Fla 120 anos: de família vascaína, Leila virou a casaca nos anos 2000

Em série sobre o clube, LANCE! conversa com a ex-jogadora do Rubro-Negro e da Seleção

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Atual segundo esporte mais popular do Brasil, o vôlei já consagrou grandes equipes do Rubro-Negro. No início dos anos 2000, o clube montou uma verdadeira máquina para a disputa da Superliga Feminina. Nomes como Virna e Valeskinha, medalhistas olímpicas, integravam uma "seleção" que ficara marcada na história pelas taças e exibições de gala. Uma das líderes desse grupo mudou de lado na rivalidade carioca, após vários anos de influência familiar.

Leila Gomes de Barros trocou o branco pelo vermelho na combinação com o preto no quesito "time de coração". Convocada para representar o Brasil nos Jogos de Sydney, Leila, que já havia alcançado o bronze em Atlanta-1996, repetiu o feito quatro anos depois, desta vez como atleta do Flamengo. Em entrevista ao LANCE!, a ex-ponta (hoje secretária de esporte e lazer de Brasília) recordou um dos períodos mais gloriosos de sua carreira.

LANCE!: O que representa conquistar uma medalha olímpica para o Brasil e sendo atleta do clube de maior torcida do País?

LEILA: É uma emoção muito grande. Principalmente depois, quando retornamos. Recebi muito carinho, no primeiro momento em que chegamos no Brasil. Era muito bacana essa relação que eu estabeleci com o Flamengo, recebi emoções muito boas. A torcida do Flamengo é muito calorosa.

LANCE!: Em termos de clube, foi a camisa mais especial que você já vestiu?

LEILA:
Eu não posso negar que sempre fui uma atleta muito privilegiada. Sempre tive muito carinho da torcida nos clubes em que joguei. Joguei oito anos no Minas. Mas os momentos mais interessantes eu não nego que foram com aquela camisa (do Flamengo).

LANCE!: Qual a sua maior lembrança desse tempo?

LEILA:
Para mim, aquela coisa de o ginásio inteiro cantando: "Uh. Uh, uh. A Leila é pitbull!". Todo mundo levantando o braço e batendo. É uma torcida que encanta, emociona.

LANCE!: Como foi a final da Superliga, entre Vasco e Flamengo, em 2001?

LEILA:
Eu lembro de uma cena muito engraçada. Na fase qualificatória, contra o Vasco, que era de turno e returno, nós perdemos. E Tinha flamenguista nos arredores do estadio. Um grupo com uma vela grande, que tinha o nome de todas as jogadoras escrito. Eu desci do carro para conversar com eles. Eles falaram que nós iríamos ganhar porque Deus estava com a nação rubro-negra. Ganhamos, fomos campeãs. E o Vasco tinha vencido a gente no turno e no returno. Aquele jogo foi incrível.

LANCE! A torcida do Flamengo impressiona?

LEILA:
Quando vejo os jogos e o Maracanã lotado, imagino que, se para mim o Maracanãzinho é incrível, pensa como é para esses caras. É uma coisa de louco. Fico imaginando a emoção desses caras. Porque a torcida do Flamengo te faz levitar. Eles são tão apaixonados que você quer dar o máximo, por eles principalmente. Eu entrava como se fosse para uma guerra mesmo. Era uma coisa impressionante.

LANCE!: Você sempre foi flamenguista?

LEILA: Sou de uma família vascaína. E eu sou vira-casaca. Quando fui para o Flamengo, no primeiro ano, resisti por causa do meu pai. Mas no segundo ano, disse que não dava. Meu pai falava: "Por que?" E eu respondia: "Depois que você veste essa camisa... O senhor não entende porque não vivi o dia a dia daquele clube". A paixão foi imediata. Depois, ele entendeu. Eu nasci já num berço preto e branco, fui a primeira neta a quebrar isso. Meu marido (o campeão olímpico Emanuel, também do vôlei) é Atlético Paranaense.

LANCE!: Os atletas lembram dos clubes quando sobem ao pódio pela Seleção?

LEILA:
Quando você está naquele momento da medalha, quando tudo acaba, você começa a pensar em todos: família, pessoas que te ajudaram a chegar ali, (agradecer) a Deus por aquela medalha... Eu acho que, em alguma hora, a gente tem aquele momento de agradecer, e comigo não foi diferente. Em Sydney, na hora das medalhas, eu olhei e vi que tinha um monte de camisa verde e amarela e uma rubro-negra.

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