OPINIÃO: torcida do Flamengo mostra mais uma vez que vai além do preço de um ingresso
Rubro-negros lotaram o Centro do Rio em mais uma prova de amor ao Rubro-Negro carioca
Um domingo de sol como os cariocas gostam. Some a isso uma comemoração da torcida do Flamengo pelo título da Copa do Brasil e da Libertadores em 2022. A Avenida Antônio Carlos, no Centro do Rio de Janeiro, virou uma apoteose fora de época. O que se viu foi uma festa similar a de 2019, com um carro alegórico desfilando com os heróis do tri em meio a uma loucura em vermelho e preto.
O que mais chamou atenção foi o perfil do torcedor. Quem tem o hábito de conviver nas arquibancadas do Maracanã sentiu um outro clima. Os cânticos e o ambiente vivido ao longo da festa mais pareciam o Maracanã de outros tempos, e não o atual, por vezes frio e não identificado com a história do clube da Gávea com o mítico estádio.
Para qualquer lado que você olhava se via um torcedor mais humilde, talvez aquele não tão mais habituado ao estádio onde o clube manda seus jogos. Em termos comparativos, um ingresso para o setor norte (o mais popular entre a torcida do Flamengo) custava R$70 (inteita) no jogo contra o Avaí, pelo Campeonato Brasileiro. O valor do sócio-torcedor por mês? O mais caro a R$321 ... o mais barato a R$58. Totalmente fora do padrão da maior torcida do Brasil, em sua maioria formada pela camada mais popular, segundo dados do O Globo/Ipec, divulgados em julho deste ano. Viver o amor pelo seu clube não teve preço neste domingo. O rubro-negro pode sentir tal relação o mais de perto possível. De graça.
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A pergunta que fica é: mais vale você encher um estádio com valores acima da média e com um público que não é aquele habituado a arquibancada ou cobrar um preço acessível aos seus torcedores tradicionais, que cantam o tempo todo e fazem de seu estádio um caldeirão? Uma matemática que cabe aos dirigentes.
A festa deste domingo foi linda (exceto pelas cenas de violência ocorridas no fim), assim como ver a diversidade da torcida. Sei que os clubes têm uma conta a fechar, mas será que vale a pena abrir mão do seu torcedor mais tradicional e cobrar um preço exacerbado tanto de ingresso quanto de sócio-torcedor? Tudo pela matemática? Não sou especialista em marketing ou finanças, mas ver a beleza e alegria do torcedor tradicional nas ruas me faz crer que há espaço para todos. E eles merecem.
Dito isto, a vocês, dirigentes, independente de camisa, valorizem seus torcedores, seja qual for a condição financeira. São eles que fazem valer a paixão por esse esporte. Na hora da dor ou da alegria, são eles que estarão lá para mostrar o quanto a camisa que amam faz a diferença. A torcida é o maior bem que um clube pode ter.