Opinião: Flamengo fez o que tinha que fazer

Em vitória sem brilho, Flamengo vence o jogo que tinha que vencer e pode tirar boas lições

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Quarta-feira chuvosa no Rio de Janeiro, trânsito complicado e um Flamengo com três derrotas consecutivas. Tudo indicava um Maracanã morno e um público fraco no confronto entre um Rubro-Negro pressionado e um Goiás desfalcado. Acontece que, para a Nação Rubro-Negra, o normal é bom público e um Maraca pulsante. Espantando o "frio" carioca (gente, não estava gelado assim), na altura da pilastra 38, a Nação 12 ditava o ritmo e explicava o óbvio em uma faixa simples que dizia tudo: "Viemos pelo Manto, não por vocês!". A diretoria também não foi poupada, sendo muito cobrada nas arquibancadas.

O Flamengo, que precisava vencer, estava escalado de maneira promissora. Vidal e Thiago Maia deram espaço a Pulgar e Victor Hugo, enquanto Arrascaeta e Everton Ribeiro completavam um meio de campo que municiaria Pedro e geraria espaços a Cebolinha. Pelo menos no papel tudo começava bem.

E o time da Gávea entrou em campo em boa rotação, com domínio do jogo e posse de bola. Em aceleração, ainda aos 5 minutos, Ayrton Lucas recebeu bola enfiada por Cebolinha, passou do marcador e sofreu pênalti. Festa na arquibancada! Pedro abriu o placar e não comemorou. Na batida, o atacante sentiu o adutor e foi substituído por Bruno Henrique, logo aos 12 minutos. Dúvida para os próximos jogos e a 21ª lesão do time neste ano. Não é possível que nossa preparação e o departamento médico não sejam questionados internamente por essa “epidemia” de lesões!

O Fla seguiu pressionando até mais ou menos os 25 minutos, ainda que de maneira um pouco apressada e, por vezes descoordenada. Mais uma vez, parece que o ímpeto inicial da equipe deu vez ao cansaço, dando espaço a um esfacelado Goiás e minando a nossa paciência nas arquibancadas, nas redes sociais, no bar ou na sala de casa. O Flamengo de 2023 não nos inspira confiança e não parece confiar em si próprio.

A volta para a segunda etapa trouxe uma equipe mais compacta, mais agressiva e menos nervosa. Se Everton Ribeiro furou um rebote de cara para o goleiro no primeiro tempo, no segundo tempo sobrou categoria para definir de letra e trazer um placar tranquilo diante do Goiás.

Everton Ribeiro merece mais respeito e mais compreensão. Assim como Arrascaeta, estamos falando de alguém genial e multicampeão que pode e deve ser utilizado ao longo da temporada em um posicionamento que extraia dele tudo aquilo que ele tem de melhor. Perdê-lo ao final de seu contrato implicará em uma reposição difícil e que deveria ser feita com o tempo e com planejamento, ainda que nosso departamento de futebol não entenda muito o que é isso.

A partida seguimos com o Flamengo em ritmo criativo, ainda com as mexidas de Sampaoli, que resolveu colocar alguns veteranos em campo. Tivemos chances e domínio, mas seguimos com problemas graves a serem resolvidos em todos os setores.

Sampaoli, nosso careca favorito, gosta muito de falar em contundência ofensiva e defensiva, mas parte disso é função dele. Eu entendo e concordo quando ele diz que o time não foi preparado por ele e que está longe da forma física e técnica que ele gostaria. Mas Sampaoli SABIA que pegava um time de alguém quando foi contratado. É um problema sério imaginar que o Goiás, desfalcado de quase meio time, tenha finalizado 14 vezes, sendo meia dúzia delas no gol!!!! Nós finalizamos menos no gol do que o nosso fraco adversário.

Preciso ser bem literal em dizer que o Sampaoli também acertou em muita coisa nesta rodada do Brasileirão. Cunha foi bem no gol e me fez lembrar qual a função que os goleiros exercem quando estão em campo, Pulgar merece ser dono da vaga que ocupa e Victor Hugo é uma joia que dá sinais de que pode ir longe demais, merecendo pista antes que seja vendido. É difícil acreditar que VH tenha tão pouca idade e jogue de maneira tão versátil e regular sempre que acionado.

Nesta quarta, Sampaoli também deu minutos a Matheus Gonçalves, que não foi brilhante, mas precisa ganhar espaço no lugar de um Marinho que só existiu no Santos. Meu único medo, é que na coletiva, ficou no ar se essa galera disputa vaga ou se só entrou para dar descanso aos titulares da cabeça do treinador.

Agora o desafio é outro, vencer fora do Rio! O jogo contra o Bahia, assim como o desta quarta, é jogo para vencer. Mas só ganhamos do Botafogo e do Al Ahly fora do Rio de Janeiro. Sampaoli não tem tempo para grandes treinamentos, mas ele já sabia que não teria esse luxo quando chegou. No final de semana é vencer e consolidar alguma tranquilidade para o primeiro Fla-Flu da Copa do Brasil.

Enquanto Sampaoli quebra a cabeça para dar uma cara a esse time, a gente torce pela recuperação daqueles que estão no DM e continuaremos lotando estádios pelo Manto e em nome do Flamengo.

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