Arão ou três meias? Jesus chega ao Rio e tem dilema para resolver
Treinador desembarcou no Rio de Janeiro em definitivo nesta segunda-feira. O primeiro contato do técnico com o elenco, em recesso, será na quinta
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Agora é para valer. Jorge Jesus desembarcou no Rio de Janeiro nesta segunda-feira para ficar em definitivo. Com ele, chegaram os auxiliares João de Deus, Tiago Oliveira e o analista Rodrigo Araújo, recepcionados por funcionários do Flamengo. Os preparadores Mário Monteiro e Márcio Sampaio, o analista Gil Henriques e o coaching brasileiro Evandro Mota chegam nesta terça.
Nos próximos dias, está marcada uma reunião com dirigentes do clube para discutir assuntos internos e de mercado. Com o elenco, o primeiro contato será na quinta-feira. Os jogadores curtem o dia de folga, durante a pausa para a Copa América.
Publicamente, o treinador já declarou que vai indicar a contratação de três ex-pupilos: o zagueiro Jardel, o lateral-esquerdo Fábio Coentrão e o atacante Jonas. Todos trabalharam com ele no futebol português. Nos bastidores, a garantia é de que Jesus propôs como prioridade as vindas de um zagueiro e um atacante. Se já captou os problemas técnicos, resta agora colocar em prática o que fará para corrigi-los taticamente.
E aí mora uma das grandes expectativas do torcedor rubro-negro: como o "novo" Flamengo irá jogar? Em qual esquema será montado? No imaginário da torcida, muitas escalações têm sido feitas. Historicamente, Jorge Jesus dá preferência ao 4-3-1-2, mas, logicamente, já utilizou outros sistemas. Em matéria que foi ao ar no domingo, o LANCE! dissecou as escalações de Abel Braga e Marcelo Salles na atual temporada. Arrascaeta, Diego e Everton Ribeiro, trio que, na teoria, teria mais chance na tática preferida do lusitano, só atuaram juntos por 233 minutos, espalhados por cinco jogos. Destes, só em três foi como titular. Em todos, ao menos um deles foi substituído.
- Acho possível esse encaixe. E acho que em alguns jogos, caso ele implante, de fato, o esquema 4-1-3-2, os três (Arrascaeta, Diego e Everton Ribeiro) serão escalados sim, em especial nos jogos no Maracanã, contra adversários fechados. O Jesus já utilizou inclusive um atacante nessa linha de meias. Até por isso, eu não me surpreenderia se o Vitinho, por exemplo, fosse recuado para jogar por trás dos dois atacantes - explica o analista tático Rodrigo Coutinho, do Yahoo e do site Footure, que vê William Arão perdendo espaço sob essa premissa, mas lembra que o português é adepto de variações:
- O Jesus não costuma botar um volante mais à frente. Então, partindo como base que o Flamengo irá atuar no 4-1-3-2, o Arão perde espaço no time. Mas ele já montou times em vários esquemas. O último Sporting dele foi no 4-4-2. Aí, por exemplo, o Arão ganharia espaços. Só acho que, se um adversário tiver características mais defensivas, o Jesus não hesitará em colocar três jogadores mais ofensivos - afirma.
O dilema envolvendo William Arão fica ainda mais evidente após as declarações de Marcelo Salles de que o segredo da solidez durante seu período veio através do recuo do jogador, posicionando-o ao lado do primeiro volante (Cuéllar e depois Piris da Motta). De fato, o Flamengo não sofreu gols nos quatro jogos com o interino.
- O Flamengo tinha dificuldades para ter compactação defensiva. Com Arão isso veio. Antes, alinhava com o outro meia (às vezes Diego, outras Arrascaeta e em alguns casos até mesmo Everton Ribeiro) e deixava o volante à frente da defesa mais exposto, com o time espaçado. Com o Arão recuado, a proteção à área fica melhor, por mais que ele não seja um jogador que tenha na marcação sua principal característica. O Flamengo ficou mais seguro - salienta o analista.
Nas estatísticas, as diferenças na retaguarda não apareceram tanto do ciclo de Abel ao de Salles. Em seis jogos no Brasileirão com Abel, a média de finalizações sofridas foram de 12,8 por jogo. Só em uma partida o adversário finalizou menos de dez vezes, na estreia contra o Cruzeiro, que concluiu à meta de Diego Alves duas vezes. Com Marcelo Salles, a média foi de 12. No geral, o Flamengo é o quarto time que mais cede oportunidades de chutes ao adversário, com 12,9 de média. Apenas Botafogo, CSA e Atlético-MG concedem mais. Os ajustes defensivos terão que ser ainda mais radicais com Jesus.
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