demitidos, após contratempos, como a quebra de contrato de um patrocinador (Azeite Royal), atraso de parcela da Adidas, fornecedora de material esportivo, e readequação de cotas do Brasileiro-2020 da Rede Globo. 

Amir vê com naturalidade as dificuldades, já que o clube, em uma análise própria, necessita de R$ 50 milhões por mês para operar. 

- As grandes dificuldades do Flamengo, neste momento, são que, embora tenha a situação financeira mais confortável, é também quem gasta mais. Pelas minhas análises, o clube precisa de R$ 50 milhões por mês para operar. Então, cada mês, sem receita, sofre mais. Claro, comparando a outros clubes, como Santos, São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, o Flamengo está muito bem, mas não tem como não passar por dificuldades, justamente por ter uma folha com o futebol bastante elevada.

O especialista e sócio da Sports Value também acredita que o Flamengo seguirá na dianteira depois desta crise, que, de acordo com Amir, deve proporcionar uma redução em 20% da receita de 2020 dos clubes.

- Em relação ao pós-pandemia, os clubes melhores administrados tendem a sair mais rápidos desta crise, que ainda vai demorar a nos deixar. Pelos cálculos da Sports Value, (a crise) deve reduzir em 20% a receita de 2020 dos clubes em relação a 2019. Claramente, clubes que estão devendo, pagando juros bancários elevados e que não estão em dia com seus jogadores pagarão um preço alto.

Em tempo: o balanço do Flamengo pode ser acessado na íntegra através do portal de transparência do site oficial do clube, no item Demonstrações Financeiras (acesse aqui).

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