Ex-Fla, volante Theo supera solidão e frio até ser destaque na Bielorrússia
Após passagem pelo Rubro-Negro, volante de 21 anos, revelado na base do clube carioca, vive a experiência como profissional no Isloch FC
- Matéria
- Mais Notícias
Quando entrou em um avião rumo à Bielorrússia, em janeiro deste ano, o volante Theo, campeão da Copa São Paulo em 2018 como titular do Flamengo, não tinha ideia de que embarcava também para um dos maiores desafios da carreira. Aos 21 anos, enfrentou meses de frio, solidão dificuldades com o idioma, e se firmou como titular do Isloch, clube da primeira divisão da ex-república soviética e atual segundo colocado da Liga Nacional.
Theo viajou em janeiro deste ano, depois de não ter o contrato renovado pelo Rubro-Negro. Deixou os 40 graus do verão carioca para encarar o frio de 15 graus abaixo de zero de Minsk, capital da Bielorrússia. Sem nunca ter visto neve na vida, de repente se viu em um país desconhecido com um dos invernos mais frios do Velho Continente e pela primeira vez, longe da família.
– No início foi muito difícil pelo idioma e pelo frio. Saí do Rio no auge do verão e vim treinar aqui com quinze graus abaixo de zero. Foi muito difícil. Não há roupa que suporte. Os dedos congelam. Também tem a solidão. No Flamengo jogava na minha cidade, no meu pais , com a minha família perto. Foi uma mudança radical. Olhava da janela e só via neve. Pensei várias vezes em voltar ao Brasil – declarou, ao LANCE!.
O apoio da família foi fundamental para que o volante não abandonasse o sonho de ser jogador profissional. Percebendo o momento delicado, a mãe dele decidiu viajar até Minsk.
– Todos os dias falo com minha família. Minha mãe percebeu como eu estava e resolveu vir pra cá passar uns dias comigo, junto com meu irmão. Passamos a Páscoa juntos e comemoramos o dia das mães antecipadamente. Matar as saudades me fortaleceu. A vinda deles foi fundamental.
Único brasileiro no time, as dificuldades de Theo aumentaram por não saber uma palavra de russo, o idioma local. Para se comunicar com o treinador e colegas de equipe precisou recorrer à mimica. As coisas começaram a melhorar para o ex-garoto do Ninho, em março, quando terminou a pré-temporada, feita uma parte em estádios fechados e outra na Turquia, país com clima mais ameno.
– A pré-temporada é mais longa para nos ambientarmos ao clima. São mais de dois meses. Primeiro vamos para uma cidade com campo fechado. No dia de folga lá, fomos ao cinema. Imagina um brasileiro no cinema russo. Estava doido para o filme acabar porque não entendia nada – brincou Theo.
Além da boa campanha na Liga Nacional, o Isloch também foi bem na Copa da Bielorrússia. O time despachou o Bate Borisov, atual campeão e clube mais conhecido do país, nas quartas da competição, mas acabou eliminado nas semifinais, na prorrogação, depois de dois empates com o Shakhtyor Soligorsk.
–A imprensa e as pessoas encaram como uma surpresa a nossa campanha. No ano passado a equipe terminou em décimo e esse ano teve um bom começo. A equipe é nova e nunca havia chegado em uma semifinal de copa. Torcedores, jogadores e comissão técnica estão confiantes para conseguir coisas maiores nesta temporada. Nosso time teve uma sequência legal, estamos entrosados, jogando um bom futebol. Temos tudo para chegar longe
Quanto ao ex-clube, Theo diz não guardar mágoas. O volante foi formado na base do Flamengo e colecionou diversos títulos pelo clube, mas acabou afastado e comunicado que não teria o contrato renovado, no meio da temporada passada.
– Hoje estou mais adaptado e muito feliz aqui. Agradeço ao Isloch por me abrir as portas e me dar a minha primeira oportunidade como profissional. Vivi praticamente 5 anos no Flamengo. Foram os melhores anos da minha vida. Disputei grandes jogos, enfrentei grandes equipes e conquistei títulos memoráveis. A conquista da Copa São Paulo com o Pacaembu lotado e o título do campeonato carioca no Maracanã me marcaram com certeza. A torcida do Flamengo olha muito para a base e sempre nos incentivou. Quero agradecer a todos os torcedores por sempre terem me apoiado e por todas as mensagens de carinho. Fui muito feliz ali e quem sabe um dia eu possa voltar – finalizou.
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias