O presidente Pedro Abad convocará uma Assembléia Geral para a mudança de estatuto no Fluminense, abrindo espaço, desta forma, para antecipar as eleições em março de 2019. Em entrevista coletiva após a sessão que votaria o impeachment, o mandatário falou que vai adiantar as eleições presidenciáveis no clube das Laranjeiras.
- Entendo que os torcedores e muitos sócios estão insatisfeitos. E volto a dizer, ninguém é mais importante que a instituição e por isso que, após essa reunião, que não foi aberta à votação, quero dizer que eu quero devolver o poder de decidir quem vai ocupar essa cadeira (de presidente) a quem efetivamente detém a chance de escolher, que é a Assembleia Geral e os sócios. No dia 26 de dezembro, vou convocar pessoas importantes dentro do clube, representantes dos Esportes Olímpicos, do núcleo social, da Flusócio, até mesmo da oposição, para que possamos fazer uma alteração de estatuto para anteciparmos as eleições no Fluminense - afirmou.
- Vou formatar a possibilidade de novas eleições no menor prazo possível. Quero uma forma segura e de consenso para que possamos organizar novas eleições no início de 2019, o mais rápido possível. O Fluminense precisa de paz. Eu não tenho apego ao cargo. Mais importante do que eu é a paz na instituição, a calma - completou.
Abad foi duramente ameaçado por torcedores, principalmente nos últimos meses. O mandatário afirmou que tem condições de continuar, mas considera que o clima não é favorável. Ele descartou que o motivo seja medo e disse preza pelo melhor para o clube. A Flusócio, inclusive, já admitia a saída. Haverá uma conversa com os possíveis candidatos a presidente para definir os termos da mudança do estatuto e da eleição. Ainda não está definido uma data ou o tempo de mandato.
- Não pode ser entendido como uma renúncia, de forma alguma. Quem vai decidir é o sócio do Fluminense. Nem os conselheiros tem essa legitimidade. Quem tem são os sócios. A partir de agora vou formatar as novas eleições e convocar todos que querem ser candidatos. Quanto mais rápido melhor. O Fluminense precisa de paz - afirmou.
Apesar das duras críticas que convive desde que assumiu o cargo de presidente do Fluminense, Pedro Abad afirma que não tem medo dos torcedores, e que a decisão não está relacionada com a condição de presidir ou não o clube, e sim de obter paz entre a instituição e os torcedores.
- Ainda que me considere em condições, entendo que o Fluminense precisa de paz. A torcida precisa ir até o estádio, as reuniões do conselho tem que acontecer sem problemas. A decisão está zero conectada com capacidade de comandar o clube. Não tenho medo, as pessoas me xingam, mas não arrego para criminoso. O mal não vence o bem. Acho que temos que ter um novo presidente para ver um novo cenário - completou.
Confira outros trechos da coletiva de Pedro Abad
Desempenho do Fluminense dentro de campo:
- Satisfeito com os resultados esportivos e a forma na qual o clube vem desenvolvendo as atividades e até mesmo a condução administrativa ou financeira, precisamos entender o contexto que o clube vem vivendo nos últimos dois anos. Eu peguei o clube e, no dia 23 de dezembro de 2016, eu descobri que tinha um fluxo de caixa quebrado em 153 milhões de reais. O Fluminense tinha 153 milhões a menos do que precisava pagar.
Situação financeira:
- É uma situação dramática, e muita gente pensava que o Fluminense não chegaria ao meio do ano. Levamos o clube à frente, fizemos um futebol competitivo em 2017, no primeiro semestre (de 2018) e caímos no segundo, o que é normal em um elenco que tem poucas opções. Em 2018, ainda com restrições maiores, sofremos uma penhora de mais de 33 milhões de reais, por questões fiscais, que não ocorreram na minha gestão, e a falta de venda de ativos no meio do ano, o que deixou de trazer 45 milhões (de reais) para nossos cofres.
Campanhas nos principais torneios:
- Perdemos 78 milhões no calendário de 2018 para fazer o clube. É clara a dramaticidade da situação quando se enfrenta um cenário financeiro como esse. Mas nós fizemos futebol e a melhor colocação do time no Campeonato Brasileiro desde que a Unimed saiu, além da semifinal da Copa Sul-Americana, a melhor campanha em um campeonato sul-americano, tirando as finais de 2008 e 2009.
Balanço do time:
- Revelamos diversos jogadores, Wendel, Ibañez, Douglas. O Fluminense está muito vivo, é importante que se diga isso. Temos sub-17 que encanta o país e que vai jogar para ser campeão da Copa do Brasil. Temos resultados positivos. Os esportes olímpicos ganharam como nunca haviam, diversas medalhas. A sede sofreu com dificuldade de manutenção e pela situação financeira, e, mesmo assim, os funcionários se comprometeram e estiveram comigo o tempo todo. Não abriram mão de fazer o Fluminense como sempre fizeram.
Flusócio e vaias da torcida:
- Sou sócio do Fluminense há onze anos, e sempre quis trazer os torcedores pra dentro do clube. Sou parte de um grupo que tenho orgulho, a Flusócio, que hoje é xingada por pessoas que não conhecem a história do clube. A gente trouxe o torcedor para votar em 2012, com o sócio futebol. Sou uma pessoa democrática, que quer o torcedor decidindo os destinos da instituição sempre. Sempre fui aos jogos e sempre fui xingado, mas nunca reclamei de torcida. Muito pelo contrário, sempre pedi apoio ao time, nunca a mim.