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Final da Sul-Americana traz semelhanças com decisão que está entalada na garganta do Flamengo

Passados 22 anos, Rubro-Negro volta a encarar o Independiente em decisão internacional. E contexto da Supercopa Libertadores guarda algumas semelhanças com atual equipe<br>

Imprensa foi drástica ao falar da perda do título da Supercopa Libertadores do Flamengo
Reprodução / Jornal do Brasil

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Nesta quarta-feira, o Flamengo encara o Independiente em uma final da Sul-Americana na qual está para lá de pressionado. Além de inverter a desvantagem do jogo de ida (perdeu por 2 a 1 no Libertadores de America), o Rubro-Negro tenta encerrar o ano com um título de ponta, devido à forte expectativa em torno do investimento no elenco de estrelas como Diego, Everton Ribeiro e Guerrero (fora da final devido à acusação de doping). Até o momento, a equipe colecionou frustrações, como a eliminação na fase de grupos da Copa Libertadores, a campanha abaixo da média no Brasileiro e a perda do título da Copa do Brasil.

Um turbilhão bem parecido com uma final do Rubro-Negro com o Independiente que está na "garganta" da Nação. Era 6 de dezembro de 1995. O Flamengo, que completara 100 anos de fundação, entrava em campo, pressionado, para, na decisão da Supercopa Libertadores "salvar" o ano.

Contratado a peso de ouro, o time perdeu Carioca para o "time de operários do Fluminense", viu o rebaixamento de perto no Brasileiro, e o "Ataque dos Sonhos" formado por Sávio, Romário e Edmundo não funcionou. Além disto, o "Animal" estava de saída e vivia momentos pessoais conturbados, após se envolver em um acidente de carro que causou a morte de três pessoas.

- Embora entre nós, o ambiente fosse bom, a gente sofria cobrança muito grande. o Flamengo investiu muito, e, depois da perda do título para o Fluminense, a responsabilidade ficava maior. Era muita confiança no "Ataque dos Sonhos", e a gente, que era mais novo, também ficava mais tenso - recordou Rodrigo Mendes, ao LANCE!.


Mas, com muita garra, o Rubro-Negro comandado por Washington Rodrigues foi galgando espaços e chegou à decisão contra o Independiente. Com a boa campanha e os ingressos a preço baixo, mais de 100 mil pessoas abarrotaram o Maracanã:

- Nós vínhamos de uma campanha realmente muito boa. Tinham sido seis vitórias até o jogo de ida da final. Contra o Independiente, tomamos um gol aos 50 segundos, eles se fecharam e, em um contra-ataque, fizeram o segundo gol! A gente sabia que ia ser muito difícil - recordou Sávio, ao LANCE!.

O Rubro-Negro entrou em campo com sua postura ofensiva amplificada, Pouco antes de o jogo começar, Washington Rodrigues anunciou que Nélio atuaria fora de sua posição de origem. O objetivo era, ao lado de Marquinhos e Rodrigo Mendes (à época, só Rodrigo), municiar ainda mais Sávio e Romário:

- A ideia do Apolinho (Washington Rodrigues) e do Arthur Bernardes (assistente) era que eu jogasse como ala. A gente jogava com três zagueiros, e o Apolinho queria que eu fizesse o mesmo que em 1992, de ir para frente e voltar para marcar - relembrou o ex-meia, ao LANCE!.

ETAPA INICIAL DE AMPLO DOMÍNIO, E MUITA DIFICULDADE

Lançando-se ao ataque, o Flamengo teve boas chances em finalizações de Cláudio e Djair. Mas, com o passar do tempo, a equipe esbarrou em dificuldades. Com o Independiente fortalecido na marcação, os avanços vinham dos pés de Sávio.

O atacante buscava jogadas individuais mas, à medida que tentava sair da marcação, sofria com seguidas faltas.

- A gente estava muito bem, mas o Independiente era um time muito bom. E é muito difícil de inverter um resultado de 2 a 0 de times argentinos,

Romário, bem marcado, não teve chances claras. Após o empate sem gols se manter nos 45 minutos iniciais, o tempo para buscar o título ficaria ainda mais reduzido.

'CARTADA' DE APOLINHO LEVA A GOL, PRESSÃO... E FRUSTRAÇÃO

Após o intervalo, Washington Rodrigues fez uma mudança: tirou o zagueiro Cláudio e lançou ao atacante Aloísio Chulapa. Era a senha de que o Flamengo tinha de partir para cima de vez:

- Foi essa ordem, de ir para frente, tomando cuidado para não levar gols. Do mesmo jeito que a gente foi em toda nossa campanha. Tinha sido assim que conseguimos ganhar de times fortes como o Vélez Sarsifield e o Nacional-URU, na casa deles e no Rio - afirmou Sávio.

Após jogada com Sávio e Marquinhos, o jovem Rodrigo Mendes obrigou Mondragón a se desdobrar para salvar.

- A gente sabia do nosso poder ofensivo. Tinha o Romário, que era campeão do mundo, o Sávio... Aí, a gente foi com tudo para frente, eram mais de 100 mil pessoas nos empurrando. Foram muitas chances nossas! - relembrou Rodrigo Mendes.

O goleiro colombiano ainda se desdobrou em cabeçada de Aloísio Chulapa. E, após muita pressão, a torcida do Flamengo comemorou aos 17 minutos.

No rebote de tentativa de Aloísio Chulapa, Sávio encheu o pé e Bustos salvou em cima da linha. Na sobra, Romário, fulminante, abriu o marcador: 1 a 0, e o sonho do título da Supercopa Libertadores continuava.

- A bola sobrou para mim, eu chutei com tudo e um cara tirou em cima da linha! O Romário veio quase de fora da área e conseguiu fazer.

Mas, nem tudo foi festa após o gol. Em meio à confusão entre jogadores de Flamengo e Independiente para pegar a bola e reiniciar a partida, Nélio e Domizzi discutiram e foram expulsos:

- Na confusão pela bola, um cara tinha deixado um jogador nosso caído. Eu vinha também quente. Aí, a gente (ele e Domizzi, do Independiente) se desentendeu e nós acabamos expulsos - recordou Nélio.

O Rubro-Negro tentou seguir seu ímpeto, e teve nova chance quando Romário recebeu aos 29. Só que o Baixinho desperdiçou.

- Eles se fecharam ao máximo, não deram quase nenhum chute a gol. Tanto que o melhor deles foi Mondragón! - lamentou Sávio.

O INDEPENDIENTE COMEMORA, E O FLA CELEBRA A SUA LUTA

A equipe seguiu toda na área do Independiente, mas, desordenadamente, não chegou ao segundo gol. Restou sair de campo com a insuficiente vitória por 1 a 0. No apito final, enquanto o "Rey de Copas" celebrava, o Flamengo era "acolhido" por sua torcida:

- Foi um momento de tristeza no Maracanã. A gente sabia que tinha de fazer o melhor possível, e lutou tanto que não saiu vaiado naquela noite. A torcida sabia do nosso esforço! - contou Nélio.

Sávio também disse que a maneira como a Nação "recepcionou" o Rubro-Negro serviu como um alento para a final da Supercopa Libertadores e o ano de 1995.

- A torcida sabia da nossa dedicação, do quanto a gente buscou aquele título. Tanto que nós fomos aplaudidos ao final do jogo, pela maneira como a gente se empenhou. Foi um ano muito maluco, em que perdemos títulos por detalhes, o "gol de barriga" no Carioca, essa partida na Supercopa...

Rodrigo Mendes foi outro jogador que reconheceu que as lembranças do centenário poderiam ser bem diferentes:

- Aquele título ia ser uma redenção não só pelo ano do centenário do clube. O Flamengo não conquistava um título internacional há muito tempo.

EX-ÍDOLOS FAZEM COMPARAÇÕES ENTRE FLA DE 1995 E O FLA DE 2017

Aos olhos dos jogadores que disputaram a final da Supercopa de 1995, o atual Flamengo passa por alguns desafios semelhantes àquela decisão:

- O desafio é jogar com paciência. Em finais como estas, é preciso ter sabedoria, para que o Flamengo saiba jogar da melhor forma e mostrar seu potencial - opinou Nélio.

Sávio diz que esta equipe tem algo em comum com o elenco que entrou em campo em 6 de dezembro de 1995:

- Assim como em 1995, esta final é vista como chance de "salvar o ano". O clube também passou por um forte investimento, e agora tem de honrar isto. Desta vez, o Flamengo tem mais chances, porque precisa inverter um placar menor e não tem o critério de 'gol fora". 

FICHA TÉCNICA

FLAMENGO 1x0 INDEPENDIENTE

Data: 06/12/1995
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Epifanio González

Cartões amarelos: Rodrigo Mendes, Djair (FLA), Domizzi, Claussen, Gustavo López, Mondragón e Mazzoni (IND).

Cartões vermelhos: Nélio (FLA) e Domizzi (IND)

Gol: Romário, 17/2T (1-0)

FLAMENGO: Paulo César; Nélio, Cláudio (Aloísio Chulapa), Ronaldão e Lira; Márcio Costa, Djair, Marquinhos e Rodrigo Mendes (Uéslei); Sávio e Romário. Técnico: Washington Rodrigues

INDEPENDIENTE: Mondragón; Clausen, Rotchen, Bustos e Domizzi; Molina, Serrizuela, Gagña e Gustavo López (Burruchaga); Álvez (Kobiticz) e Mazzoni. Técnico: Miguel Ángel López

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