Análise: Fluminense reafirma força em clássicos, mas se atenta de novo para perigos de jogar com vantagem

Tricolor teve mudanças com a nova formação, mas precisa vencer o fantasma de sair na frente no jogo de ida para acabar com o jejum de títulos

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A torcida do Fluminense costuma cantar que "ganhar Fla-Flu é normal". É claro que ainda haverá um outro duelo no próximo sábado, mas o primeiro jogo da decisão do Campeonato Carioca no Maracanã mostrou, pelo menos, que o Tricolor aprendeu a enfrentar seu maior rival. Na final mais aberta dos últimos anos, o time de Abel Braga abandonou qualquer análise tática para ser guiado, mais uma vez, pela emoção do gol no fim ao bater o Flamengo por 2 a 0. Neste caso, dois gols, ambos de Germán Cano, que traduz bem a essência desse Flu.

Não é novidade que a estratégia do Fluminense contra o dito poderoso Flamengo é atuar no contra-ataque. E não há nada de errado nisso. Com várias novidades no time titular, como o goleiro Fábio, além de Felipe Melo de volta, Yago Felipe, Paulo Henrique Ganso e Willian Bigode, o Tricolor mostrou nova dificuldade para criar as jogadas. Mas foi na raça e na qualidade do atacante oportunista que a noite se desenhou parecida com tantas outras recentes, inclusive no encontro da Taça Guanabara.

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É claro que dois jogos com gols no fim dão ao torcedor uma sensação de que o Flu com espírito mais guerreiro está em algum lugar desse time que acabou mostrando uma queda de ânimo nos últimos tempos. E, de fato, para vencer clássicos e finais não basta jogar bem, é preciso lutar e saber decidir, mesmo que o talento não prevaleça. Aconteceu em pelo menos quatro das últimas vitórias e é o caminho ideal para um clube que investiu mais, mas ainda é tecnicamente inferior.

Mas agora vem a desconfiança com a vantagem construída. Qualquer time ficaria feliz de fazer 2 a 0 sobre o rival na final, mas o Fluminense tem traumas ainda muito recentes e precisará mostrar que é capaz de atuar com essa liderança no placar. Diferentemente do que fez contra Olimpia (PAR) e Botafogo, é essencial que o time não "sente" nos dois gols já marcados para apenas esperar o Flamengo atacar. Esse modelo de atuação custou caro no Paraguai e quase impediu o sonho do título estadual.

As boas notícias desse Fluminense são o goleiro Fábio, que vai vender caro a disputa com Marcos Felipe pela titularidade e mostra que o embate será em alto nível. Além dele, destaques também para o zagueiro Manoel, o meia Paulo Henrique Ganso e, claro, o atacante Germán Cano. Dentre tantos erros e problemas desde fevereiro, o centroavante foi o acerto quase sem querer do Tricolor após a lesão de Fred que se mostra cada vez mais importante.

Antes de a bola rolar, esta já era a final mais aberta dos últimos três anos. Depois da vantagem, isso se confirma ainda mais e o cenário começa a ser favorável para o Fluminense, que chegou à decisão em cacos depois dos gritos de "time sem vergonha" na derrota para o Botafogo. Desta vez, o grupo saiu aplaudido e sob o canto de "time de guerreiros".

Fluminense e Flamengo voltam a se enfrentar no próximo sábado, às 18h, novamente no Maracanã, para o jogo de volta do Campeonato Carioca. O Tricolor pode perder por até um gol de diferença. Igualdade no saldo de gols leva a decisão para os pênaltis.

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