O presidente Eduardo Bandeira de Mello é o grande derrotado com as saídas de Rodrigo Caetano e Paulo Cesar Carpegiani, dupla demitida na última quinta-feira depois de uma reunião de diretoria na Gávea. A repercussão positiva das declarações do vice, Ricardo Lomba, que classificou a eliminação para o Botafogo como "vergonhosa" e prometeu mudanças "para colocar o Flamengo de volta ao caminho das vitórias", pressionou o presidente, deixando claro a fragilidade de sua posição atual, mesmo com inegável sucesso na gestão financeira do clube. Mais do que Lomba, Caetano era seu homem de confiança no futebol. E, exatamente por isso, foi poupado em outros fiascos rubro-negros como o vexame da Libertadores do ano passado, as campanhas medianas no Brasileirão e os vices na Copa do Brasil e na Sul-Americana. O único título que conquistou, na verdade, desde que chegou à Gávea em 2015, foi o Carioca de 2017. Nada para um clube que comandou investimentos milionários, acertou em algumas escolhas, mas errou na maioria. A instabilidade dos técnicos é um sinal claro do fracasso esportivo dessa gestão: o sucessor de Carpegiani será nada mais nada menos do que o 13º treinador da era Bandeira de Mello.
Esperança no ar
Os erros do presidente rubro-negro no futebol não são recentes. Começaram quando ele decidiu acumular interinamente a vice-presidência, com a prisão de Flávio Godinho, em janeiro do ano passado, por envolvimento nos escândalos da Operação Lava Jato. A tal interinidade durou quase dez meses, até a indicação de Ricardo Lomba, em outubro. Sem um vice de fato, Bandeira deu amplos poderes a Rodrigo Caetano, fez vista grossa a problemas evidentes de gestão, contratações equivocadas e fechou os ouvidos às reclamações de conselheiros aliados e de oposição. A arrogância custou caro, foi um dos fatores a minar o seu prestígio no clube. Não é certo que a tal mudança de rumos que Ricardo Lomba, agora fortalecido, propõe irá de fato recolocar o Flamengo no caminho das vitórias. Mas a nova realidade é, sem dúvida, uma esperança para os rubro-negros. Vale aqui o oposto do dito popular: em time que está perdendo, tem mesmo que se mexer. Mas trocar o técnico é fácil. O duro foi elevar o nível das demissões.
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