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Mundial de Clubes: Flamengo encara primeiro xodó antes de possível reencontro com Vini Jr

Confronto com Al Hilal pela semifinal põe frente a frente rubro-negros e o atacante Michael

Michael - Al Hilal
imagem cameraMichael reencontra o Flamengo nesta terça-feira (Foto: Reprodução/Instagram Al Hilal)
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Lance!
Tânger (MAR)
Dia 07/02/2023
08:01

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Quis o destino que dois dos jogadores que foram mais acarinhados no Flamengo nos últimos anos reencontrassem o time no caminho, rumo ao maior sonho da torcida. Nesta terça-feira, os rubro-negros encaram Michael na estreia no Mundial de Clubes, na semifinal contra o Al Hilal, da Arábia Saudita, marcada para 16h (de Brasília), no estádio de Tânger. Se passarem, podem se ver frente a Vini Jr na disputa do título do torneio, caso o Real Madrid também avance para a decisão de sábado.

O que vai ser mais difícil vivenciar: a vaia nas arquibancadas para o antigo xodó ou aquele sentimento estranho até para os jogadores profissionais mais comprometidos? Impossível medir emoções, mas é fácil prever as ações.

- Tinha na minha cabeça que poderia enfrentar o Flamengo, mas não tão cedo. Vou jogar, dar minha vida, como sempre fiz. Tenho um carinho muito enorme pela torcida, pelos jogadores, pela diretoria, que me ajudou e me apoiou. Mas aqui também é o pão de cada dia. Do mesmo jeito que eles vão jogar à vera, eu também vou - disse Michael no sábado passado, depois da classificação do Al Hilal para a semifinal.

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Transformar a paixão antiga em motivação para se provar digno de respeito parece mesmo o que move o atleta profissional. Mas o torcedor, o que acha disso? Muitas linhas de pensamento surgem nessas horas. Um dos que têm a sua resposta na ponta da língua é Sérgio Guimarães, de 55 anos, dos primeiros rubro-negros a chegar ao Marrocos, no domingo passado. Ele especula e dá sua palavra para o caso de uma final com o Real Madrid de Vini Jr:

- O Vini é flamenguista, acha que vai para cima? Não vai, tira o pé. Mas não vou vaiar o Vinícius.

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A possível pressão da torcida do Flamengo é uma dificuldade a mais que Michael tem experiência em encarar. Antes de ser contratado pelo clube em 2020, sofreu uma goleada diante da massa rubro-negra no Rio de Janeiro, em 2019.

- Tomei 6 a 1 no Maracanã. Eu sei como é difícil jogar contra o Flamengo. Você tá é doido! - disse o atacante no sábado passado, ao ser questionado se os torcedores marroquinos do Wydad Casablanca teriam sido mais complicados de aturar.

Vini Jr
Vini Jr em ação pelo Real Madrid (PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP)

Cada um com seu cada qual. Resgatando a história mais recente do Flamengo, é possível encontrar casos em que a torcida foi do desgosto profundo ao carinho até morrer, passando também pela indiferença:

De xodó e candidato a sucessor de Zico no meio da década de 1980, Bebeto foi intensamente perseguido pela torcida, com vaias e cantos ofensivos depois que foi para o Vasco, em 1989. A mudança de um rival para o outro pesou muito na reação dos rubro-negros. Até voltou para o Flamengo anos mais tarde, mas a ferida no coração vermelho e preto pareceu não ter cicatrizado nunca.

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Crias da Gávea e xodós no início dos anos 90, Marcelinho e Djalminha foram negociados pelo Flamengo com times paulistas. Mas não eram maltratados pelas arquibancadas rubro-negras enquanto Corinthians e Palmeiras dominavam o cenário nacional na época. O sentimento era muito mais de contrariedade com a diretoria do clube que tinha se desfeito de joias que acabaram brilhando mais com outras camisas.

Renato Augusto pelo Flamengo
Renato Augusto: xodó que o Fla viu em outro rival (Foto: Divulgação/Flamengo)


Dos anos 2000, Obina e Renato Augusto são dois exemplos distintos. Enquanto o centroavante demorou a conquistar de vez a torcida e virar xodó, o volante sempre foi tratado com apreço por ser cria da Gávea. Mas uma volta ao Brasil pelo Corinthians em vez do Flamengo, depois de passagem pelo Bayer Leverkusen, fez muito rubro-negro torcer o nariz para ele. Enquanto isso, o artilheiro é celebrado até hoje, mesmo depois de rodar por Palmeiras, Atlético-MG e Bahia.

Mais recentemente, Rafinha pode ser um bom exemplo de sentimentos confusos. O lateral chegou ao Flamengo no meio de 2019 e conquistou logo a torcida com seu estilo. Mesmo com boa rodagem por outros clubes e aos 34 anos, virou xodó num time cheio de astros. O capacete acolchoado na reta final da gloriosa temporada ajudou a forjar o simbolismo de raça em campo. Mas uma saída para o Olympiacos na temporada seguinte, pouco depois da perda do técnico Jorge Jesus, abalou a relação com os rubro-negros. A volta em 2021 para o Grêmio, mesmo que não tenha total responsabilidade sobre a escolha do time na transferência da Grécia para o Brasil, e depois a ida para o São Paulo deixou até o ex-companheiro Filipe Luís contrariado.

O que o futuro reserva a Michael, Vini Jr e Flamengo no Mundial de Clubes?

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