Landim comenta riscos: ‘Ninguém pode ficar à frente do Flamengo pensando pequeno’
Presidente do Fla ainda falou sobre a negociação com as famílias dos jovens do Ninho do Urubu e avaliou o trabalho feito em 2019
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O Flamengo teve um 2019 mágico e pode coroar o bom desempenho no Mundial de Clubes, que volta a disputar depois de 38 anos. Porém, os títulos do Campeonato Carioca, Brasileiro e Libertadores só foram possíveis pela ousadia da nova diretoria rubro-negra. Quem diz isso é o presidente Rodolfo Landim, em entrevista à "Fla TV" antes da viagem a Doha, no Qatar.
- Quando terminou a primeira parte da outra gestão, em 2015, algumas pessoas chaves saíram por compromissos políticos não cumpridos. E o resultado que vemos dos outros três anos, quando poderíamos esperar resultados grandes para o Flamengo, não veio. Acho que foram alguns motivos, mas o principal é o estilo de liderança e a capacidade. Os investimentos foram muito mal feitos, salvo algumas exceções. Foram fracassos. Em três anos, o que conseguimos foi um Carioca. Isso nos animou a voltar para o clube. Tínhamos feito um trabalho grande de recuperação nos primeiros três anos e tudo foi deixado de lado. Se continuássemos com o mesmo grupo, isso iria continuar. As pessoas pensavam pequeno. Recebemos um orçamento para investir R$ 108 milhões e vender R$ 80 milhões. Iríamos continuar um competidorzinho para chegar em terceiro ou quarto. Podíamos criar um ciclo virtuoso e teríamos retorno para pagar o investimento. Tinha risco, mas acho que temos que correr riscos. Ninguém pode ficar à frente do Flamengo pensando pequeno.
- Sem fazer loucura, mas acreditando na qualidade de decisão. Ampliamos o investimento, foi quase três vezes maior do que o previsto. Sem cometer loucuras, pois fizemos investimentos a longo prazo. Precisávamos acertar, porque se errássemos teríamos que vender com um preço menor. Todos os jogadores que contratamos foram um sucesso, não erramos absolutamente nada - afirmou.
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Landim ainda detalhou como estão as negociações com as famílias dos dez jovens mortos no incêndio no Ninho do Urubu, no início deste ano. Ele afirma que já fechou acordos com três famílias e negocia com outras seis.
- O ano de 2019, esportivamente falando, foi o mais fabuloso da história do Flamengo. Mas só não foi perfeito pela tragédia no Ninho do Urubu. Entristeceu a todos nós. Foi algo realmente muito triste. Procuramos fazer o melhor possível diante do que tinha acontecido, assistir as famílias ao máximo. Continuamos desde aquele momento. Entendemos o impacto que isso traz. Procuramos buscar a indenização das famílias, algo que é raro na história do Brasil. Conseguimos indenizar todas as crianças que estavam envolvidas e não sofreram nenhum impacto físico, além das três que foram acidentadas. Das dez famílias, chegamos a uma indenização de três e meia. Estamos com negociação aberta com seis. Ainda existe espaço para um acordo, elas ainda não entraram na Justiça. Tem meia família que já entrou contra a nossa vontade, mas na busca de uma reparação desproporcional a tudo indicado pela Justiça. Deixar bem claro que aquilo que o Flamengo propõe é muito superior ao que já foi decidido em situações semelhantes - disse.
A entrevista, dividia em duas partes, tem duras críticas à gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Entre elas, a criação do conselho de futebol para corrigir o que ele considerou fracassos esportivos.
- Se formos ver as decisões tomadas no futebol ao longo dos últimos três anos, apesar de alguns acertos, tivemos muitos erros e desperdício de dinheiro. Chegaram ao nível do absurdo em alguns casos, jogadores com lesões e que não tinham condições de se recuperar, outros por preços altíssimos. Não tinha uma estrutura para dar suporte à tomada de decisão. É da onde sai a maior quantidade de dinheiro do clube. Tem 15 profissionais trabalhando hoje, avaliação de jogadores, dos nossos e potenciais, das lesões e até análise social dos jogadores. Ao invés de ficar a decisão na mão de uma pessoa, ir para um grupo. Esse comitê reporta a mim e eles tem que me convencer de que a contratação ou venda é importante para o Flamengo. Uma vez que isso é tomado, colocamos na mão do Diretor de Futebol, que negocia.
Landim apontou que o aumento de receita do Flamengo passa pelo programa de sócio-torcedor e na boa média de público pagante nas partidas, mesmo durante o Campeonato Carioca. Ele destacou a falta do patrocinador master no início do mandato e a busca por outros parceiros. Por fim, destacou as premiações pelo bom rendimento esportivo. No campo, o presidente afirmou que o elenco deve manter a base e elogiou o técnico Jorge Jesus.
- Os jogadores estão aí. Alguns temos que renovar. O plantel irá permanecer. Já estamos identificando atletas para melhorar isso. Serão investimentos menores e pontuais. O Jorge Jesus foi um marco de ousadia. Queríamos fazer o Flamengo voltar a jogar um futebol bonito, propondo o jogo, o tempo todo para ganhar. Entendemos que atendemos o nível de qualificação na segunda janela do ano. Era hora de dar um salto de qualidade no treinador. Fomos buscar o Jorge Jesus. É minha alma gêmea. É trabalhador, acorda cedo, vai dormir tarde, dorme pouco, é focado, detalhista, odeia perder. Foi uma comunhão de comportamentos. Ele encarou o desafio, entendeu o Flamengo, conhecia a história. Acho que foi uma grande decisão. Ele é um líder, se encaixou perfeitamente.
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