Mais um vexame. O segundo em sequência (Cuiabá e Olimpia). O quinto fracasso do Flamengo em 2023. É praticamente impossível descrever esse Olimpia 3 a 1 de outra forma que não seja: vergonha. Um Fla displicente, passivo, que escancara os erros que são apontados desde a saída de Jorge Jesus. Falta gestão e reformulação completa.
Um compilado de falhas estruturais e individuais ligam novamente o alerta (que jamais deveria ter sido apagado) sobre a urgência na mudança completa de postura no Flamengo. O atual campeão da Copa Libertadores é eliminado de forma precoce do torneio para um adversário tecnicamente muito mais fraco, mas que tinha o diferencial para buscar a classificação: vontade.
O Flamengo escalado para enfrentar o Olimpia não teve nada, muito menos vontade. E digo escalado porque, hoje, é impossível dizer 'time que entrou em campo', visto que os jogadores aparentemente nem queriam estar no Defensores Del Chaco.
Vou aproveitar para recordar a crônica do último jogo, contra o Cuiabá, onde eu disse que era 'balela' cair no velho conto do 'jogadores priorizam competições'. Se o Flamengo realmente escolhesse em quais partidas atuar, será que o vexame teria sido tão grande em um mata-mata de Copa Libertadores, com uma eliminação precoce?
+ Flamengo dá vexame, perde de virada para o Olimpia e é eliminado da Copa Libertadores
Não existe priorização por campeonatos, porque mal existe um trabalho conciso. O Flamengo não tem padrão, não tem estrutura sólida, não tem nada. E contra o Olimpia, não houve sequer tentativa de reação. O que se via em campo era um time apático, passivo, indiferente. A eliminação é doída? Sim. E seria de qualquer jeito. Mas a forma como foi potencializa em 200% o sentimento de vergonha.
São quatro meses de Jorge Sampaoli, foi a 30ª escalação diferente em 30 jogos. O trabalho? Fraco. O desempenho? Pífio em sua maioria, visto que é possível contar nos dedos as boas atuações. Os erros? Nítidos. Sempre os mesmos. Pedra cantada. É preciso reestruturar por completo, em necessidade apontada pela torcida há três temporadas e sete técnicos.
Além das críticas ao fraco trabalho de Jorge Sampaoli, que não demonstra evolução, ao contrário, parece estagnado em ser um eterno coadjuvante - com atuações vexatórias por uma péssima leitura de jogo e o apego sem fim a convicções inexplicáveis. O DNA do treinador e sua comissão é incompatível com o do Flamengo, assim como eram os de Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vitor Pereira. Basta entender o que liga os trabalhos citados e xeque-mate: aí está, às claras, a ponta do iceberg caótico rubro-negro.
Até aqui, o Flamengo teve mais sorte do que juízo, e viu o seu individual se sobressair ao coletivo e garantir os resultados. Mas, o acaso acabou. Personagens marcantes não foram capazes de decidir, e mais uma pergunta volta à tona: até quando o Rubro-Negro, que fatura R$ 1 bilhão por ano, vai depender de lampejos de jogadores específicos para buscar 'a glória de lutar' que a torcida deseja?
O trabalho de Jorge Sampaoli ganha mais um capítulo frustrado e doloroso. O Flamengo é institucionalmente guiado por uma bússola quebrada e, esportivamente, um navio prestes a naufragar. Fica a mínima esperança - que sempre vai se fazer presente no coração do torcedor - em salvar a temporada com a Copa do Brasil. Ao mesmo tempo, fica o questionamento: será que vai haver tempo hábil para juntar os cacos, dar a volta por cima e chegar ao título nacional? Espero que a resposta não seja tão desanimadora quanto o atual cenário.