De resolução de crise Zé Ricardo, técnico interino do Flamengo, entende. O que dizer de assumir um time após uma goleada de 7 a 0 para o Fluminense? Foi assim que ele chegou ao sub-20 da Gávea, galgou degraus importantes, conquistou títulos, entre elas a Copa São Paulo-2016, e a partir desta quinta-feira recebeu a missão de comandar, ainda que interinamente, o time principal do Mais Querido.
Zé Ricardo, de 45 anos, tem uma boa reputação entre quem acompanha o futebol de base. Professor além de técnico, é visto como estudioso da bola e formador de talentos.
- Ele tem uma ótima leitura de jogo, estuda bastante. O trabalho dele é excepcional. Só tenho coisas boas a falar. O Flamengo está dando espaço a um ótimo treinador - contou o ex-auxiliar da Seleção sub-20, Mauricio Copertino, que manteve contato frequentes nos tempos de atuação na base brasileira.
Mas por falar em CBF, o novo interino do Flamengo já deu um "não" à entidade quando foi convidado para assumir, no começo de 2015, a seleção sub-15. Sorte do Fla, que, sob a batuta de Zé Ricardo, viu um organizado time faturar, em uma decisão de pênaltis histórica contra o Corinthians, a Copa São Paulo deste ano.
Zé Ricardo tem o futsal como modalidade "moralizadora". Ele foi jogador e treinador nas quadras e traz muitos dos conceitos para o campo. Mas ele tentou ser jogador, passando pela base de Olaria e São Cristóvão, mas não dando segmento.
Dentro do Flamengo, veio de baixo. Treinou o mirim entre 2005 e 2008. Saiu para trabalhar no Audax. Voltou para assumir o sub-15 (entre 2012 e 2014), pulou para o sub-20 e agora ocupa a lacuna deixada pelo afastamento de Muricy Ramalho e do escanteamento de Jayme de Almeida.
- Zé Ricardo é um técnico prata da casa, e o Flamengo nessas horas difíceis sempre se socorreu com talentos de casa. Jayme estava dirigindo o time como membro da comissão de Muricy. A partir do momento em que ele nos deixou, nada mais natural do que dar uma força ao Zé Ricardo - afirmou Flávio Godinho, vice de futebol do Flamengo.
Zé Ricardo não esconde de ninguém a preferência tática pelo 4-1-4-1, que permite alternâncias e mobilidades durante as partidas sem que haja substituição de peças. Jorge, Léo Duarte, Vizeu... Todos passaram pela mãos de Zé Ricardo.
A oportunidade começou a ser dada. Resta saber se a fama de estudioso, íntimo do conhecimento tático, terá sucesso com o atual grupo do Flamengo. Para quem já mudou o patamar de um time depois de um 7 a 0, nenhum desafio parece ser grande demais.