O fim do jogo deste sábado entre Flamengo e Liverpool, pela decisão do Mundial de Clubes, no Qatar, também marcará o ponto final na saga de Carlos Egler. Este flamenguista fanático de 49 anos e com residência fixa em Brasília, poderá completar o seu livro sobre o ano do Rubro-Negro.
- Acompanhei todos os jogos da Libertadores, uns 80 por cento das partidas do time no Brasileiro e agora estou em Doha para o grand finale do meu livro – disse Carlão, acompanhado pelo pai, Paulo Roberto, numa visita ao Museu Islâmico um dos cartões-postais da cidade.
A ideia do livro surgiu no início do ano e ganhou corpo num jogo da Copa Libertadores, o 0 a 0 com o Peñarol, que classificou o time para as oitavas de final.
- Fui com o meu pai a Montevidéu, para aquela partida de vida ou morte, pois a derrota significava a eliminação. O clima já era quente, por causa da briga dos torcedores dos dois times no jogo de ida, no Rio de Janeiro. Não consegui ingresso para ficar no local da torcida rubro-negra e falei pro meu velho: vamos descaracterizados ver o jogo no meio da torcida deles, no sapatinho. Me comportei até o juiz apitar o fim da partida, aquele 0 a 0 que nos classificou. Aí eu não aguentei e explodi de alegria no meio deles, fazendo um vídeo que viralizou entre os rubro-negros. Depois daquilo falei com meu pai: se o Flamengo seguir com sucesso, farei um livro com as minhas histórias.
O livro foi ganhando corpo, e Egler protagonizou momentos de repercussão na torcida. Um deles a tensão em Guayaquil, no Equador, quando o Flamengo perdeu por 2 a 0 para o Emelec, na ida das oitavas. Ele filmou o grupo de torcedores que foi ao hotel pressionar os jogadores.
- Foi a partir dali que a torcida, que sempre teve liberdade para se aproximar dos jogadores, passou a sofrer restrições para entrar nos hotéis em viagem.
A final da Libertadores mereceu um capítulo especial. Egler já tinha comprado a passagem para Santiago, sede da final com o River Plate. Mas os protestos no Chile fizeram a partida ser transferida para Lima e Egler teve de se virar.
- Fiz o mais óbvio e nada barato. Fui até o Chile e de lá peguei voo para a capital do Peru. Cheguei até a fazer um vídeo sobre as confusões no Chile.
Esta e outra histórias estarão nas páginas do livro, ainda sem título definido e à espera de um final feliz no epílogo. Mas o que está certo é o destino da renda dos primeiros exemplares, assim que ele assinar com a editora (está em tratativas) irá aos familiares das 14 vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro.
- Será assim. Quem comprar o livro escolherá o nome de uma das vítimas e a editora irá fazer a transferência. Somente a partir da venda do livro 5.001 é que passarei a ter os royalties – disse Egler, que pode morar em Brasilia, mas que neste ano de 2019, para fazer o livro do Mengo, tornou-se cidadão do mundo.